São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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Judô

Sucesso vem dos 15 aos 30 e coroa nova estratégia

"Sentia que elas carregavam um ar de derrota", diz técnica que extinguiu treinamento conjunto de homens e mulheres

Mayra Aguiar, 15, que ainda é faixa marrom e possui a metade da idade de Edinanci Silva, supera expectativa e fica com medalha de prata


Eduardo Knapp/Folha Imagem
Edinanci Silva, de azul, tenta golpear judoca cubana


DOS ENVIADOS AO RIO

O judô brasileiro contemplou ontem todas as idades. Da novata Mayra Aguiar da Silva, 15, à conhecida Edinanci Silva, 30, passando por Tiago Camilo, 25, e Luciano Corrêa, 24, todas as gerações da seleção fizeram bandeiras brasileiras tremularem no Riocentro.
A maior surpresa foi a novata, ainda faixa marrom. Os dirigentes tinham dúvida de como seria a reação dela ao público.
"Mayra foi vice também no Campeonato Pan-Americano, realizado há pouco mais de um mês no Canadá. Tínhamos expectativa quanto à sua performance aqui, mas podia se abalar com o público, o que não aconteceu. Ela mostrou personalidade", avaliou Ney Wilson, coordenador das seleções.
Sinalizando para as arquibancadas depois dos combates, a gaúcha mostrou até mais desenvoltura com a arena lotada do que Edinanci, que tem o dobro de sua idade. Ontem, a paraibana entrou e saiu das lutas encapuzada e cabisbaixa, até triunfar. "Quis me isolar um pouco", disse a meio-pesado.
"A torcida ajuda bastante, mas acaba distraindo, e há grandes atletas na América", explicou ela, que dedicou o ouro às famílias que perderam pessoas na tragédia de Congonhas. "Nós, atletas, vivemos em aviões", falou Edinanci, que chorou durante a declaração.
Rosicléia Campos, técnica da equipe feminina, atribuiu a uma mudança na preparação o sucesso de suas pupilas.
Os times masculino e feminino sempre participaram de treinamentos conjuntos. Convidada para assumir a função, a ex-judoca impôs como condição que a equipe cumprisse seu trabalho desatrelada da preparação do time masculino.
"Era uma questão psicológica. Por mais que treinassem corretamente, sentia que as meninas carregavam um ar de derrota. E por um motivo óbvio: a comparação com os homens", declarou Rosicléia.
Seu par no time masculino, Luis Shinohara, elogiou a performance de Tiago Camilo. "Ele é muito técnico. E soube fazer seu jogo", falou, sobre a trajetória do campeão.
Sobre Luciano Corrêa, o treinador apontou que o meio-pesado sentiu a pressão do público. "Com o barulho, acho que acabou desconcentrado. Ele entrou meio temeroso contra o cubano", declarou o treinador.
(EDGARD ALVES E LUÍS FERRARI)


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