|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO
Dois grandes jogos
O estilo do Manchester lembra o do Fluminense, e o do Chelsea, o do São Paulo.
Serão dois grandes jogos
NÃO VOU falar de partidas do
Corinthians, que foi para a
segunda divisão e ficou mais
badalado pela imprensa. Parece
que disputa o título mundial. Dá
muita audiência.
Antes do primeiro jogo entre São
Paulo e Fluminense, escrevi, com
ironia e para enfatizar o equilíbrio,
que ia apostar no Tricolor. Uns entenderam que era o Tricolor paulista. Outros, o Tricolor carioca.
Disseram ainda que, como todo
mineiro, fiquei em cima do muro.
Mineiro, mesmo quando é sensato
e equilibrado, o que muitas vezes
não sou, é rotulado de ficar em
cima do muro.
No Morumbi, São Paulo e Fluminense jogaram com três zagueiros. A
melhor maneira de atacar essas
equipes é colocar um jogador veloz
nas costas dos alas, como atuou Dagoberto. Assim saiu o gol. Se Dagoberto soubesse finalizar, sairiam
outros. Ele está sempre com o
corpo desequilibrado no momento
do chute.
Já o Fluminense não teve ataque.
Os dois centroavantes ficaram muito estáticos e foram facilmente anulados pelos três zagueiros. Fábio
Santos não deixou Thiago Neves jogar, e os laterais do Flu não avançaram, com medo de levar bolas nas
costas e porque foram impedidos
pelos alas do São Paulo.
Hoje, mesmo se os técnicos repetirem a estratégia e escalarem os
mesmos jogadores, tudo pode ser
diferente.
Cada jogo tem sua história, diz o
correto e antigo chavão, que não foi
dito pelo filósofo Neném Prancha.
Isso me lembra um bar de Madri,
que tinha uma placa na entrada:
"Ernest Hemingway nunca esteve
aqui".
Chelsea e Manchester United decidem na Rússia a Copa dos Campeões da Europa. O Manchester
tem um estilo mais parecido com o
do Fluminense, e o Chelsea, com o
do São Paulo.
O Chelsea é mais forte fisicamente, mais pragmático, utiliza mais as
jogadas aéreas e tem um excepcional centroavante, Drogba. Já o Manchester joga um futebol mais vistoso, mais leve e mais habilidoso do
meio para frente. Individualmente
as duas equipes se equivalem, como
entre São Paulo e Fluminense.
Gosto mais do estilo de Manchester e Fluminense, o que não significa
que sejam favoritos. Há equilíbrio,
aqui e lá.
Se São Paulo e Chelsea conquistarem os objetivos, será reforçado o
conceito de que equipes mais pragmáticas são mais competitivas. Mas
todos os grandes times com esse estilo tinham também excelentes jogadores, como a seleção brasileira
de 1994, os times gaúchos que ganharam Campeonatos Brasileiros,
a seleção italiana de 1982 e tantos
outros.
Se Manchester e Flu vencerem,
será exaltado o estilo mais leve e habilidoso. Porém os grandes times
com essas características, que ganharam e/ou que encantaram, possuíam também ótimos conjuntos,
como as seleções brasileiras de 1958,
1970 e 1982, o Barcelona de anos
atrás, grandes times da história do
futebol brasileiro e muitos outros.
Portanto, é a qualidade do jogador, e não os esquemas táticos e os
estilos, o fator mais importante.
Nem sempre se forma um grande time com excelentes jogadores, mas
raramente ou nunca vai existir um
grande time sem ótimos jogadores.
Texto Anterior: Na bronca: "Faltou ética a Luxemburgo" Próximo Texto: Tênis - Régis Andaku: Em busca de uma vida real Índice
|