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sem perdão
Atletismo decide por veto eterno a "dopados"
Eventos europeus de elite excluem até os atletas que já cumpriram punições
Medida, válida para as principais competições da temporada, atinge a brasileira Maurren Maggi, pega em exame em 2003
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Insatisfeita com punições
consideradas brandas e com escândalos de doping surgindo
periodicamente sobre o atletismo, a Euromeetings, associação que engloba os organizadores dos principais eventos da
modalidade, resolveu agir.
A entidade decidiu vetar nomes que sofreram alguma punição, mesmo que agora estejam aptos a competir. "Nossos
membros concordaram em não
convidar mais atletas que causaram publicidade negativa às
competições e ao esporte", afirmou à Folha Rajne Söderberg,
presidente da Euromeetings.
"A violação às regras do antidoping é uma boa razão para
esse veto", completa o sueco.
A decisão inclui desde os flagrados no caso Balco, como
Dwain Chambers e Marion Jones, até brasileiros que já foram suspensos, como Maurren
Maggi, punida em 2003 e que
voltou a competir há dois anos.
"Sim, [Maurren] Maggi está
entre as atletas que não chamaríamos porque esteve suspensa
por doping", afirma Söderberg.
O veto, porém, não é obrigatório. "Não temos poder de banir esses atletas. Só usamos
nossa autoridade para fazermos uma forte recomendação a
nossos membros que a sigam."
O dirigente coordena uma
potência no atletismo, que paga os maiores prêmios. Dela
participam os organizadores
das seis etapas da Liga de Ouro,
principal conjunto de eventos
do calendário do atletismo, cuja premiação é de US$ 1 milhão.
Também fazem parte da Euromeetings os responsáveis
por cinco dos seis SuperGPs,
competição um degrau abaixo
da Liga de Ouro. A associação
congrega, entre seus membros,
50 GPs -todos com a chancela
da Iaaf (entidade que comanda
o atletismo)- em 22 países.
E é justamente por depender
de amealhar verbas milionárias
que os organizadores radicalizaram suas regras antidoping.
"Os escândalos feriram nosso esporte, afastaram patrocínios e talvez até o interesse da
TV", discursa Söderberg, diretor do SuperGP de Estocolmo.
Para ele, não é possível quantificar financeiramente as perdas. "É difícil dizer [quanto foi
perdido], mas não queremos
que nosso esporte se iguale ao
ciclismo", teme o sueco, referindo-se à modalidade que passa por grave crise após vários
astros serem flagrados em testes ou investigações policiais.
A decisão da Euromeetings
atinge diretamente Dwain
Chambers, que retornou recentemente às pistas. O inglês
foi o primeiro atleta punido por
uso de THG, droga criada pelo
laboratório Balco, dos EUA, só
para burlar o antidoping.
"Estão me tratando como
um leproso. Já cumpri a minha
pena. Outros tiveram o direito
de refazer sua vida. Por que não
posso seguir adiante com a minha?", questionou Chambers,
em entrevista ao "The Sun".
Procurada via assessoria de
imprensa para comentar o assunto, Maurren não se pronunciou. A atleta está na Europa,
onde participa de competições.
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