São Paulo, sábado, 21 de julho de 2007

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ESQUI AQUÁTICO

Falta de estrutura força saída caseira

Para fugir de pescadores e banhistas, atletas "clonam" rampa da internet

Casa de irmãos à beira de represa paulista serve como principal centro de treinos para praticantes do esporte, pouco conhecido no país

ITALO NOGUEIRA
DO ENVIADO AO RIO

O treino de Thiago começa cedo, às 6h. Tudo para fugir de lanchas e crianças na represa de Americana (SP). Em Sertãozinho, Ribeirão Preto (SP), a família Neves recorreu à "pirataria" para aproveitar o lago à beira de casa: construíram uma rampa a partir de uma planta obtida na internet.
Foi assim -tentando adequar um certo profissionalismo à falta de estrutura- que se preparou a equipe brasileira de esqui aquático do Pan-Americano, que faz sua estréia hoje.
Pode-se dizer que se trata de um esporte família: todos começaram no esqui crianças, vendo seus pais deslizando sobre as pranchas próximo de casa. E como todos os praticantes se conhecem, formou-se também uma família no esporte.
Fernando Neves, 23, começou a esquiar com dois anos, vendo seu pai praticar o esporte no lago da própria fazenda. Atualmente, divide o treinamento na represa de Guarapiranga com os estudos do curso de Administração no Ibmec.
"Se você conhecer meu lago vai ver que é muito melhor treinar lá. Em Guarapiranga, tenho que acordar às 5h, treinar numa imundície e dividir a pista com pescador", reclama. A água do lago era usada há alguns anos para refrigerar as máquinas da usina de cana-de-açúcar que existia na fazenda. "Agora é o lago do Brucutu", diz Fernando, referindo-se ao apelido.
A fazenda da família Neves é apontada pela delegação nacional de esqui como o melhor "centro de treinamento" do país. Para a modalidade salto -em que o competidor tenta atingir a maior distância depois de passar por uma rampa, puxado por uma lancha-, Caio, irmão de Felipe e Fernando, buscou no site da federação internacional de esqui uma planta para a construção da rampa. "Ele foi até um ferreiro, comprou as barras, soldou e ela está lá, perfeita." A rampa, feita de aço e madeira náutica, pesando 2,5 toneladas, não é utilizada apenas pela família, mas também por Juliana Negrão, 17, (salto, slalom e truque) e Thiago Gerin, 28 (salto e truque).
Os dois costumam treinar em Americana (SP), em uma represa da cidade. Lá, dividem espaço com lanchas, banhistas e pescadores, que além de atrapalhar o trajeto, provocam marolas e prejudicam o treinamento. Além disso, assim como a maioria que se dedica ao esporte, divide o tempo com estudo e trabalho.
"Acordo às 6h, como rapidinho para ir treinar e chegar a tempo no trabalho, às 9h", disse o também engenheiro civil Gerin. Juliana curso o terceiro ano do Ensino Médio.
"Na Flórida, os americanos construíram um lago feito para treinar, todo arborizado em volta para não ter marola. Já fiquei lá umas duas semanas", diz Gerin, que participou dos Pan-Americanos de Winnipeg e Santo Domingo.
Os principais competidores na competição são os norte-americanos e os canadenses. O país nunca conseguiu uma medalha no esporte.


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