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FUTEBOL
Presidente desde 1993, Alberto Dualib coleciona 11 títulos e, desde fevereiro, 12 parentes nas assembléias do clube
Clã Dualib invade conselho do Corinthians
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para cada título conquistado,
pelo menos um parente empossado. Essa é parte da herança que o
presidente Alberto Dualib irá deixar ao Corinthians.
No cargo desde 1993, o dirigente
se orgulha de ter conquistado 11
títulos em dez anos. Porém a mesma volúpia do time para levantar
taças teve Dualib para expandir o
seu clã no Parque São Jorge.
Além dele, 12 conselheiros corintianos carregam o sobrenome
Dualib. Onze foram empossados
na reunião de fevereiro deste ano
do Conselho Deliberativo. No clube, a família do presidente é representada por dois filhos e uma filha, dois sobrinhos e sete netos.
Os Dualib contam agora com oito conselheiros vitalícios, que ficam no cargo para o resto da vida.
Entre eles estão os filhos do presidente, Edson Real Dualib e Nelson Real Dualib, e os netos Carla
Dualib Sonnewend Serra, Cyro
Dualib Sonnewend, Ricardo Ackel Dualib, Marcelo Ackel Dualib
e Edson Medici Dualib, além do
sobrinho Carlos Alberto Dualiby
-que apesar da grafia diferente
do sobrenome também é parente.
Entre os quadrienais estão a filha do presidente, Mirian Dualib
Sonnewend, os netos Luciano
Dualib Uvo e Alberto Dualib Netto, e o sobrinho Sidney Vianey
Dualib, que já era conselheiro antes da reunião de fevereiro.
As indicações não ferem o estatuto do clube, modificado durante a longa gestão de Dualib.
Agora, a diretoria, presidida por
ele, pode indicar os nomes para
substituir os vitalícios (são 200
cargos) e metade dos 200 quadrienais. Antes todos eram eleitos pelos sócios do clube.
Mas o fato de tantos parentes do
comandante corintiano fazerem
parte do conselho pode provocar,
pelo menos em tese, situações esdrúxulas. Os conselheiros, por
exemplo, têm o dever de acompanhar e julgar os atos do presidente. Assim, se o Dualib mais poderoso cometer uma irregularidade,
terá filhos, netos e sobrinhos participando da decisão de seu destino no Corinthians.
Os conselheiros também têm
direito a algumas regalias, como
ingressos para os jogos do time, o
que ocorre na maioria dos clubes.
Não há, contudo, remuneração.
A família do presidente já começa a exercer seu poder também
fora do conselho. Carla Dualib,
neta do dirigente empossada em
fevereiro, atua no departamento
de marketing corintiano.
Na mesma reunião em que passou a fazer parte do conselho vitalício, Carla recebeu elogios de seu
avô. Ele agradeceu a participação
da neta na assinatura dos contratos de patrocínio com a Nike e
com a Kolumbus, além da renovação do acordo com a Pepsi.
Só que detalhes dos contratos
não foram explicados no encontro. Não foi dito se Carla recebeu
pelo serviço prestado.
A maior parte do clã se envolve
pouco com a vida do clube, apesar
de integrar o conselho, segundo
Edson Real Dualib. Ele é filho do
presidente e médico. "Só dou palpite quando alguém me pede uma
opinião na minha área, a medicina. Clube, política, CBF, federação, estou fora de tudo isso."
Segundo o médico, as chances
de um representante da nova geração virar o sucessor de Alberto
são remotas. "Ele vai conduzir a
sucessão com a visão do clube,
sem pensar em política familiar,
em criar a dinastia dos Dualib."
Edson Medici Dualib, filho do
médico e neto do presidente, afirmou que gosta de se envolver com
os assuntos do Corinthians.
"Já fiz alguns trabalhos para o
clube e já viajei com a molecada
[equipes das categorias de base].
Agora vou participar de uma das
comissões do conselho deliberativo", disse ele, que é publicitário.
Seu pai, porém, havia dito que
ele frequenta o Parque São Jorge
apenas para jogar tênis.
Com tantos parentes juntos, as
reuniões do Conselho Deliberativo começam a ter clima familiar.
Uma cena, descrita na ata do encontro de fevereiro, o último realizado até agora no Parque São
Jorge, poderia ter acontecido na
sala de uma das casas dos Dualib.
No final da reunião, Nelson Real
Dualib, filho do presidente, pediu
a palavra para homenagear o pai.
Em seguida, chamou sua mãe, Elvira, para entregar ao marido
uma faixa presidencial. "Numa
atitude emocionante, o presidente colocou a faixa em sua mulher",
relata a ata da reunião.
Presente em um encontro exclusivo para os conselheiros, Elvira não faz parte do conselho.
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