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FUTEBOL
Possível última edição para as equipes brasileiras do rentável interclubes sul-americano começa hoje, em Brasília
Copa Mercosul desafia a própria morte
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Crise energética, crise argentina,
crise técnica, crise de calendário,
crise política, crise de interesse...
A Copa Mercosul começa a enfrentar hoje o seu maior desafio. A
competição, que nasceu em 1998
como o mais rentável e promissor
torneio interclubes sul-americano, luta até contra sua extinção.
Flamengo e Nacional, do Uruguai, abrem em Brasília a Mercosul, que está seriamente ameaçada de não contar mais com os clubes brasileiros a partir de 2002.
""Eu não acredito no fim da Copa Mercosul. O que pode acontecer com o torneio é o que aconteceu há alguns anos com a Libertadores, que foi desdenhada pelos
clubes brasileiros nos anos 70 e
80", disse J. Hawilla, principal
executivo da Traffic, agência que
detém os direitos da Mercosul.
Por contrato, a competição está
garantida até 2007. Mas o novo
calendário do futebol nacional
apresentado pela Confederação
Brasileira de Futebol (CBF) pode
minar de vez a competição.
O Vasco, presidido por Eurico
Miranda, garante que joga a Mercosul em 2002 mesmo que passe
por cima do novo calendário da
CBF. Outros times do país, como
Cruzeiro, Corinthians e São Paulo, também mostram interesse em
continuar jogando a competição,
mas não convenceram a CBF.
Uma proposta seria jogar a
Mercosul no primeiro semestre.
Participariam os times que não
estão na Libertadores. A proposta
já foi descartada pela Traffic.
""Não há possibilidade de isso
acontecer. A Copa Mercosul ficaria desvalorizada assim. Ela [a
competição" nasceu para reunir
os times de maior expressão do
continente", disse Hawilla.
Mesmo contando com os clubes de maior apelo popular e comercial do continente, a Mercosul já vai sofrer neste ano com o
caos econômico e energético.
""É claro que a crise financeira
na Argentina e a crise energética
no Brasil afetam o torneio. Na Argentina, o preço dos ingressos
continua o mesmo, mas o poder
de compra das pessoas caiu. No
Brasil, o jogo do São Paulo com o
Peñarol [quarta-feira" foi antecipado para a tarde, o que já tira até
30% do público", disse Hawilla.
A crise técnica também ameaça
a Mercosul, que teve seus melhores momentos em suas últimas
decisões -as finais entre Flamengo e Palmeiras, em 99, e entre
Vasco e Palmeiras, em 2000, foram recheadas de gols e emoção.
Os clubes argentinos, devido à
crise, não param de negociar seus
craques -o River Plate já perdeu
o atacante Saviola, e o Boca Juniors não deve contar com Riquelme. Os clubes chilenos já foram advertidos porque têm colhido seguidos fracassos no torneio.
Uruguaios e paraguaios também
não foram longe na competição.
O Brasil, mesmo com uma geração de poucos talentos, monopoliza as decisões da Mercosul -só
brasileiros foram às finais do torneio, que teve como campeões
Palmeiras, Flamengo e Vasco.
Em época de tanta crise, a Copa
Mercosul continua apostando em
uma boa premiação para estimular os participantes. O campeão
deve receber algo em torno de
US$ 4,7 milhões -por jogo como
mandante, um time deve ganhar
US$ 250 mil na primeira fase.
Outro chamariz é uma vaga no
Mundial de Clubes -o campeão
do torneio deve disputar um quadrangular que rende vaga na próxima edição do evento da Fifa.
Certo mesmo é que o sistema de
disputa repete o das três primeiras edições. São cinco grupos com
quatro times cada um. Avançam
às quartas-de-final os campeões
de cada chave mais os três melhores segundos colocados.
Uma novidade é que a final deste ano terá, obrigatoriamente, só
dois jogos -antes, uma terceira
partida podia ser disputada.
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