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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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TÊNIS

Los hermanos

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

Seu Oscar vibrou muito na pequena Venado Tuerto ao ver o filho dar os primeiros passos, naquele inverno gelado de 1983. Não só por ver seu primogênito crescer saudavelmente. Mas porque poderia, finalmente, dar-lhe uma pequena raquete.
Professor de tênis, Oscar levou o filho ao Club Centenario quando o garoto tinha quatro anos. O pequeno Guillermo, homenagem de seu Oscar a Guillermo Vilas, foi para o tênis em vez de trilhar o caminho dos amigos, que sonhavam com o River Plate.
Campeão juvenil de Roland Garros, Guillermo Coria venceu na final David Nalbandian. Em dupla, juvenis, ganharam um título em Wimbledon.
Nalbandian, aliás, também começou cedo. Aos cinco anos, já dava as primeiras e desengonçadas raquetadas. Como Coria, poderia ter sucumbido à paixão pelo futebol e o River, mas seguiu no tênis. Ainda garoto, chegou ao caneco do Aberto dos EUA, batendo um tal de Roger Federer.
Outros dois garotos argentinos também flertaram com o futebol, mas seguiram no tênis.
Com sete anos, Gastón Gaudio vibrou como nunca quando a Argentina, com Diego Maradona, tirou a Inglaterra da Copa-1986; Agustín Calleri precisou de muito sangue frio para deixar de acompanhar com os melhores amigos os jogos do Boca Juniors.
Não à toa esses quatro batalhadores marcaram em Hamburgo a primeira semifinal entre compatriotas em um Masters Series. Fato idêntico havia acontecido em torneios menores, com suecos, australianos, franceses, espanhóis e norte-americanos.
Nossos vizinhos aproveitaram a fase de Guillermo Vilas, 39 títulos, a maioria no fim dos anos 70 e começo dos 80, e, quase simultaneamente, de José-Luis Clerc. Emendaram com Gabriela Sabatini, uma das melhores do mundo nos anos 80 e início dos 90.
Por aqui, o tênis só ganhou espaço quando Gustavo Kuerten conquistou Roland Garros, em 1997. Até então, quem queria ser jogador de tênis? Ser atleta era ser jogador de futebol.
E a atitude dos juvenis, então? Quanta diferença! Para os nossos jovens, a falta de patrocínio é sempre a razão da carreira interrompida, atrasada e, fracassada. Para nossos "hermanos", é uma motivação, algo que empurra o tenista para longe de casa, para as vitórias lá fora. Sem "apoio", nossos garotos sentem-se livres para fracassar, passam até a ter uma desculpa. Muitos não têm força, ânimo ou cabeça para comer o pão que o adversário amassou, encarar a distância dos pais, a saudade das namoradinhas, a falta das mordomias de casa.
Não raro, é possível ver em torneios juvenis os pequenos argentinos se aquecendo, acompanhando os jogos dos rivais, enquanto nossos garotos correm atrás de uma internet, um telefone, notícias de casa e do futebol.
Por essas e outras que, agora, em Roland Garros, a partir de segunda, os argentinos vão torcer com fé para Coria, Calleri, Nalbandian, Gaudio, Juan Ignacio Chela, Mariano Zabaleta, José Acasuso, todos entre os top 50. E a gente... Bem, boa sorte, Guga!

Em Paris
Ironicamente, coube a outro argentino, Marcelo Charpentier, tirar Fernando Meligeni de Roland Garros. Marcos Daniel, Francisco Costa e Ricardo Mello também não passaram do qualifying. A Argentina tem ainda quatro tenistas na segunda rodada do quali.

No Nordeste
Começa hoje, em São Luís, a segunda etapa do Grand Slam infanto-juvenil da CBT. São mais de 150 jovens de 19 Estados.

Na Grande São Paulo e no Sul
Na segunda, o Guarulhos Tênis Clube recebe a segunda etapa do Circuito Banco do Brasil, com mais de 365 tenistas. A terceira etapa do Credicard MasterCard Juniors Cup começa na segunda, em Joinville.

E-mail reandaku@uol.com.br


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