São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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Clubes se apóiam em nova lei para aparelhar futebol

Só neste ano, pelo menos 13 obras de ampliação e reforma já foram viabilizadas

Originalmente, legislação de incentivo previa ajuda às categorias de base, mas até capela flamenguista ganha chancela do governo federal

GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Clubes brasileiros que têm no futebol seu carro-chefe estão usando a lei de incentivo ao esporte, que permite a pessoas físicas e jurídicas investir em projetos esportivos e ter o valor deduzido do Imposto de Renda, para reformar e ampliar a estrutura de seus departamentos da modalidade.
Regulamentada em 2007, a lei, que visa promover inclusão social e desenvolver as categorias de base, pode estar sendo utilizada para alavancar projetos desenhados para futebolistas profissionais.
Neste ano, a comissão que aprova e determina os valores que poderão ser captados por cada proposta pleiteada já aprovou ao menos 13 projetos ligados a clubes de futebol.
Em 2007, quando a comissão começou a atuar e aprovou 21 projetos, São Paulo e Atlético-MG foram os primeiros a verem seus pleitos atendidos.
Dos R$ 50.920.591,16 captados por 17 projetos no ano passado, R$ 17.826.346,22 (o equivalente a 35% do montante total) ficaram com os clubes paulista e de Belo Horizonte.
O São Paulo emplacou até obras de "arruamento e estacionamento" que foram bancadas por sete empresas.
"Se fosse um estacionamento em um shopping, não passaria, mas um ginásio ou um clube, por exemplo, não podem existir sem estacionamento", afirma Alcino Reis, presidente da comissão da lei de incentivo.
Neste ano, foi a vez de o Flamengo seguir o exemplo e tentar construir até uma capela a partir da lei de incentivo.
Na lista de projetos aprovados e à espera de publicação enviada pelo ministério nesta semana à Folha, a capela era um dos itens que compunham o projeto Nação Rubro-Negra, o qual visa ainda a construção de uma tribuna de campo para o centro de treinamento de Vargem Grande.
Procurado pela reportagem, o ministério negou a aprovação da capela, embora confirme seu aval ao projeto que a incluía. "Se consta isso em algum lugar, é um erro. E eu vou checar, pois já foi retirada [a capela] no dia em que avaliamos o projeto", afirmou Reis, depois de ser indagado pela Folha.
O Nação Rubro-Negra, aliás, é apenas a ponta de uma proposta ambiciosa do Flamengo, que dividiu a planta do centro do treinamento de Vargem Grande em quatro partes que somam mais de R$ 24 milhões.
De acordo com o diretor-executivo da empresa responsável pela adequação do projeto às exigências do Ministério do Esporte, Carlos Eduardo Caruso, a divisão em partes visa facilitar a arrecadação de verba para pôr o plano em ação.
"Como o ministério só permite o início das construções quando temos porcentagem significativa do valor total da obra, avaliamos que teríamos mais liberdade para construir se separássemos as estruturas", explicou Caruso.
Até o momento, de todos os projetos aprovados e publicados pelo ministério, apenas um, pleiteado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em 2007, teve cifras maiores do que o do clube carioca.
O COB teve autorização para captar mais de R$ 25 milhões, via Petrobras, visando a preparação de esportistas do país para a Olimpíada de Pequim.
Neste ano, além do Flamengo, pelo menos outros seis clubes poderão se beneficiar da lei: Cruzeiro, Santos, América-MG, Grêmio, Ponte Preta e, novamente, o São Paulo. O clube do Morumbi já teve, em 2008, R$ 9.591.074,55 aprovados.

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