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FUTEBOL
Capitão subirá no pedestal e levantará taça antes do jogo no Castelão
Cafu repete gesto do penta
e é molde em brinde da CBF
DO ENVIADO A FORTALEZA
O gesto improvisado que fez
milhões de brasileiros se debulharem em lágrimas na final da última Copa do Mundo será repetido
hoje à tarde em Fortaleza pelo lateral-direito Cafu.
Minutos antes do início de Brasil x Paraguai, o capitão da seleção
pentacampeã mundial, desta vez
de forma programada, subirá
num pedestal armado no centro
do gramado do Castelão, em Fortaleza, e levantará mais uma vez o
troféu de ouro da Fifa.
Durante a festa pela conquista
de 30 de junho, no estádio de Yokohama (Japão), Cafu quebrou o
protocolo e surpreendeu o mundo ao trepar na armação de madeira montada no palanque reservado à premiação. Para subir na
base, contou com a ajuda dos presidentes da Fifa, Joseph Blatter, e
da CBF, Ricardo Teixeira, e do ex-jogador Pelé. Para conseguir se
manter lá no alto, precisou ter
seus calcanhares seguros pelo
chefe de segurança da seleção brasileira, o coronel cearense Haroldo Castelo Branco.
Envolto por uma nuvem de papel picado prateado e de origamis
(dobraduras de papel japonesas)
e quase suspenso no ar, Cafu inovou de novo e fez uma declaração
de amor à sua mulher, berrando:
"Regina, eu te amo".
Na camisa amarela, outra mensagem: "100% Jardim Irene", uma
homenagem ao bairro pobre da
periferia paulistana onde Cafu
nasceu e se criou.
Cafus aos milhares
Tida como a imagem mais forte
da conquista sobre a Alemanha, a
"invenção" de Cafu já foi escolhida pela CBF como o símbolo do
título na Ásia.
Tanto que a entidade decidiu
utilizá-la como peça de marketing
da administração de Teixeira. Em
Fortaleza, onde o troféu do penta
está sendo exposto por dois dias
(ontem e hoje), os torcedores podem "incorporar" Cafu.
O fenômeno é possível graças a
um pôster em tamanho natural
do capitão erguendo a taça no
qual, em lugar do rosto de Cafu,
há um buraco para o torcedor
cearense colocar a sua própria face, e ser fotografado fundido ao
corpo do lateral.
A recordação é distribuída gratuitamente aos mil primeiros torcedores que forem a cada dia ver o
troféu no shopping Iguatemi, que
pertence à família do candidato
ao Senado pelo PSDB do Ceará
Tasso Jereissati, amigo de infância
de Teixeira.
Ao entrar na fila da foto, cada
agraciado recebe também um
panfleto à guisa de porta-retrato.
Numa das folhas do papel, há um
espaço em branco reservado para
a foto-brinde. Na outra, uma
mensagem de Teixeira -em que
chamam a atenção os erros de
português- e uma lista com os
principais títulos conquistados
pela seleção durante a gestão do
presidente da CBF.
"À [sic] todos os brasileiros que
de alguma forma contribuiram
[sic] com a vitória de nossa seleção. Aqueles que riram, sofreram
e gritaram nosso penta campeonato e até àqueles [sic] que torceram calados, jamais esquecerão
esse grande momento de alegria.
A taça do mundo é nossa e é nossa
a glória de uma nação vitoriosa,
de uma nação campeã!", afirma o
texto assinado pelo dirigente.
Os que entraram na fila para serem eternizados como Cafu
-entre eles velhos e crianças de
colos- alegavam as mais diversas motivações.
"Todo mundo queria estar no
lugar do Cafu. Aquela cena dele
levantando a taça, com os papéis
picados, foi emocionante", disse a
estudante Renata de Castro, 24.
"A gente é brasileiro e merecedor do título. É um gesto para
mostrar que somos os primeiros
do mundo", afirmou o policial
militar José Odilon Cruz, 39.
"Entrei na fila só para pagar mico mesmo. De graça, até injeção
na testa", justificou a artista plástica Michelle Cabral, 21.
(FÁBIO VICTOR)
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