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Copa-2014 deve ser mais poluente que África e Alemanha
Mundial-2010 será recordista em emissões de gases, mas Brasil, por sua extensão, caminha para superar essa marca
Documento divulgado pelo comitê africano mostra que transporte aéreo e distância entre sedes serão os maiores vilões ambientais em junho
MARIANA BASTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na semana em que chefes de
Estado discutiram, em Copenhague, metas para conter o
aquecimento global, o comitê
organizador da Copa da África
do Sul divulgou um estudo que
calcula a quantidade de gases
causadores de efeito estufa que
será emitida no evento de 2010.
Segundo o documento, o
Mundial sul-africano caminha
para ser o evento esportivo com
mais emissões da história. E, ao
que tudo indica, a Copa-2014
deve bater essa marca negativa.
O estudo, fruto de parceria
entre o governo sul-africano e o
Consulado da Noruega, estima
que o total de emissões na África do Sul será de 2,75 milhões
de toneladas de CO2-equivalente (unidade padronizada de
medida para gases do efeito estufa), mais do que o dobro do
emitido nos Jogos de Pequim.
Descontando-se os gases liberados pelos aviões que vão
transportar torcedores, atletas
e autoridades para o país africano, o evento emitirá 896,7
mil toneladas de CO2-
-equivalente -oito vezes mais
do que a Copa na Alemanha. O
estudo diz que o excessivo uso
do transporte aéreo entre as
sedes explica a discrepância.
"As distâncias entre as sedes
na África do Sul são muito
maiores do que as da Alemanha. E a falta de trens de alta
velocidade ligando as cidades
africanas fará com que a maioria dos visitantes voe múltiplas
vezes entre as sedes, tornando
o total de emissões muito
maior", aponta o documento.
Tal como a África do Sul, o
Brasil carece de transporte ferroviário de qualidade interligando as cidades-sedes. Sendo
assim, o meio de transporte
preferencial em 2014 também
será o aéreo, com o agravante
de que o Brasil é muito mais extenso que a África do Sul.
O torcedor que em 2014 quiser assistir a jogos nas duas sedes mais distantes, Porto Alegre e Manaus, fazendo uma escala em Brasília -não há voo
direto-, deixará uma pegada
de 0,37 tonelada de CO2-equivalente. Esse valor é mais do
que o dobro do que será emitido por quem voar entre as sedes sul-africanas mais distantes, Cidade do Cabo e Nelspruit, segundo cálculos obtidos
no site Carbon Footprint.
A África do Sul vem tomando
medidas para tentar neutralizar o carbono emitido, mas as
ações estão voltadas, principalmente, para a mitigação de
emissões das obras nos estádios e do transporte dentro das
cidades, que respondem somente por 9% do total de gases-estufa liberados na Copa.
O evento sul-africano ainda
receberá a ajuda das federações
representadas no Mundial. Segundo o Pnuma (Programa das
Nações Unidas para o Meio
Ambiente), cerca de 20 das 32
seleções classificadas, entre as
quais o Brasil, disseram-se dispostas a compensar as emissões de CO2 provocadas por
seus trajetos de avião.
Mas a ajuda é simbólica, uma
vez que as emissões das delegações são ínfimas frente às dos
milhares de visitantes que chegarão de avião ao país em 2010.
Segundo o estudo, o custo
para mitigar as emissões internas deve ser de US$ 9 milhões
(R$ 16,1 milhões). O dobro deve
ser despendido para neutralizar voos internacionais. Assim,
a cifra pode chegar a US$ 27,6
milhões (quase R$ 50 milhões).
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