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ESQUI AQUÁTICO
Falta de estrutura força saída caseira
Para fugir de pescadores e banhistas, atletas "clonam" rampa da internet
Casa de irmãos à beira de represa paulista serve como principal centro de treinos para praticantes do esporte, pouco conhecido no país
ITALO NOGUEIRA
DO ENVIADO AO RIO
O treino de Thiago começa
cedo, às 6h. Tudo para fugir de
lanchas e crianças na represa
de Americana (SP). Em Sertãozinho, Ribeirão Preto (SP), a família Neves recorreu à "pirataria" para aproveitar o lago à beira de casa: construíram uma
rampa a partir de uma planta
obtida na internet.
Foi assim -tentando adequar um certo profissionalismo
à falta de estrutura- que se
preparou a equipe brasileira de
esqui aquático do Pan-Americano, que faz sua estréia hoje.
Pode-se dizer que se trata de
um esporte família: todos começaram no esqui crianças,
vendo seus pais deslizando sobre as pranchas próximo de casa. E como todos os praticantes
se conhecem, formou-se também uma família no esporte.
Fernando Neves, 23, começou a esquiar com dois anos,
vendo seu pai praticar o esporte no lago da própria fazenda.
Atualmente, divide o treinamento na represa de Guarapiranga com os estudos do curso
de Administração no Ibmec.
"Se você conhecer meu lago
vai ver que é muito melhor treinar lá. Em Guarapiranga, tenho
que acordar às 5h, treinar numa imundície e dividir a pista
com pescador", reclama. A água
do lago era usada há alguns
anos para refrigerar as máquinas da usina de cana-de-açúcar
que existia na fazenda. "Agora é
o lago do Brucutu", diz Fernando, referindo-se ao apelido.
A fazenda da família Neves é
apontada pela delegação nacional de esqui como o melhor
"centro de treinamento" do
país. Para a modalidade salto
-em que o competidor tenta
atingir a maior distância depois
de passar por uma rampa, puxado por uma lancha-, Caio,
irmão de Felipe e Fernando,
buscou no site da federação internacional de esqui uma planta para a construção da rampa.
"Ele foi até um ferreiro, comprou as barras, soldou e ela está
lá, perfeita." A rampa, feita de
aço e madeira náutica, pesando
2,5 toneladas, não é utilizada
apenas pela família, mas também por Juliana Negrão, 17,
(salto, slalom e truque) e Thiago Gerin, 28 (salto e truque).
Os dois costumam treinar
em Americana (SP), em uma
represa da cidade. Lá, dividem
espaço com lanchas, banhistas
e pescadores, que além de atrapalhar o trajeto, provocam marolas e prejudicam o treinamento. Além disso, assim como
a maioria que se dedica ao esporte, divide o tempo com estudo e trabalho.
"Acordo às 6h, como rapidinho para ir treinar e chegar a
tempo no trabalho, às 9h", disse
o também engenheiro civil Gerin. Juliana curso o terceiro
ano do Ensino Médio.
"Na Flórida, os americanos
construíram um lago feito para
treinar, todo arborizado em
volta para não ter marola. Já fiquei lá umas duas semanas",
diz Gerin, que participou dos
Pan-Americanos de Winnipeg
e Santo Domingo.
Os principais competidores
na competição são os norte-americanos e os canadenses. O
país nunca conseguiu uma medalha no esporte.
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