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vale tudo
Clubes se apóiam em nova lei para aparelhar futebol
Só neste ano, pelo menos 13 obras de ampliação e reforma já foram viabilizadas
Originalmente, legislação de incentivo previa ajuda às categorias de base, mas até capela flamenguista ganha chancela do governo federal
GIULLIANA BIANCONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Clubes brasileiros que têm
no futebol seu carro-chefe estão usando a lei de incentivo ao
esporte, que permite a pessoas
físicas e jurídicas investir em
projetos esportivos e ter o valor
deduzido do Imposto de Renda,
para reformar e ampliar a estrutura de seus departamentos
da modalidade.
Regulamentada em 2007, a
lei, que visa promover inclusão
social e desenvolver as categorias de base, pode estar sendo
utilizada para alavancar projetos desenhados para futebolistas profissionais.
Neste ano, a comissão que
aprova e determina os valores
que poderão ser captados por
cada proposta pleiteada já
aprovou ao menos 13 projetos
ligados a clubes de futebol.
Em 2007, quando a comissão
começou a atuar e aprovou 21
projetos, São Paulo e Atlético-MG foram os primeiros a verem seus pleitos atendidos.
Dos R$ 50.920.591,16 captados por 17 projetos no ano passado, R$ 17.826.346,22 (o equivalente a 35% do montante total) ficaram com os clubes paulista e de Belo Horizonte.
O São Paulo emplacou até
obras de "arruamento e estacionamento" que foram bancadas por sete empresas.
"Se fosse um estacionamento
em um shopping, não passaria,
mas um ginásio ou um clube,
por exemplo, não podem existir
sem estacionamento", afirma
Alcino Reis, presidente da comissão da lei de incentivo.
Neste ano, foi a vez de o Flamengo seguir o exemplo e tentar construir até uma capela a
partir da lei de incentivo.
Na lista de projetos aprovados e à espera de publicação enviada pelo ministério nesta semana à Folha, a capela era um
dos itens que compunham o
projeto Nação Rubro-Negra, o
qual visa ainda a construção de
uma tribuna de campo para o
centro de treinamento de Vargem Grande.
Procurado pela reportagem,
o ministério negou a aprovação
da capela, embora confirme
seu aval ao projeto que a incluía. "Se consta isso em algum
lugar, é um erro. E eu vou checar, pois já foi retirada [a capela] no dia em que avaliamos o
projeto", afirmou Reis, depois
de ser indagado pela Folha.
O Nação Rubro-Negra, aliás,
é apenas a ponta de uma proposta ambiciosa do Flamengo,
que dividiu a planta do centro
do treinamento de Vargem
Grande em quatro partes que
somam mais de R$ 24 milhões.
De acordo com o diretor-executivo da empresa responsável pela adequação do projeto às exigências do Ministério
do Esporte, Carlos Eduardo
Caruso, a divisão em partes visa facilitar a arrecadação de
verba para pôr o plano em ação.
"Como o ministério só permite o início das construções
quando temos porcentagem
significativa do valor total da
obra, avaliamos que teríamos
mais liberdade para construir
se separássemos as estruturas", explicou Caruso.
Até o momento, de todos os
projetos aprovados e publicados pelo ministério, apenas
um, pleiteado pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro) em
2007, teve cifras maiores do
que o do clube carioca.
O COB teve autorização para
captar mais de R$ 25 milhões,
via Petrobras, visando a preparação de esportistas do país para a Olimpíada de Pequim.
Neste ano, além do Flamengo, pelo menos outros seis clubes poderão se beneficiar da
lei: Cruzeiro, Santos, América-MG, Grêmio, Ponte Preta e, novamente, o São Paulo. O clube
do Morumbi já teve, em 2008,
R$ 9.591.074,55 aprovados.
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