São Paulo, sábado, 20 de dezembro de 2008

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JOSÉ GERALDO COUTO

Vidas com rumo


Mal saídos da infância, garotos como Philippe Coutinho e Oscar já têm o futuro traçado no futebol

VOCÊ PROVAVELMENTE nunca viu o meia apoiador Philippe Coutinho jogar. Nem eu. Ele tem só 16 anos e nunca atuou como profissional. No entanto, é a grande promessa do rebaixado Vasco para o ano de 2009. Terá pouco tempo, porém, para brilhar com a camisa da cruz de Malta.
Da Série B brasileira o garoto vai direto para a Internazionale de Milão, que o comprou por 10 milhões. Mas ele só poderá assinar contrato com os italianos em 2010, quando completar 18 anos. Até lá, terá que enfrentar o purgatório de longas viagens e gramados esburacados da Segundona brasileira.
A pergunta que fica no ar é: estando já com o futuro acertado na Europa, será que Philippe Coutinho terá motivação para enfrentar o Bragantino ou o América de Natal, arriscando-se a torcer o tornozelo num buraco ou a levar sapatadas de zagueiros truculentos?
Seja como for, só poderemos conferir os atributos dessa festejada jóia cruzmaltina se acompanharmos o torneio da Série B do ano que vem. E depois, nos canais pagos da vida, o Campeonato Italiano e, quem sabe, a Copa dos Campeões.
É pouco provável que você tenha visto também o meia-atacante Oscar, de 17 anos, que o técnico Muricy Ramalho definiu como "o futuro do São Paulo".
O rapaz, que atuou só uma vez como profissional (no segundo jogo do time tricolor na Copa Sul-Americana deste ano), deverá ter lugar no time principal em 2009, depois de passar pelo vestibular da Copa São Paulo de Juniores, em janeiro.
É divertido e comovente ouvir o que esses jovens têm a dizer. Coutinho estuda no colégio Vasco da Gama, dentro de São Januário, e sua maior diversão é jogar Playstation. Embora esteja fascinado com a idéia de conviver na Inter com grandes craques do futebol mundial, diz que sonha em atuar pelo Vasco contra o Flamengo -o que só poderá acontecer no Estadual e em amistosos, pois no Brasileiro os dois times estão em divisões diferentes.
Já Oscar, que foi sondado pelo Manchester United quando, aos 15 anos, jogou na Europa pelo juvenil do São Paulo, considera que ganhou bastante experiência ao ficar no banco durante várias partidas do São Paulo no Brasileirão deste ano. Mesmo sem entrar em campo, ganhou sua faixa de campeão.
Ao falar sobre seu futebol, Oscar se define como a mistura de Kaká com Riquelme -o que é estranho, pois não pode haver jogadores de estilos mais contrastantes. Mas ele explica: "Tenho momentos de arrancada, como o Kaká, mas sei passar bem a bola, como o Riquelme". Como se Kaká não soubesse...
Quando fez "Vidas Sem Rumo" ("Outsiders"), protagonizado por adolescentes, Francis Coppola definiu-o como "um filme sobre o crepúsculo". Todos estranharam, pois o crepúsculo normalmente é associado à velhice. O diretor explicou: "O Sol atinge sua beleza mais intensa um instante antes de desaparecer no horizonte. Assim é a juventude: seu momento de maior intensidade é também o mais fugaz".
Lembrei disso ao ler sobre esses meninos bons de bola. Que eles revivam em nós o sentimento perdido da juventude. Em 2009 e em todos os Anos-Novos que vêm por aí.

jgcouto@uol.com.br


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