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BASQUETE
Todos por um
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
Tim Duncan deu um show.
Superou a morte do pai durante os mata-matas e, nas séries
contra Seattle e Los Angeles Lakers, registrou médias de 27,6
pontos e 14,4 rebotes, números
ainda mais espetaculares do que
os da temporada regular, quando
foi eleito o melhor jogador. No último duelo contra os atuais bicampeões, anotou 34 pontos e
apanhou 25 rebotes, recorde da
equipe em playoffs. Não adiantou. Em cinco partidas, os Lakers
despacharam o San Antonio.
Allen Iverson voltou, depois de
amargar um mês no estaleiro, vítima de uma fratura no pulso, para tentar reconduzir o Philadelphia à final. Contra o ascendente
Boston, teve média exata de 30
pontos, mas não evitou a eliminação, dando início a nova crise de
relacionamento com seu clube.
Tracy McGrady, na hora da decisão, brilhou como na fase de
classificação. Contra o Charlotte,
marcou, em média, 30,8 pontos.
Também liderou nas assistências,
5,5. Mas o esforço foi em vão.
Mesmo sem Jamal Mashburn, a
sua estrela, a equipe da Carolina
do Norte excluiu o Orlando.
Destino igual tiveram o Seattle
de Gary Payton, o Minnesota de
Kevin Garnett, o Detroit de Jerry
Stackhouse... Um a um, ficaram
pelo caminho todos os ataques escorados em um só jogador.
Isso é uma novidade na NBA. A
liga sempre deu espaço a astros
solitários -o próprio Iverson, por
exemplo, vice-campeão em 2001.
O fracasso de seus times nestes
playoffs é a mais aguda consequência das regras que a liga adotou no início da temporada. Com
o fim da proibição à marcação
dupla (ou tripla) sem bola, agora
as coberturas são ininterruptas.
Os craques são perseguidos sem
clemência. O tempo inteiro.
Nos últimos quartos dos cinco
confrontos, os Lakers, por exemplo, deslocaram o gigante Shaquille O"Neal para a sombra de Duncan e flutuaram outros dois alas
para impedir que o MVP escapasse batendo a bola. No momento
mais agudo dos jogos, portanto, o
San Antonio teve de confiar os arremessos ao armador Tony Parker, de apenas 19 anos...
O impacto da liberação da defesa por zona fica ainda mais evidente quando se constata que, até
o fim de semana, nenhum finalista das Conferências Leste e Oeste
aparecia no topo dos rankings individuais dos mata-matas.
Os cestinhas ficaram pelo caminho: McGrady, Iverson, Dirk Nowitkzi (Dallas, 28,4) e Duncan.
O mesmo se verificou entre os
principais reboteiros. Estão eliminados Garnett (18,7), Ben Wallace (Detroit, 16,1), Duncan, Nowitzki (13,1) e Rasheed Wallace
(Portland, 12,3).
O líder em assistências dos playoffs? John Stockton (Utah, 10),
que já está de férias. O vice-líder?
Steve Nash (Dallas, 8,8), idem.
Nenhum dos quatro principais
roubadores de bola dos playoffs
avançou às finais de conferência:
Baron Davis (Charlotte, 3,5),
Stockton (2,7), Ron Artest (Indiana, 2,6) e Iverson (2,6).
E nenhum dos líderes em tocos:
Duncan (4,3), Raef LaFrentz (Dallas, 2,7), Ben Wallace (2,6) e Elden Campbell (Charlotte, 2,5).
Os times sobreviventes contam,
claro, com craques. Mas estes não
atuam solitários, casos dos Lakers
e do Boston, que têm duplas: Kobe Bryant e O'Neal; Paul Pierce e
Antoine Walker. Ou se encaixam
com perfeição em táticas que dividem o ônus da cesta, como no Sacramento, de Chris Webber, e no
New Jersey, de Jason Kidd.
LA Lakers x New Jersey
Final mais cotada, traz o confronto entre Kobe Bryant e Jason
Kidd, os melhores jogadores dos mata-matas deste ano da NBA.
LA Lakers x Boston
Sonho de marqueteiros e nostálgicos, é a reedição da maior rivalidade da história da liga, a que detonou a expansão global do basquete norte-americano. Magic Johnson x Larry Bird, lembra-se?
Sacramento x New Jersey
A decisão reúne os times mais vitoriosos no Oeste e no Leste, ambos praticantes do excitante jogo de passa-corta ("backdoor").
Sacramento x Boston
Duas torcidas que torcem de verdade, que não se atêm ao roteiro
cantado pelo telão do ginásio. Em Sacramento, os fãs até balançam
sinos de vaca para atrapalhar os adversários. Cadê os vips?
E-mail melk@uol.com.br
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