São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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VÔLEI DE PRAIA

Por consagração, azarões recorrem a conselho de mito

Após dica de Kiraly, Fábio Luiz, que tenta o ouro com Márcio, passa a ver parceria como um "casamento"

BRASIL
Contra americanos, dupla tenta dar o bi ao país nas areias, à meia-noite de hoje


DA ENVIADA A PEQUIM

No primeiro dia de treinos em Pequim, Fábio Luiz se encontrou com Karch Kiraly. Diante do maior jogador de vôlei de praia de todos os tempos, o brasileiro tentou buscar a resposta para uma missão que lhe parecia impossível: o segredo para ser campeão olímpico.
O norte-americano, primeiro e único a conquistar a medalha de ouro na areia e na quadra, deu um conselho simples: pensar um ataque de casa vez, um bloqueio de cada vez.
As palavras de Kiraly ecoam como um mantra desde então na cabeça do jogador brasileiro. Uma repetição que norteou a campanha de Márcio e Fábio Luiz nos Jogos de Pequim.
Fora dos holofotes, os dois superaram todos os seus obstáculos na competição até, anteontem, baterem os atuais campeões olímpicos, Ricardo e Emanuel. Hoje, à meia-noite, contra os norte-americanos Rogers e Dalhausser, buscam levar o Brasil de novo ao topo.
"Quando ouvi o conselho do Kiraly, percebi que tinha de pensar em um jogo da cada vez. Ele deve saber alguma coisa de vôlei", brincou Fábio Luiz.
O time, no entanto, ainda tentava juntar os cacos de uma temporada de brigas, contusões e maus resultados.
"Tivemos uma conversa e vimos que, para ganhar, a gente tinha de ser mais que amigo, tinha de ser irmão. Um tinha de cuidar do outro, como em um casamento. Passei a fazer isso com o Márcio. A gente começou a se doar mais", disse ele.
"Quando você está ganhando, tudo é uma maravilha. Quando você está em dificuldades, um grão de areia vira uma pedra. Se a gente queria chegar a uma medalha, tinha de se acertar", completou o capixaba de 29 anos e 2,04 m.
Os problemas internos haviam influenciado os resultados da parceria na quadra. Após abrirem larga vantagem no ranking mundial, a dupla conseguiu abocanhar a segunda vaga no Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim apenas na última partida, sepultando as chances de Pedro e Harley.
Com tal retrospecto, Márcio e Fábio Luiz não eram apontados como um dos favoritos na Olimpíada, apesar de já terem ganhado o Circuito Mundial.
No jogo semifinal, em seu maior desafio até então, a dupla mostrou o resultado do pacto. Em um jogo impecável, manteve Ricardo e Emanuel sempre atrás no placar e venceu por 2 sets a 0 (22/20 e 21/18).
"Ganhar deles era quase impossível, eles vinham numa crescente, principalmente após o jogo contra a Rússia [quando salvaram quatro match points]. Tivemos de nos concentrar ainda mais. Para ganhar deles você tem de jogar 120%", afirmou o cearense Márcio, de 34 anos e 1,92 m, após a vitória na semifinal.
O resultado era o que queriam Rogers e Dalhausser. Antes da partida, os americanos haviam declarado que seria mais fácil derrotar Márcio e Fábio Luiz na decisão.
"Sei que os americanos disseram que preferiam enfrentar a gente. Eles verão o que é bom para a tosse. Vamos jogar tudo contra eles, agora sabemos que é possível", declarou Márcio. (MARIANA LAJOLO)


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