São Paulo, domingo, 21 de fevereiro de 2010

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Rivais lutam para abandonar o jeito Muricy de jogar

Ricardo Gomes consegue, enfim, abrir mão de 3 zagueiros, e Antônio Carlos, novato, tenta acabar com chuveirinhos

Opções no meio e chegada de Cicinho proporcionam ao técnico são-paulino chance de adotar padrão europeu, com duas linhas de quatro


DA REPORTAGEM LOCAL

O São Paulo já é mais Ricardo Gomes que Muricy Ramalho. O Palmeiras ainda não é Antônio Carlos, mas começa a se "desmuricyzar" no duelo de hoje.
O legado vitorioso do técnico tricampeão brasileiro no Morumbi deixou, também, alguns vícios que o clube, mesmo sob o comando do novo treinador, custou a deixar para trás.
Logo em sua chegada, Ricardo Gomes tentou alterar o sistema da equipe. Abriu mão do 3-5-2, esquema com o qual a equipe conquistou boa parte de seus títulos a partir de 2005.
Passadas algumas rodadas do Brasileiro, no entanto, os resultados não vieram, e o treinador retomou o jeito Muricy no São Paulo, com o qual classificou o time para a Taça Libertadores.
No início de 2010, o anúncio da contratação de mais três zagueiros -Xandão, André Luis e Alex Silva- deu a impressão de que a diretoria também não pensava em abandonar o sistema com três defensores.
Porém a carência de meias, uma das razões para Muricy ter escalado o São Paulo com dois volantes e um armador durante tanto tempo, foi suprida. Chegaram Léo Lima, Cléber Santana e Marcelinho Paraíba. E no debute neste Paulista, contra a Portuguesa, Ricardo Gomes reimplantou o 4-4-2.
E, mesmo que a campanha do clube até aqui seja inconstante -começou a rodada fora do grupo de classificados para as semifinais-, a equipe já demonstra lampejos de um futebol mais dinâmico do que o dos tempos do ex-comandante.
A peça que faltava na nova composição de Ricardo Gomes é Cicinho. Na vitória sobre o Barueri, por 3 a 1, na quinta-feira, o treinador montou duas linhas fixas de quatro jogadores, com um zagueiro, Renato Silva, fazendo o papel de lateral-direito, e Cicinho, lateral de origem, atuando à sua frente.
A nova maneira de jogar encontra respaldo no elenco.
"Os técnicos são totalmente diferentes. O Muricy orientava para cruzar, mesmo, na área. O Ricardo Gomes pede que eu só faça isso na linha de fundo. Quer mais toque de bola", afirma o meia Jorge Wagner.
O camisa 7 tricolor transformou-se no principal assistente da equipe na era Muricy justamente pelo ótimo aproveitamento no fundamento.
Agora, com a bola mais no chão, o time recorre menos aos chuveirinhos (23 por jogo), e Jorge Wagner não figura nem entre os 20 atletas que mais cruzam, segundo o Datafolha.
Por outro lado, o palmeirense Figueroa é o vice-líder nesse quesito. Ele ergue, em média, dez bolas na área por partida.
Apesar de a equipe alviverde ter refinado o toque de bola e recorrido menos aos chutões em 2010, os cruzamentos não cessaram. O Palmeiras é a equipe que mais faz isso no Estadual (30 vezes), reflexo direto do estilo que Muricy deixou lá.
Mal chegou ao clube, Antônio Carlos já avisou que pretende mudar essa característica. "Espero construir uma equipe que consiga sair de trás tocando a bola e chegue ao gol adversário com facilidade", afirmou o novo técnico palmeirense.
0 (RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)


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