UOL


São Paulo, sábado, 21 de junho de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Jogador, que esteve 2 meses suspenso por consumo de maconha, é o único a começar todos os jogos do Brasil na Liga Mundial de vôlei e ainda apresenta o melhor desempenho do time

Relaxado, Giba renasce e já é pilar de Bernardinho

MARIANA LAJOLO
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Quando pisou na quadra do Ibirapuera vestindo a camisa verde-amarela, há quase um mês, ele, como sempre, ouviu os mais altos gritos da torcida. Mas, mesmo habituado com o ritual que se repete desde 1997, Giba sentiu alívio.
A recepção dos torcedores na estréia do Brasil na Liga Mundial pôs fim ao temor que surgira desde 27 de janeiro, quando foi anunciado o resultado positivo para maconha em teste feito na Itália.
O doping, que o deixou dois meses parado, podia arranhar o que ele considerava mais importante na sua carreira: a imagem.
Tranquilo com a reação do público, Giba, 26, encontrou mais facilidade para jogar e se tornou um dos pilares da equipe do técnico Bernardinho nesta Liga.
O atacante foi o único a começar todas as partidas do torneio como titular e tem apresentado o desempenho mais regular do time.
Giba é o maior pontuador (115 pontos), o segundo melhor atacante -perde para Anderson- e tem o melhor bloqueio da seleção.
Vem se destacando até em fundamentos como defesa e recepção -está atrás apenas do líbero Escadinha, especialista nas funções.
"Na última temporada, eu joguei passando e ganhei experiência. Também tenho seguido o que o Renan [ex-jogador e seu ex-técnico] dizia. Não basta jogar, você tem de aprender o jogo."
Giba se apresentou à seleção exatos três meses após o anúncio do doping. Graças à eliminação precoce do Ferrara no Italiano, teve tempo para se preparar.
Enquanto treinava, peças importantes, como Nalbert, continuavam a jogar na Itália. Outras, como Gustavo, começavam a sofrer lesões por causa do desgaste do final de temporada.
Giba só teve seu primeiro problema no treino de anteontem, em Brasília, que recebe neste fim de semana os duelos contra a Itália. Sentiu dores na região do pescoço, mas deve ter condições.
"Diante desse quadro, a gente começou a remontar o time em cima dele. Ele foi se firmando como um pilar", diz Bernardinho.
A boa resposta de Giba na Liga Mundial ajudou também o técnico a respirar aliviado não só na montagem da equipe. Bernardinho temia que as reações externas ao grupo após o doping pudessem prejudicar o jogador.
A repercussão do caso, no entanto, além de não afetar seu jogo na quadra, também não interferiu em seus negócios fora dela.
Mesmo antes de sua pena ser divulgada -pegou apenas oito jogos, a menor punição imposta até hoje pela federação italiana-, Giba já tinha proposta para renovar contrato com o Ferrara.
"Não tinha medo [de ter problemas para negociar contratos] porque sei quem eu sou e o que posso fazer", afirma o atacante.
Na próxima temporada, no entanto, vai jogar no Cuneo. Além de ter recebido proposta mais vantajosa do clube, Giba vai morar mais perto da namorada, a romena Cristina Pirv. Se continuar na Itália, a atacante renovará seu contrato com o Novara.
Quanto a seus planos, Giba diz que ainda não decidiu se fará alguma campanha contra o uso de drogas, mas irá doar um mês de seu salário na seleção para uma instituição que faça tratamento de dependentes químicos.


A jornalista Mariana Lajolo viaja a convite da CBV

NA TV - Brasil x Itália, ao vivo, às 10h, na Globo


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: O personagem: Namorada diz não ter ciúmes das torcedoras
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.