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Rivais lutam para abandonar o jeito Muricy de jogar
Ricardo Gomes consegue, enfim, abrir mão de 3 zagueiros,
e Antônio Carlos, novato, tenta acabar com chuveirinhos
Opções no meio e chegada
de Cicinho proporcionam ao
técnico são-paulino chance
de adotar padrão europeu,
com duas linhas de quatro
DA REPORTAGEM LOCAL
O São Paulo já é mais Ricardo
Gomes que Muricy Ramalho. O
Palmeiras ainda não é Antônio
Carlos, mas começa a se "desmuricyzar" no duelo de hoje.
O legado vitorioso do técnico
tricampeão brasileiro no Morumbi deixou, também, alguns
vícios que o clube, mesmo sob o
comando do novo treinador,
custou a deixar para trás.
Logo em sua chegada, Ricardo Gomes tentou alterar o sistema da equipe. Abriu mão do
3-5-2, esquema com o qual a
equipe conquistou boa parte de
seus títulos a partir de 2005.
Passadas algumas rodadas do
Brasileiro, no entanto, os resultados não vieram, e o treinador
retomou o jeito Muricy no São
Paulo, com o qual classificou o
time para a Taça Libertadores.
No início de 2010, o anúncio
da contratação de mais três zagueiros -Xandão, André Luis e
Alex Silva- deu a impressão de
que a diretoria também não
pensava em abandonar o sistema com três defensores.
Porém a carência de meias,
uma das razões para Muricy ter
escalado o São Paulo com dois
volantes e um armador durante
tanto tempo, foi suprida. Chegaram Léo Lima, Cléber Santana e Marcelinho Paraíba. E no
debute neste Paulista, contra a
Portuguesa, Ricardo Gomes
reimplantou o 4-4-2.
E, mesmo que a campanha
do clube até aqui seja inconstante -começou a rodada fora
do grupo de classificados para
as semifinais-, a equipe já demonstra lampejos de um futebol mais dinâmico do que o dos
tempos do ex-comandante.
A peça que faltava na nova
composição de Ricardo Gomes
é Cicinho. Na vitória sobre o
Barueri, por 3 a 1, na quinta-feira, o treinador montou duas linhas fixas de quatro jogadores,
com um zagueiro, Renato Silva,
fazendo o papel de lateral-direito, e Cicinho, lateral de origem, atuando à sua frente.
A nova maneira de jogar encontra respaldo no elenco.
"Os técnicos são totalmente
diferentes. O Muricy orientava
para cruzar, mesmo, na área. O
Ricardo Gomes pede que eu só
faça isso na linha de fundo.
Quer mais toque de bola", afirma o meia Jorge Wagner.
O camisa 7 tricolor transformou-se no principal assistente
da equipe na era Muricy justamente pelo ótimo aproveitamento no fundamento.
Agora, com a bola mais no
chão, o time recorre menos aos
chuveirinhos (23 por jogo), e
Jorge Wagner não figura nem
entre os 20 atletas que mais
cruzam, segundo o Datafolha.
Por outro lado, o palmeirense Figueroa é o vice-líder nesse
quesito. Ele ergue, em média,
dez bolas na área por partida.
Apesar de a equipe alviverde
ter refinado o toque de bola e
recorrido menos aos chutões
em 2010, os cruzamentos não
cessaram. O Palmeiras é a equipe que mais faz isso no Estadual (30 vezes), reflexo direto
do estilo que Muricy deixou lá.
Mal chegou ao clube, Antônio Carlos já avisou que pretende mudar essa característica.
"Espero construir uma equipe
que consiga sair de trás tocando
a bola e chegue ao gol adversário com facilidade", afirmou o
novo técnico palmeirense.
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(RENAN CACIOLI E RODRIGO BUENO)
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