São Paulo, segunda-feira, 21 de abril de 2008

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Revoltado, São Paulo sai sem banho

DA REPORTAGEM LOCAL

Em cada rosto de jogador são-paulino, mais que abatimento pela derrota, a vergonha de sair de um estádio sem sequer tomar banho. Alguns, como Miranda, saíram descalços do vestiário.
Como o cheiro parecido ao do gás pimenta permaneceu no vestiário tricolor, os atletas não deram a habitual entrevista coletiva na saída do jogo. Nem no mais precário estádio do Paulista, segundo os atletas, havia passado por situação semelhante.
Para falar com os jogadores, era preciso acompanhar a apressada fila indiana que os levaria ao ônibus, que seguiu ao CT da Barra Funda.
Alguns, como Miranda, recusaram-se a falar. Outros desabafaram. "Só vi isso quando jogava nos juniores", disse Dagoberto. "É um absurdo isso acontecer aqui."
Alex Silva foi mais incisivo. "É vergonhoso. Isso me faz lembra de quando eu jogava na várzea. E ainda querem fazer Copa do Mundo aqui."
"O São Paulo fez bom jogo, buscou o gol, mas o Palmeiras foi melhor e mereceu vencer", disse Muricy Ramalho. Durante o apagão, o técnico disse que o gás não teve nada a ver com o resultado.
Alex Silva discorda. "Imagina um técnico que sai do primeiro tempo perdendo, quer acertar o time e precisa passar instruções. Chega ao vestiário, não dá para ficar. Aí tem que voltar ao gramado e lá tem uma torcida gritando o tempo todo."
Do lado palmeirense, porém, levantou-se a hipótese de simulação. Vanderlei Luxemburgo foi um dos que insinuaram isso após a partida.
"Não afirmei que foi o São Paulo [que soltou o gás]. Existe uma possibilidade. Jogaram uma pilha aqui no ano passado que não houve, e depois uma câmera mostrou que foi uma simulação [do goleiro Bosco, do São Paulo, que acabou suspenso pelo STJD]", afirmou o técnico.
Alex Silva riu da declaração. "O Vanderlei é esperto. Ganha jogo até fora de campo. Lá no Morumbi não ocorre isso. Tem café, tem chuveiro, tem tudo para eles."
Mas o vice do Palmeiras, Gilberto Cipullo, sustentou argumento semelhante -lembrando a simulação de pilha lançada em Bosco no Brasileiro-2007, desmentida pela TV. "Houve um trabalho perfeito da PM e da nossa segurança. O material foi jogado por qualquer pessoa. Tem que ser apurado. O batalhão estava a 4 m do local. Como disse, se houve o arremesso de fora para dentro, pode ter sido lançado por palmeirenses ou são-paulinos."
O vice de futebol do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, irritou-se. "Será que a diretoria do Palmeiras não vai perceber que o Parque Antarctica não pode receber um jogo desses? Na hora em que se faz 2 a 0, a luz acaba, enquanto toda a redondeza está iluminada."
Cipullo discorda. "Aqui é seguro. Falta de luz ocorre em todo lugar." (MDA, RC E TA)


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