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Time repudia
uso político de
jogo no Ceará
DO ENVIADO A FORTALEZA
Apesar das evidências de que
o amistoso de hoje será uma espécie de comício em favor da
candidatura de Ciro Gomes
(PPS) à Presidência, os jogadores da seleção repudiaram um
possível uso político da partida.
"Está sabendo, Roberto, que
a seleção vai fazer campanha?",
disse Denílson, em tom de ironia, a Roberto Carlos ao ser
questionado pela Folha sobre o
assunto. O lateral balançou a
cabeça negativamente. "Não
estou sabendo de nada e acho
que a seleção não tem que fazer
campanha para ninguém",
afirmou o atleta do Betis.
Roberto Carlos seguiu no
mesmo tom. Questionado sobre em quem votaria, declarou:
"Não pensei nisso, não. Não estou vendo nada de política".
O volante Emerson, cortado
do time da Copa às vésperas do
torneio, mas convidado para o
jogo de hoje, rejeitou a participação em qualquer atividade
extra-futebol. "Não estamos
aqui para fazer política."
Mais jovem da seleção, o são-paulino Kaká, 20, disse que
"não tem nada a ver política
com futebol". "Prefiro não
misturar essas coisas."
Mesmo faltando pouco mais
de um mês para o primeiro turno das eleições, os atletas ouvidos pela reportagem demonstraram ainda um desconhecimento crasso em relação ao
atual cenário político nacional,
o mesmo desdém que revelaram durante a Copa, quando
apenas um entre os 23 convocados disse ter simpatia por algum candidato -o evangélico
Edmílson, pelo evangélico Garotinho (PSB).
"Felizmente só sei jogar futebol. Política não é problema
nosso. Só temos que entrar em
campo e jogar", afirmou Cafu.
"Não vou opinar sobre essa
situação. Isso é uma coisa particular e jamais vou falar sobre
o assunto", disse o meia-atacante Rivaldo, que causou alarde ao criticar abertamente as
cobranças do presidente Fernando Henrique Cardoso sobre o desempenho da seleção.
Após o título mundial, quando
FHC finalmente parabenizou a
seleção, Rivaldo voltou a criticá-lo, afirmando que era fácil
"falar bem só nas vitórias".
Denílson foi além dos colega
e disse que vai votar nulo. Justifica: "Não gosto de política".
Apesar da simpatia por Garotinho, Edmílson, que vive na
França, onde joga no Lyon, disse que não sabe ainda se vai à
embaixada brasileira para votar. Como metade do time atua
no exterior, a dúvida do zagueiro atormenta também seus colegas "estrangeiros".
Nem o técnico Luiz Felipe
Scolari, simpatizante confesso
de Ciro, deu pitaco sobre o teor
político do amistoso. "Se existe
política ou não, se alguém vai
fazer alguma coisa ou não, não
é minha parte. Eu cuido da parte técnica." O presidente da
CBF, Ricardo Teixeira, vai votar em Ciro, mas como "pessoa
física". Alega que a entidade
não fará campanha para nenhum candidato.
(FV)
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