São Paulo, quarta-feira, 21 de maio de 2008

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Ex-jogadores ousados, técnicos pregam disciplina

Renato, no Flu, e Muricy, no São Paulo, exigem dos atletas aplicação e cautela

Entre os menos produtivos desta Taça Libertadores, ataques contrariam caráter ofensivo que treinadores tinham quando atletas

DA REPORTAGEM LOCAL

Um ponta-direita cabeludo entrava em campo na década de 80 por Grêmio e Flamengo com meias arriadas, caneleira serrada (ele preferiria não usar, mas o regulamento o obrigava), faixa de churrascaria na cabeça e era conhecido por dribles mortais, conquistas extracampo e língua afiada.
Um meia do São Paulo também ostentava longa cabeleira em seus dias de glória nos anos 70. Se não era exatamente indisciplinado, podia ser confundido com um: andava de tamanco, jardineiro, e podia ser flagrado com maços de cigarro em seus momentos de lazer, freqüentando as melhores rodas de samba da cidade.
Ousados em seus anos de suor nos gramados, ambos se enfrentam hoje à noite no Maracanã pregando disciplina tática e comportamental aos atletas à beira do campo.
Tanto o Fluminense do ex-ponta Renato Gaúcho quanto o São Paulo do ex-meia Muricy Ramalho são equipes que nem de longe lembram os jogadores que seus técnicos foram.
Nenhuma das duas equipes conta com as explosões de humor capazes de expulsar Renato Gaúcho de uma partida. Nem são extremamente produtivas no ataque como eram em campo seus comandantes.
Fluminense e São Paulo estão entre os piores ataques da Libertadores nesta edição (14 e 9 gols, respectivamente 6º e 8º dos oito times que restaram).
O passado vira arma para Renato Gaúcho. "A gente usa a nossa experiência de antigamente para ficar com o grupo nas mãos. Sabemos o que eles vão falar, por isso nos antecipamos muito", afirma Renato, que se defende da baixa produtividade do grupo. "Sou um dos técnicos que mais jogam ofensivamente no Brasil."
Ao ouvir que era um suposto "rebelde", Muricy Ramalho bufa e faz troça da juventude do repórter da Folha. "Esse não me viu jogar mesmo..."
Apesar de se assumir "maloqueiro" e ser amigo do peito de um dos grandes quizumbeiros do futebol nacional, o ex-atacante Serginho Chulapa. Mas dizer com quem ele andava não diz quem ele foi, segundo o treinador são-paulino.
"Eu não era rebelde. Tinha cabelo comprido, só isso. Porque era a onda. Se eu tivesse cabelo hoje, deixaria comprido", afirma Muricy, quase sempre com a cabeça escondida sob o boné do patrocinador.
O treinador -que enfrentou quando jogador o técnico José Poy, que o queria de cabelo cortado, e se impôs- não faz grandes exigências disciplinares ao time. Mas o que o tira do sério são cartões desnecessários.
"O que a gente mais fala aqui é para que se evite o cartão bobo, de reclamação com juiz e de carrinho", declara Muricy.


NA TV - Fluminense x São Paulo
Globo, Band e Sportv 2, ao vivo, a partir das 21h50


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