São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Acerto de contas


Brasil dá troco em Cuba com 2 ouros no judô, que, com 100% de pódios, caminha para cumprir sua meta

EDGARD ALVES
LUÍS FERRARI
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Até o momento, o objetivo foi alcançado. Após dois dias, com disputas de 6 das 14 categorias, o judô brasileiro está no rumo para ao menos igualar o desempenho do Pan anterior -meta dos cartolas nos Jogos do Rio.
Mais: o desempenho serviu como uma vingança contra os cubanos, que, na véspera, haviam triunfado em decisão não só no tatame (o pesado João Gabriel Schlitter perdeu para Oscar Brayson) como também no vôlei (entre as mulheres).
Ontem, foram quatro medalhas no Riocentro -dois ouros (Tiago Camilo e Edinanci Silva), uma prata (Mayra Aguiar) e um bronze (Luciano Corrêa), e o Brasil figura no pódio em 100% das provas disputadas.
Em Santo Domingo, foram dez medalhas (cinco ouros, uma prata e quatro bronzes). No Rio, o judô do país soma até aqui duas peças de cada metal.
"Após o segundo dia, vejo que a probabilidade de superação é concreta. Acredito numa melhora qualitativa, inclusive", disse Paulo Wanderley Teixeira, presidente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô).
Ney Wilson, coordenador da entidade, considera precipitado falar em missão cumprida antes da metade da competição, mas demonstra otimismo. "Acho que o time supera Santo Domingo. Se der tudo certo, manterá 100% de pódios."
Há quatro anos, o esporte foi responsável pelo maior número de títulos da delegação nacional, marca que envaidece os dirigentes, mas não os seduz.
"Nosso objetivo é com nós mesmos. Não dá para comparar com outras modalidades, com diferentes números de medalhas em jogo. Queremos superar Santo Domingo e superar Cuba pela hegemonia masculina e feminina no continente", completou Wilson.
Com o resultado de ontem, o Brasil assumiu a liderança no quadro de medalhas do judô, passando os cubanos, que têm um bronze a menos.
As declarações da bicampeã Edinanci Silva após seu título ilustram a dimensão da rivalidade. "Yurisel Laborde é uma grande judoca. Neste ano [até ontem], havia tido quatro confrontos com ela e perdido três."
Sua alegria contrastava com o choro de Laborde, algoz de Edinanci no Mundial-2003.
Entre os brasileiros, mesmo quem perdeu sorriu. Luciano Corrêa foi batido pelo cubano Oreidis Despagne na semifinal e acabou em terceiro na categoria até 100 kg. E profetizou: "Podem esperar mais medalhas. O Brasil é uma potência mundial de judô hoje".
Tiago Camilo, que em só 30 segundos bateu o cubano Jorge Benavides na classe até 90 kg, foi até mais otimista. "Espero que, com o desencanto de hoje [ontem], venha mais ouro."
Hoje, o acerto de contas entre Brasil e Cuba deve começar logo cedo. Flávio Canto não luta na primeira rodada, mas deve estrear contra o cubano Óscar Cardenas. O confronto, na avaliação de Camilo -que costuma desafiar os dois nos 81 kg-, é a final antecipada.
Em agosto, Camilo e Canto terão disputa particular. Eles participarão de torneio na Alemanha, e quem for melhor deve ser o titular da categoria no Mundial do Rio, em setembro.
Priscila Marques (acima de 78 kg, bronze anteontem), Edinanci (até 78 kg) e Mayra (até 70 kg), por serem pódio no Rio, já estão garantidas no Mundial.
No masculino, isso só acontece com os que forem campeões no Pan -exceto nas categorias até 81 kg (haverá seletiva) e até 90 kg, em que Carlos Honorato está escalado desde que foi cortado dos Jogos cariocas para Camilo participar.
Nas classes em que os brasileiros não se classificarem via Pan, será definida outra forma de selecionar a equipe do Mundial. Podem ocorrer desde confrontos diretos com os reservas até a convocação por opção particular dos treinadores.


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