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São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2003

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FUTEBOL

Competência e ambição

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Flamengo e Cruzeiro enfrentam hoje, fora de casa, o Sport e o Goiás, pelas semifinais da Copa do Brasil. Serão jogos difíceis. O Sport eliminou e goleou o Atlético-MG por 4 a 0, e o Goiás desclassificou o São Paulo.
O Flamengo não jogou bem contra o Guarani, mas melhorou muito com as presenças de Nelsinho, Fábio Baiano e Edílson, que não atuou contra o time de Campinas. A melhor atuação da equipe foi diante do Vitória, na Bahia.
Nesse jogo, o Flamengo usou bem o contra-ataque, com os passes inteligentes do Felipe, a mobilidade e a eficiência do Fábio Baiano e a velocidade e a habilidade do Edílson. Athirson está avançando mais pelo lado, sem embolar tanto com o Felipe pelo meio. Há sempre um atleta na cobertura do lateral, o que não acontecia.
A disciplina tática, o melhor preparo físico e a presença de vários jogadores de boa qualidade, como Júlio César, Felipe, Fábio Baiano, Athirson, Edílson e o jovem zagueiro André Bahia, que melhorou bastante, fazem do Flamengo um time com chances de evoluir e ganhar títulos.
O Cruzeiro vai enfrentar o irregular time do Goiás, lanterna do Brasileiro. O Goiás é um time estranho, com atuações ótimas e péssimas. Por isso, pode derrubar o invicto Cruzeiro. A principal jogada do Goiás são os velozes contra-ataques com Araújo.
Neste momento, o Cruzeiro tem a melhor equipe do Brasil, mas o elenco não é tão bom como dizem. Não há um bom reserva no gol para o jovem e ainda irregular Gomes e apenas uma opção para a zaga e para os dois atacantes. Maldonado, Felipe Melo e Zinho não podem jogar na Copa do Brasil. Augusto Recife, o melhor dos volantes, está suspenso. Se Sandro, contundido, não atuar hoje, Luxemburgo terá de improvisar.
Com a contusão do Luisão, Luxemburgo não escalou mais os três zagueiros. Muitos insistem que o Maldonado é um terceiro zagueiro. Ele não tem nem tamanho para ser zagueiro. É bem diferente o volante que protege a zaga de um autêntico zagueiro.
Contra o Corinthians, Maldonado jogou muito atrás, sem necessidade. Faltou mais um jogador na marcação no meio-campo. O Corinthians teve facilidade para tocar a bola. Maldonado não foi zagueiro nem armador.
O time do Cruzeiro é excelente, mas não é uma maravilha. É inferior às grandes equipes de um passado recente, como a do Corinthians que tinha Dida, Gamarra, Rincón, Vampeta, Marcelinho, Ricardinho, Edílson e Luizão ou a do Palmeiras com Rivaldo, César Sampaio, Djalminha, Müller e Luizão. Ambas eram dirigidas pelo Luxemburgo.
Essa é a grande qualidade do técnico do Cruzeiro: organizar bons conjuntos e insistir na contratação de excelentes jogadores, com características ideais para fazerem determinadas funções. Para tudo isso, é preciso tempo, boa estrutura profissional, apoio irrestrito do clube e dinheiro. Essa não é a realidade do futebol brasileiro. O Cruzeiro é exceção.
Luxemburgo pensa alto. Quer sempre mais e o melhor. É exigente, competente e ambicioso. Isso lhe trouxe títulos e problemas.

Libertadores
O Santos enfrenta hoje o Cruz Azul, no México. O rival não tem a tradição dos argentinos, mas está no mesmo nível técnico.
Teme-se pela ausência de Ricardo Oliveira. Ele faz muitos gols, mas só pensa nisso. Alberto marcava menos gols, mas servia aos colegas que vinham de trás. O jovem Douglas pode fazer o mesmo e já mostrou habilidade para isso.
O Grêmio vai enfrentar o Independiente da Colômbia. O time gaúcho teve ótimas atuações nas duas partidas contra o Olimpia. Quero ver o Grêmio pressionando desde o início do jogo e bem posicionado para receber o contra-ataque. Será muito importante a vitória com diferença de dois gols.

Sonho adiado
O Corinthians não teve tempo para refletir nem vivenciar o luto pela perda da Libertadores. Melhor assim. A equipe não se abateu, como era esperado, e teve ótima atuação contra o Cruzeiro, a melhor do Brasileiro.
O time voltou a tocar a bola como na época do Parreira. Isso é essencial. Não se pode confundir velocidade com afobação e pressa. Os torcedores precisam esquecer a frustração e apoiar os jogadores e o técnico. Se o Corinthians ficar entre os três primeiros, renascerá o sonho de ganhar a Libertadores. O sonho não acabou. Apenas foi adiado.

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