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Revoltado, São Paulo sai sem banho
DA REPORTAGEM LOCAL
Em cada rosto de jogador
são-paulino, mais que abatimento pela derrota, a vergonha de sair de um estádio
sem sequer tomar banho. Alguns, como Miranda, saíram
descalços do vestiário.
Como o cheiro parecido ao
do gás pimenta permaneceu
no vestiário tricolor, os atletas não deram a habitual entrevista coletiva na saída do
jogo. Nem no mais precário
estádio do Paulista, segundo
os atletas, havia passado por
situação semelhante.
Para falar com os jogadores, era preciso acompanhar
a apressada fila indiana que
os levaria ao ônibus, que seguiu ao CT da Barra Funda.
Alguns, como Miranda, recusaram-se a falar. Outros
desabafaram. "Só vi isso
quando jogava nos juniores",
disse Dagoberto. "É um absurdo isso acontecer aqui."
Alex Silva foi mais incisivo.
"É vergonhoso. Isso me faz
lembra de quando eu jogava
na várzea. E ainda querem
fazer Copa do Mundo aqui."
"O São Paulo fez bom jogo,
buscou o gol, mas o Palmeiras foi melhor e mereceu
vencer", disse Muricy Ramalho. Durante o apagão, o técnico disse que o gás não teve
nada a ver com o resultado.
Alex Silva discorda. "Imagina um técnico que sai do
primeiro tempo perdendo,
quer acertar o time e precisa
passar instruções. Chega ao
vestiário, não dá para ficar.
Aí tem que voltar ao gramado e lá tem uma torcida gritando o tempo todo."
Do lado palmeirense, porém, levantou-se a hipótese
de simulação. Vanderlei Luxemburgo foi um dos que insinuaram isso após a partida.
"Não afirmei que foi o São
Paulo [que soltou o gás].
Existe uma possibilidade.
Jogaram uma pilha aqui no
ano passado que não houve, e
depois uma câmera mostrou
que foi uma simulação [do
goleiro Bosco, do São Paulo,
que acabou suspenso pelo
STJD]", afirmou o técnico.
Alex Silva riu da declaração. "O Vanderlei é esperto.
Ganha jogo até fora de campo. Lá no Morumbi não ocorre isso. Tem café, tem chuveiro, tem tudo para eles."
Mas o vice do Palmeiras,
Gilberto Cipullo, sustentou
argumento semelhante
-lembrando a simulação de
pilha lançada em Bosco no
Brasileiro-2007, desmentida
pela TV. "Houve um trabalho
perfeito da PM e da nossa segurança. O material foi jogado por qualquer pessoa. Tem
que ser apurado. O batalhão
estava a 4 m do local. Como
disse, se houve o arremesso
de fora para dentro, pode ter
sido lançado por palmeirenses ou são-paulinos."
O vice de futebol do São
Paulo, Carlos Augusto de
Barros e Silva, irritou-se.
"Será que a diretoria do Palmeiras não vai perceber que
o Parque Antarctica não pode receber um jogo desses?
Na hora em que se faz 2 a 0, a
luz acaba, enquanto toda a
redondeza está iluminada."
Cipullo discorda. "Aqui é
seguro. Falta de luz ocorre
em todo lugar."
(MDA, RC E TA)
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