São Paulo, segunda-feira, 21 de junho de 2010

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XICO SÁ

Sambinha do agouro


Copa do Mundo é isso: farra e mulher bonita, porque gostar de futebol é outra parada

AMIGO TORCEDOR, amigo secador, diante da euforia da pátria em shortinhos e miniblusas -que tarde linda!-, só restou ao estimado corvo Edgar o sorriso sacana dos falsos profetas, a saliva de jiló daqueles que resmungam e soltam impropérios: "Vocês não perdem por esperar, me aguardem, queridos e ufanistas Pachecões e Pachechinhos".
No que me liga o Chico Bacon, também tirando onda. O xará macho do gênio Francis é Brasil, mesmo não sendo dunguista. O corvo, borracho, óbvio, aceitou diplomaticamente as provocações, mas fez um sambinha-paródia do agouro, de carona em um outro Francisco: "Tô me guardando pra quando / a semifinal chegar..."
É, amiga Karina Buhr, viste o jogo com a elegância de uma Maria Yuryevna Sharapova, e aqui no meu peito de um Brasil mais utópico... a secação prossegue. Foi bonita a festa, pá, de ontem, Copa e aniversário do nosso brother Thiago Veloso, no Aníbal, fiquei contente.
Copa é isso: farra e mulher bonita, porque gostar de futebol é outra parada. Futebol do verdadeiro macho-jurubeba, o homem roots, o ancestral social clube foi Barretos 4 x 1 Matonense, para a felicidade do Matinas, ou a virada do Santa Cruz no Nordestão, o melhor torneio do mundo, sobre o Botafogo da Paraíba: 1 x 2, para o respiro de outro irmão, o Fábio Trummer.
A sorte é que a quarta do Paulista e o regional supracitado ignoram a Copa, e os jogos acontecem neste mesmo período. Um refresco. Não viveria sem futebol de verdade. O torneio mundial não passa de um concurso de miss não-me-toques, tudo bichado pelo fim da temporada europeia, tudo fake.
Juro que ontem lembrei de um Icasa x Quixadá. Os uniformes eram os mesmos, donde o verdão do Cariri era a Costa do Marfim, claro. Até as botinadas repetiram o clássico cearense visto no Romeirão nos anos 1980. Sim, o Quixadá fez um roubado também, mas não tão imoral como o de ontem.
E o juiz ainda teve a pachorra -como amo essa palavra, aliás, sinto que estou meio fraco e fresco quando começo a gostar mais de vocábulo do que de jogo- de perguntar ao Fabiano se ele havia tocado mesmo com a mão. Só rindo.
Vale, de volta, o estrebilho do corvo: "Tô me guardando pra quando a semifinal chegar". Talvez nem precise me guardar tanto. Deus tomara!

xico.folha@uol.com.br


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