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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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FUTEBOL

Presidente desde 1993, Alberto Dualib coleciona 11 títulos e, desde fevereiro, 12 parentes nas assembléias do clube

Clã Dualib invade conselho do Corinthians

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para cada título conquistado, pelo menos um parente empossado. Essa é parte da herança que o presidente Alberto Dualib irá deixar ao Corinthians.
No cargo desde 1993, o dirigente se orgulha de ter conquistado 11 títulos em dez anos. Porém a mesma volúpia do time para levantar taças teve Dualib para expandir o seu clã no Parque São Jorge.
Além dele, 12 conselheiros corintianos carregam o sobrenome Dualib. Onze foram empossados na reunião de fevereiro deste ano do Conselho Deliberativo. No clube, a família do presidente é representada por dois filhos e uma filha, dois sobrinhos e sete netos.
Os Dualib contam agora com oito conselheiros vitalícios, que ficam no cargo para o resto da vida. Entre eles estão os filhos do presidente, Edson Real Dualib e Nelson Real Dualib, e os netos Carla Dualib Sonnewend Serra, Cyro Dualib Sonnewend, Ricardo Ackel Dualib, Marcelo Ackel Dualib e Edson Medici Dualib, além do sobrinho Carlos Alberto Dualiby -que apesar da grafia diferente do sobrenome também é parente.
Entre os quadrienais estão a filha do presidente, Mirian Dualib Sonnewend, os netos Luciano Dualib Uvo e Alberto Dualib Netto, e o sobrinho Sidney Vianey Dualib, que já era conselheiro antes da reunião de fevereiro.
As indicações não ferem o estatuto do clube, modificado durante a longa gestão de Dualib.
Agora, a diretoria, presidida por ele, pode indicar os nomes para substituir os vitalícios (são 200 cargos) e metade dos 200 quadrienais. Antes todos eram eleitos pelos sócios do clube.
Mas o fato de tantos parentes do comandante corintiano fazerem parte do conselho pode provocar, pelo menos em tese, situações esdrúxulas. Os conselheiros, por exemplo, têm o dever de acompanhar e julgar os atos do presidente. Assim, se o Dualib mais poderoso cometer uma irregularidade, terá filhos, netos e sobrinhos participando da decisão de seu destino no Corinthians.
Os conselheiros também têm direito a algumas regalias, como ingressos para os jogos do time, o que ocorre na maioria dos clubes. Não há, contudo, remuneração.
A família do presidente já começa a exercer seu poder também fora do conselho. Carla Dualib, neta do dirigente empossada em fevereiro, atua no departamento de marketing corintiano.
Na mesma reunião em que passou a fazer parte do conselho vitalício, Carla recebeu elogios de seu avô. Ele agradeceu a participação da neta na assinatura dos contratos de patrocínio com a Nike e com a Kolumbus, além da renovação do acordo com a Pepsi.
Só que detalhes dos contratos não foram explicados no encontro. Não foi dito se Carla recebeu pelo serviço prestado.
A maior parte do clã se envolve pouco com a vida do clube, apesar de integrar o conselho, segundo Edson Real Dualib. Ele é filho do presidente e médico. "Só dou palpite quando alguém me pede uma opinião na minha área, a medicina. Clube, política, CBF, federação, estou fora de tudo isso."
Segundo o médico, as chances de um representante da nova geração virar o sucessor de Alberto são remotas. "Ele vai conduzir a sucessão com a visão do clube, sem pensar em política familiar, em criar a dinastia dos Dualib."
Edson Medici Dualib, filho do médico e neto do presidente, afirmou que gosta de se envolver com os assuntos do Corinthians.
"Já fiz alguns trabalhos para o clube e já viajei com a molecada [equipes das categorias de base]. Agora vou participar de uma das comissões do conselho deliberativo", disse ele, que é publicitário.
Seu pai, porém, havia dito que ele frequenta o Parque São Jorge apenas para jogar tênis.
Com tantos parentes juntos, as reuniões do Conselho Deliberativo começam a ter clima familiar.
Uma cena, descrita na ata do encontro de fevereiro, o último realizado até agora no Parque São Jorge, poderia ter acontecido na sala de uma das casas dos Dualib.
No final da reunião, Nelson Real Dualib, filho do presidente, pediu a palavra para homenagear o pai. Em seguida, chamou sua mãe, Elvira, para entregar ao marido uma faixa presidencial. "Numa atitude emocionante, o presidente colocou a faixa em sua mulher", relata a ata da reunião.
Presente em um encontro exclusivo para os conselheiros, Elvira não faz parte do conselho.


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