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São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2003

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MOTOR

Capítulo 11

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

O título saiu da legislação americana. Quando uma empresa entra em concordata, precisa cumprir as obrigações do tal capítulo 11. A Cart, entidade que dirige a Indy ou Champ Car Series, como é denominada nos EUA, entrou com o pedido na Justiça para viabilizar a venda de seu negócio para outro grupo.
Poderia ser pior. Havia rumores de que poderosos da IRL, como Tony George e Roger Penske, planejavam comprar a categoria para simplesmente encerrá-la. Donos de equipe e envolvidos, Gerry Forsythe, Paul Gentilozzi and Kevin Kalkhoven fizeram uma oferta e passaram seis meses correndo esse e outros riscos. Levaram. Mas exatamente o quê levaram?
Um campeonato quase falido, que pagou para aparecer na TV aberta americana, que acumulou perdas de US$ 80 milhões a US$ 100 milhões no último ano, sem patrocinador principal, sem patrocínio financeiro, sem grandes equipes, sem grandes estrelas. Em poucas palavras, um mico.
Poderia ser ainda pior. Alguns papagaios da Cart, principalmente com promotores de corridas, continuarão sendo problema da Cart, ou do gestor da massa falida. Como explicou um dos novos donos, é como se tivessem comprado a série e desprezado o resto.
Entenda por série um punhado de times, um número não confirmado de 18 carros, os acordos de fornecimento com Cosworth e Bridgestone e um calendário cheio de buracos. Parece pouco, mas é o que a OWRS ou Open Wheel Racing Series promete transformar em pouco tempo no principal campeonato de monopostos da América. Plano megalômano, mas que começa com algumas idéias interessantes.
A principal, transformar o fim-de-semana de corrida em um verdadeiro "racing day". Além da futura Indy, Trans-Am, também comprada pelo grupo, Atlantic e a novíssima a F-BMW local. Ou seja, um cardápio completo: monoposto, GT e molecada.
Objetivo claro, atender a todos os gostos, fazer valer o ingresso, mas principalmente aproximar novas marcas para a categoria, o que deve acontecer, se acontecer, só em 2005 -os novos donos sabem que a coisa degringolou no momento que Toyota e Honda se bandearam para a rival IRL.
Outra mudança curiosa: apenas 16 corridas, abertura em Long Beach, uma corrida nas ruas de Las Vegas (bancada por cassino) e apenas um grande evento em oval, Milwaukee (Fontana e Miami já estão fora). Mais, três corridas no Canadá, duas no México, uma na Austrália e outra na Coréia, quase metade do calendário -por dinheiro, por interesse de patrocinadores e por público.
Aqui também um conceito diferente para o negócio. Ovais são historicamente terreno da Nascar, monopostos devem correr em circuito de ruas e de estrada, para atender outro tipo de torcedor e ao mercado internacional, adestrado pela F-1. Ou seja, se afastar da receita da IRL, que seria deficitária se não existissem as 500.
Completam o plano um modesto acordo com uma TV a cabo e corridas em horário de corrida.
É cedo para dizer que vai dar certo, e tarde para dizer que não.

No papel
A GPWC e a Slec (75% bancos, 25% Bernie Ecclestone) formalizaram o acordo anunciado há alguns dias. As montadoras, além de garantir uma fatia bem maior no bolo da F-1, terão assento no conselho da holding, os bancos continuarão acionistas majoritários, e Ecclestone continuará no comando da operação. Acabou a novela? Uma quarta parte ainda precisa anuir, a FIA, que ainda não sabe o que vai levar.


No discurso
No início da semana, Montezemolo criticou o sistema de pontuação. No final da semana, Ross Brawn criticou Patrick Head pelas insinuações de que a FIA favorece o time mais popular da categoria. Quando a Ferrari começa a usar os microfones de forma sistemática, é porque algo incomoda, geralmente alguém fora do alvo. Quem? A McLaren.

E-mail mariante@uol.com.br


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