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Acerto de contas
Brasil dá troco em Cuba com 2 ouros no judô, que, com 100% de pódios, caminha para cumprir sua meta
EDGARD ALVES
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Até o momento, o objetivo foi
alcançado. Após dois dias, com
disputas de 6 das 14 categorias,
o judô brasileiro está no rumo
para ao menos igualar o desempenho do Pan anterior -meta
dos cartolas nos Jogos do Rio.
Mais: o desempenho serviu
como uma vingança contra os
cubanos, que, na véspera, haviam triunfado em decisão não
só no tatame (o pesado João
Gabriel Schlitter perdeu para
Oscar Brayson) como também
no vôlei (entre as mulheres).
Ontem, foram quatro medalhas no Riocentro -dois ouros
(Tiago Camilo e Edinanci Silva), uma prata (Mayra Aguiar)
e um bronze (Luciano Corrêa),
e o Brasil figura no pódio em
100% das provas disputadas.
Em Santo Domingo, foram
dez medalhas (cinco ouros,
uma prata e quatro bronzes).
No Rio, o judô do país soma até
aqui duas peças de cada metal.
"Após o segundo dia, vejo que
a probabilidade de superação é
concreta. Acredito numa melhora qualitativa, inclusive",
disse Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
Ney Wilson, coordenador da
entidade, considera precipitado falar em missão cumprida
antes da metade da competição, mas demonstra otimismo.
"Acho que o time supera Santo
Domingo. Se der tudo certo,
manterá 100% de pódios."
Há quatro anos, o esporte foi
responsável pelo maior número de títulos da delegação nacional, marca que envaidece os
dirigentes, mas não os seduz.
"Nosso objetivo é com nós
mesmos. Não dá para comparar
com outras modalidades, com
diferentes números de medalhas em jogo. Queremos superar Santo Domingo e superar
Cuba pela hegemonia masculina e feminina no continente",
completou Wilson.
Com o resultado de ontem, o
Brasil assumiu a liderança no
quadro de medalhas do judô,
passando os cubanos, que têm
um bronze a menos.
As declarações da bicampeã
Edinanci Silva após seu título
ilustram a dimensão da rivalidade. "Yurisel Laborde é uma
grande judoca. Neste ano [até
ontem], havia tido quatro confrontos com ela e perdido três."
Sua alegria contrastava com
o choro de Laborde, algoz de
Edinanci no Mundial-2003.
Entre os brasileiros, mesmo
quem perdeu sorriu. Luciano
Corrêa foi batido pelo cubano
Oreidis Despagne na semifinal
e acabou em terceiro na categoria até 100 kg. E profetizou:
"Podem esperar mais medalhas. O Brasil é uma potência
mundial de judô hoje".
Tiago Camilo, que em só 30
segundos bateu o cubano Jorge
Benavides na classe até 90 kg,
foi até mais otimista. "Espero
que, com o desencanto de hoje
[ontem], venha mais ouro."
Hoje, o acerto de contas entre Brasil e Cuba deve começar
logo cedo. Flávio Canto não luta na primeira rodada, mas deve estrear contra o cubano Óscar Cardenas. O confronto, na
avaliação de Camilo -que costuma desafiar os dois nos 81
kg-, é a final antecipada.
Em agosto, Camilo e Canto
terão disputa particular. Eles
participarão de torneio na Alemanha, e quem for melhor deve
ser o titular da categoria no
Mundial do Rio, em setembro.
Priscila Marques (acima de
78 kg, bronze anteontem), Edinanci (até 78 kg) e Mayra (até
70 kg), por serem pódio no Rio,
já estão garantidas no Mundial.
No masculino, isso só acontece com os que forem campeões no Pan -exceto nas categorias até 81 kg (haverá seletiva) e até 90 kg, em que Carlos
Honorato está escalado desde
que foi cortado dos Jogos cariocas para Camilo participar.
Nas classes em que os brasileiros não se classificarem via
Pan, será definida outra forma
de selecionar a equipe do Mundial. Podem ocorrer desde confrontos diretos com os reservas
até a convocação por opção
particular dos treinadores.
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