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Por que Pelé não quer acordo com Teixeira
JUCA KFOURI
da Equipe de Articulistas
²
"Eu não posso fazer acordo
com quem dirige uma organização que eu já acusei de corrupta no passado."
A frase é de Pelé, que continua a falar:
"Se eu topasse um acordo, as
pessoas iriam me perguntar se
fui eu quem mudou ou o presidente da CBF. E acho que nenhum de nós dois mudou.
O que eu digo desde 1993 ainda não foi esclarecido.
Aliás, mais uma vez, quando
surge uma proposta de CPI sobre atos da CBF, o que vejo são
tentativas desesperadas, as
mesmas usadas para que a Lei
Pelé não fosse aprovada, para
evitar a investigação. E eu pergunto: por quê? Quem não deve
não teme.
Quando publicaram que tinha irregularidades na minha
empresa, o que fiz? Pedi uma
auditoria da Receita Federal. E
não deu em nada.
Quando denunciaram irregularidades no ministério, o que
fiz? Apurei e demiti os envolvidos, gente da minha confiança.
Eu sei que poderão me acusar
de não estar vendo os interesses
do Brasil, de atrapalhar o projeto de fazer a Copa do Mundo
aqui em 2006.
Eu sei até que estão articulando apelos do presidente Fernando Henrique, do ACM e do Michel Temer.
Não foi só o Hawilla que me
procurou com insistência nesses
últimos dias propondo um entendimento, pedindo que eu
sentasse com o Ricardo Teixeira. Ele chegou até a me perguntar como reagiria diante de um
apelo do Fernando Henrique.
Mas eu disse a ele que não vejo
nenhum sentido. Afinal, não
sou mais ministro, eles não precisam de mim para nada.
Eu não tenho nenhum problema pessoal com o Ricardo, eu
tenho é pena, porque acho que
ele não dorme bem.
Eu ajudei a eleição dele em
1989, a pedido do João Havelange, e ele não cumpriu nada que
prometeu, não modernizou coisa alguma em nosso futebol, ao
contrário, as coisas só pioraram
de lá para cá.
Fazer um entendimento com
ele seria o mesmo que me acertar com o Koja, que tiramos da
presidência do Santos por corrupção.
O Hawilla me falou que um
acordo poderia abrir possibilidades de negócios com a Pelé
Sport & Marketing, mas nós
não precisamos disso.
Se a minha opção na vida fosse só ganhar dinheiro, eu teria
ido jogar na Europa, e não ficaria tanto tempo no Santos. O
meu nome limpo é o meu maior
patrimônio.
Na verdade, o Ricardo Teixeira quer é meu aval para se candidatar à presidência da Confederação Sul-Americana. Ele
precisa da minha imagem para
ganhar credibilidade.
A Copa de 2006 não tem chance de ser aqui. Só por milagre.
Acabei de voltar de uma reunião na Fifa e foi o que ouvi de
todo mundo. No máximo, o que
vai acontecer é o seguinte: vai
ter gente ganhando dinheiro em
torno da idéia.
É o que eu vou dizer ao presidente Fernando Henrique e a
quem me procurar para falar
disso.
E eu quero dar um basta definitivo nesses rumores de acordo. Já falei no "Cartão Verde",
mas parece que nem você acreditou no que eu disse."
Tudo o que está escrito acima
foi dito por telefone e depois lido frase a frase para que Pelé
conferisse.
²
Juca Kfouri escreve aos domingos, às terças e às
sextas-feiras
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