São Paulo, quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

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sem perdão

Atletismo decide por veto eterno a "dopados"

Eventos europeus de elite excluem até os atletas que já cumpriram punições

Medida, válida para as principais competições da temporada, atinge a brasileira Maurren Maggi, pega em exame em 2003


ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Insatisfeita com punições consideradas brandas e com escândalos de doping surgindo periodicamente sobre o atletismo, a Euromeetings, associação que engloba os organizadores dos principais eventos da modalidade, resolveu agir.
A entidade decidiu vetar nomes que sofreram alguma punição, mesmo que agora estejam aptos a competir. "Nossos membros concordaram em não convidar mais atletas que causaram publicidade negativa às competições e ao esporte", afirmou à Folha Rajne Söderberg, presidente da Euromeetings.
"A violação às regras do antidoping é uma boa razão para esse veto", completa o sueco.
A decisão inclui desde os flagrados no caso Balco, como Dwain Chambers e Marion Jones, até brasileiros que já foram suspensos, como Maurren Maggi, punida em 2003 e que voltou a competir há dois anos.
"Sim, [Maurren] Maggi está entre as atletas que não chamaríamos porque esteve suspensa por doping", afirma Söderberg.
O veto, porém, não é obrigatório. "Não temos poder de banir esses atletas. Só usamos nossa autoridade para fazermos uma forte recomendação a nossos membros que a sigam."
O dirigente coordena uma potência no atletismo, que paga os maiores prêmios. Dela participam os organizadores das seis etapas da Liga de Ouro, principal conjunto de eventos do calendário do atletismo, cuja premiação é de US$ 1 milhão.
Também fazem parte da Euromeetings os responsáveis por cinco dos seis SuperGPs, competição um degrau abaixo da Liga de Ouro. A associação congrega, entre seus membros, 50 GPs -todos com a chancela da Iaaf (entidade que comanda o atletismo)- em 22 países.
E é justamente por depender de amealhar verbas milionárias que os organizadores radicalizaram suas regras antidoping.
"Os escândalos feriram nosso esporte, afastaram patrocínios e talvez até o interesse da TV", discursa Söderberg, diretor do SuperGP de Estocolmo.
Para ele, não é possível quantificar financeiramente as perdas. "É difícil dizer [quanto foi perdido], mas não queremos que nosso esporte se iguale ao ciclismo", teme o sueco, referindo-se à modalidade que passa por grave crise após vários astros serem flagrados em testes ou investigações policiais.
A decisão da Euromeetings atinge diretamente Dwain Chambers, que retornou recentemente às pistas. O inglês foi o primeiro atleta punido por uso de THG, droga criada pelo laboratório Balco, dos EUA, só para burlar o antidoping.
"Estão me tratando como um leproso. Já cumpri a minha pena. Outros tiveram o direito de refazer sua vida. Por que não posso seguir adiante com a minha?", questionou Chambers, em entrevista ao "The Sun".
Procurada via assessoria de imprensa para comentar o assunto, Maurren não se pronunciou. A atleta está na Europa, onde participa de competições.


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