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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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TÊNIS

Performance de brasileiro faz torneio mudar de piso

Favela Open segue trilha de Guga, deixa o "saibro" e vai para o asfalto

Jefferson Coppola/Folha Imagem
Garoto treina em "quadra" do Favela Open, que acontece hoje


FERNANDO ITOKAZU
DA REPORTAGEM LOCAL

Novamente no embalo de Gustavo Kuerten, o já tradicional Favela Open vai mudar.
Disputado por garotos carentes pela primeira vez em 1995, o torneio ganhou força em 1997, quando Guga conquistou o título de Roland Garros pela primeira vez.
"A molecada perguntava por que ele jogava no barro. Resolvi montar as quadras em um campo de futebol terra", conta Jorge Nascimento, professor de tênis e organizador do evento, que ficou conhecido como Rolanga Brejo.
Em 2003, porém, o melhor tenista do país não repetiu o bom desempenho na terra batida. Seus dois títulos no ano foram obtidos em Auckland (quadra dura) e em São Petersburgo (carpete).
Nascimento decidiu, então, levar os jogos para o asfalto e montou as quadras no meio de uma rua da favela do Mutirão, em Capão Redondo, periferia de São Paulo, onde hoje, a partir das 6h, acontece a edição 2003 do torneio.
A mudança de piso não é a única novidade neste ano. São esperados 450 garotos, de 10 a 18 anos, vindos de dez favelas diferentes.
A idéia de Nascimento, que morou no Capão Redondo e foi pegador de bola antes de tentar a carreira de tenista profissional na Europa, era fazer um torneio em cada comunidade e depois reunir os campeões para um "Masters".
"Mas os traficantes dos lugares não deixaram que um cara vindo de fora organizasse um evento na área deles", disse Nascimento, que realiza o torneio no final do ano por "questões estratégicas".
Ele conta que fica mais fácil obter contribuições de seus alunos -para o material e a premiação. "Com o Natal perto, é mais fácil pegar os caras de coração mole."
Para os tenistas, o torneio representa uma chance de ascensão.
O campeão de 2002, Leandro Oliveira da Cruz, 16, jogava tênis na rua com material emprestado por Nascimento. Hoje, treina e joga por uma academia na Vila Olímpia, onde trabalha como catador de bola. "Com os R$ 400 que ganho, ajudo em casa."
O vencedor deste ano ganhará uma semana de treinos na academia onde Flávio Saretta, número dois do Brasil e que estará presente à cerimônia de premiação, faz sua preparação para 2004.


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