São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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Consultor complica Vasco na CPI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O depoimento do consultor do Vasco Vanderlei Guilherme Doring levou senadores da CPI do Futebol, no Senado, a suspeitar do desaparecimento de R$ 630 mil da contabilidade do clube.
O suposto desaparecimento está ligado ao depósito de R$ 2,03 milhões feito pelo Vasco na conta de Aremithas José de Lima, funcionário do clube, segundo documentos obtidos pela CPI.
Dirigentes do Vasco alegam que o dinheiro teria sido usado para cobrir despesas feitas por Lima em nome do clube, basicamente na compra de alimentos, e que a operação teria sido contabilizada.
Doring, no entanto, disse ontem que o depósito contabilizado para Lima foi de R$ 1,4 milhão e afirmou não ter conhecimento da saída dos demais R$ 630 mil.
O consultor do Vasco pode ser acusado no relatório final da CPI de prática de três crimes: exercício ilegal da profissão de contador, sonegação de Imposto de Renda e perjúrio.
Isso porque, no início do depoimento, Doring afirmou que só trabalhou como contador do Vasco entre 1970 e 1981, ano em que teria pedido o cancelamento de seu registro no Conselho Regional de Contabilidade do Rio.
Deixando de trabalhar para o clube, declarou, ele parou de assinar papéis pelo Vasco.
O relator Geraldo Althoff, porém, mostrou cópias de documentos com datas posteriores a 1981 em que Doring aparece como contador do Vasco. É o caso de atas de reuniões de conselhos do clube de 1994 e do balanço patrimonial de 1996. Os papéis têm a assinatura de Doring seguida da expressão "contador-geral".
O senador disse ainda que um documento do Conselho de Contabilidade mostra que Doring só pediu o cancelamento de seu registro em 1988, o que mostraria que ele mentiu à CPI.
Doring disse que continuou a ser tratado por "contador" por funcionários do clube, que não saberiam de seu desligamento, e que os papéis que disse ter deixado de assinar eram declarações de renda, "que são documentos do governo", não balanços.
"Eu assinei isso aí (os balanços) porque não via nenhum problema." A explicação não foi aceita. "Ou é contador ou não é", disse Maguito Vilela (PMDB-GO).
Mais tarde, Doring disse que trabalha como consultor para o Vasco, recebendo R$ 4,5 mil mensais. Ele confessou não declarar esse rendimento à Receita Federal. Doring é funcionário público e atua na Inspetoria Regional do ICMS, em Cabo Frio.
A CPI vai pedir que a Polícia Federal, no Rio de Janeiro ouça hoje Miguel Paz, que oficialmente é o contador atual do Vasco.


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