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Na volta, Geninho tucana pega, pega
Técnico, que estréia hoje no Corinthians, contra o Vasco, diz que não vai abandonar expressão que o derrubou em 2003
Contratado para levar time de volta à Libertadores, ele diz que clube tem fobia da competição e revela que quer psicólogo para os jogadores
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
O pega, pega continua, mas
agora de outra forma. Em sua
estréia no comando do Corinthians, hoje, contra o Vasco, o
técnico Geninho, 57, diz que
não irá aposentar o termo que
deu início à sua queda no cargo
em 2003. Em jogo que eliminou o clube paulista da Taça Libertadores daquele ano, ele gritou "pega, pega" para o lateral
Roger em lance com D'Alessandro, do River Plate.
Roger deu um pontapé, foi
expulso, e o técnico caiu em
desgraça. Em sua volta ao Parque São Jorge, ele diz que agora
vai disfarçar o termo. "Diminui" e "encosta" são as novas
expressões do treinador, que
volta 10 kg mais magro do que
na última passagem pelo clube.
Em entrevista à Folha, ele
diz que o Corinthians precisa
de ajuda psicológica para vencer a Libertadores e revela que,
se o time ganhar vaga no torneio em 2007, vai contratar um
profissional para ajudar a equipe a superar esse trauma.
FOLHA - Você disse que hoje é um
técnico mais maduro. O que mudou
no Geninho de 2003 para agora?
GENINHO - Eu tenho mais tranqüilidade para decidir. Acho
que vejo as coisas com mais clareza, administro melhor os
problemas e me sinto mais preparado para algumas situações.
Acumulei aprendizado.
FOLHA - Quais foram os erros que
você cometeu?
GENINHO - Você erra sempre.
Não um erro crasso de ter escalado errado. Mas poderia ter
feito algumas coisas diferentes,
conduzir o grupo de uma maneira diferente, fazer um trabalho pré-jogo diferente.
FOLHA - O pega, pega morreu na
sua nova gestão?
GENINHO - O pega, pega continua, mas talvez eu não use esse
termo. Para evitar esse tipo de
problema. Quem vive no futebol sabe que não tem a ver.
FOLHA - Mas você ficou marcado
negativamente com isso...
GENINHO - Esse termo causou a
expulsão de um jogador e a desclassificação na Libertadores.
Se eu tivesse ganho, o pega, pega ia ser exaltado. "Olha, o Geninho montou um time pegador".
E é isso que queria dizer. O pega, pega é um time de marcação
forte, não de pontapé, que vai
agredir o adversário, mas um time que marque sem dar espaço. Mas hoje não uso o termo
"pega". Uso "diminui", "encosta",
porque aquele ficou marcado
negativamente. Hoje me policio mais nas declarações.
FOLHA - Em 2003, não havia camisa do seu número para você dar os
treinos. E agora?
GENINHO - Eu emagreci bastante. O que me emagreceu foi ficar seis meses na Arábia. Eu
perdi 18 kg lá. Tinha uma vida
mais regrada, fazia academia,
me cuidava mais, jogava tênis,
não tinha chope. Quando voltei
para Goiânia, não tinha muito
tempo, parei de fazer exercícios
e voltei a tomar chope. Dos 18
kg que perdi, ganhei oito, mas
continuo dez mais magro. O
uniforme do Corinthians hoje
entra em mim.
FOLHA - Qual é seu peso agora?
GENINHO - Estou com 104 kg.
FOLHA - Pretende voltar a malhar?
GENINHO - Pretendo, porque
ajuda a aliviar o estresse. Apesar de que é difícil falar que vou
ter tempo de fazer academia.
Nesta semana não almocei.
FOLHA - E o chope, deu tempo?
GENINHO - Também não.
FOLHA - Você toma muito?
GENINHO - Não, de vez em
quando. Uma, duas vezes por
semana, quando tenho um
tempinho. Tomo dois, três e
vou embora. Mesmo porque
você não tem muita privacidade aqui. Em Goiás era mais
tranqüilo, fazia mais vezes.
FOLHA - O que você encontrou de
diferente na sua volta a São Paulo?
GENINHO - Basicamente um
Corinthians mais forte. Em
2003, tive que montar um time
que foi bom e ganhou o Paulista
e que, depois, foi desmontado.
Lancei boa parte dessa meninada que está aí, como o Betão e o
Coelho. Eu fico satisfeito com
isso, mas eles queimaram etapas. Foram para o profissional
sem passar pelo juniores.
FOLHA - Você não acha que é cada
vez mais difícil o Corinthians ganhar
a Libertadores?
GENINHO - A Libertadores virou fobia para o clube. Está parecendo aqueles longos anos
sem títulos paulistas. O time
começa bem e, quando chega
nos mata-matas e se vê numa
situação de risco de desclassificação, o emocional pesa. Isso
aconteceu comigo em 2003 e
também agora. Tem que aprender a jogar a Libertadores.
FOLHA - Como se livrar da fobia?
GENINHO - Tem que ser feito
um trabalho de conscientização, trabalho psicológico forte.
FOLHA - Você pretende recorrer a
alguma ajuda profissional?
GENINHO - Se tudo correr bem e
nos classificarmos, eu acho que
sim. Seria um trabalho de assessoria nessa parte. Eu tenho
um conhecimento, mas que é
básico, nessa área. Se o Corinthians aprender a dominar os
nervos, estar preparado para situações difíceis, pode chegar
porque tecnicamente é capaz,
mas perde para os nervos.
FOLHA - Desde a chegada da MSI
vários jogadores já se desentenderam. O grupo está destemperado?
GENINHO - Eu tenho tentado
mostrar a eles que é fundamental que estejam unidos. Eu falo
a eles que não temos que ser
amigos fora daqui, mas que
aqui temos que ser irmãos. Dependemos um do outro. Se um
não tiver entrosado, atrapalha
o resto. Mas você não consegue
isso de uma hora para outra.
Não consegui nesta semana,
mas já melhorei muitas coisas.
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