São Paulo, domingo, 21 de maio de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COPA 2006

"Nem o Barcelona joga igual à seleção", preocupa-se Juan

Equipe já disputou 12 jogos com o quarteto ofensivo; venceu sete, empatou três, perdeu dois e foi campeã no único torneio em que o usou


Quadrado é um fardo, afirmam zagueiros

DO ENVIADO A COLÔNIA E MUNIQUE

À pergunta, seguem-se alguns segundos de reflexão. E então cada um começa a responder à sua maneira, ciente de que pisa terreno delicado. "Olha", hesita Cris. "É...", balbucia Lúcio. "Bem...", começa Luisão. "Sobrecarrega", diz Juan, finalmente, de primeira.
Mas, entre os quatro zagueiros convocados para a Copa, três opiniões são unânimes. A primeira: o "quadrado mágico" é um fardo para a defesa. A segunda: se Carlos Alberto Parreira insistir com o esquema, a solução será treinar à exaustão e refrescar sempre a memória de meias e atacantes sobre a necessidade de marcar. A terceira é uma constatação: time nenhum no mundo joga parecido.
Até agora, a seleção jogou 12 partidas com o quadrado mágico, cinco nas eliminatórias, cinco na Copa das Confederações e dois amistosos. Venceu sete, empatou três e sofreu duas derrotas. Fez 35 gols e sofreu 12.
"Não tem nenhuma equipe que eu conheça... Nem o Barcelona, que é o melhor time do momento, joga igual à seleção", completa Juan, 27 anos e 38 jogos pelo time nacional. "A gente joga com o Adriano e o Ronaldo, dois atacantes. Joga com o Ronaldinho, mais um atacante, e o Kaká, outro. Joga com o Emerson, que na Juventus é segundo ou terceiro homem, e com o Zé Roberto, que no Bayern é um atacante defensivo."
Cris, 28 anos e 17 partidas pela equipe, também usa a equipe espanhola como paradigma.
"Só o Brasil tem o luxo de armar um time dessa maneira. O Barcelona não tem o quarteto, mas tem três na frente, o Messi, o Ronaldinho e o Eto'o. Só que lá todos saem pra marcar. Na seleção, todo mundo também vai ter que marcar", afirma.
Mais experiente do quarteto de zagueiros para a Copa, Lúcio, 28 anos e 50 jogos na seleção, bate na tecla da cobrança aos atletas que jogam à frente.
Algo que, segundo ele, já ocorreu na última Copa das Confederações, única competição até hoje que o Brasil disputou do início ao fim com o quadrado mágico -foi campeão.
"O treinador vai cobrar do pessoal ali do ataque, do meio, pra marcar, como na Copa das Confederações. O meio ajudou, principalmente na final, contra a Argentina, e não nos atrapalhou muito lá atrás. Teve uma sobrecarga, mas nada que tivesse prejudicado a seleção."
Para Luisão, 25 anos e 16 jogos pelo Brasil, Parreira terá de afinar a consciência da equipe. "Eu sempre falo que é questão de mentalidade. Se o Brasil conseguir criar a mentalidade de que tem que ajudar um pouco ali, fica perto da perfeição. A responsabilidade vai ter que ser lembrada o tempo todo", diz.
Para isso, não é necessário chegar a Weggis. O técnico da seleção pode começar o trabalho nesta noite. Seu divã, o vôo 8772, da Varig, para Zurique, na Suíça. (FÁBIO SEIXAS)


Texto Anterior: Sorte: Time aposta em imagens de santos e na Bíblia
Próximo Texto: Entrevista: Sob ameaça, Zé Roberto vê ala como ponta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.