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Judô
Sucesso vem dos 15 aos 30 e coroa nova estratégia
"Sentia que elas carregavam um ar de derrota", diz técnica que extinguiu treinamento conjunto de homens e mulheres
Mayra Aguiar, 15, que ainda é faixa marrom e possui a metade da idade de Edinanci Silva, supera expectativa e fica com medalha de prata
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Edinanci Silva, de azul, tenta golpear judoca cubana |
DOS ENVIADOS AO RIO
O judô brasileiro contemplou ontem todas as idades. Da
novata Mayra Aguiar da Silva,
15, à conhecida Edinanci Silva,
30, passando por Tiago Camilo,
25, e Luciano Corrêa, 24, todas
as gerações da seleção fizeram
bandeiras brasileiras tremularem no Riocentro.
A maior surpresa foi a novata, ainda faixa marrom. Os dirigentes tinham dúvida de como
seria a reação dela ao público.
"Mayra foi vice também no
Campeonato Pan-Americano,
realizado há pouco mais de um
mês no Canadá. Tínhamos expectativa quanto à sua performance aqui, mas podia se abalar com o público, o que não
aconteceu. Ela mostrou personalidade", avaliou Ney Wilson,
coordenador das seleções.
Sinalizando para as arquibancadas depois dos combates,
a gaúcha mostrou até mais desenvoltura com a arena lotada
do que Edinanci, que tem o dobro de sua idade. Ontem, a paraibana entrou e saiu das lutas
encapuzada e cabisbaixa, até
triunfar. "Quis me isolar um
pouco", disse a meio-pesado.
"A torcida ajuda bastante,
mas acaba distraindo, e há
grandes atletas na América",
explicou ela, que dedicou o ouro às famílias que perderam
pessoas na tragédia de Congonhas. "Nós, atletas, vivemos em
aviões", falou Edinanci, que
chorou durante a declaração.
Rosicléia Campos, técnica da
equipe feminina, atribuiu a
uma mudança na preparação o
sucesso de suas pupilas.
Os times masculino e feminino sempre participaram de
treinamentos conjuntos. Convidada para assumir a função, a
ex-judoca impôs como condição que a equipe cumprisse seu
trabalho desatrelada da preparação do time masculino.
"Era uma questão psicológica. Por mais que treinassem
corretamente, sentia que as
meninas carregavam um ar de
derrota. E por um motivo óbvio: a comparação com os homens", declarou Rosicléia.
Seu par no time masculino,
Luis Shinohara, elogiou a performance de Tiago Camilo.
"Ele é muito técnico. E soube
fazer seu jogo", falou, sobre a
trajetória do campeão.
Sobre Luciano Corrêa, o treinador apontou que o meio-pesado sentiu a pressão do público. "Com o barulho, acho que
acabou desconcentrado. Ele
entrou meio temeroso contra o
cubano", declarou o treinador.
(EDGARD ALVES E LUÍS FERRARI)
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