São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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GUERRA FRIA

CHINA >> RAUL JUSTE LORES

Paixão por futebol

AGORA QUE já levaram uma enxurrada de ouros e relegaram os EUA à vice-liderança, os chineses só querem saber dos esportes que amam: futebol e basquete.
O povo até joga muito pingue-pongue e badminton, mas gols e cestas são os líderes de audiência na TV. Os chineses torcem para que vença o melhor, pois as seleções chinesas já foram despachadas nos esportes que interessam à massa.
Foi assim que a torcida, na terça, ficou do lado da seleção argentina de futebol contra o Brasil após alguns minutos de jogo. A NBA e os campeonatos espanhol, inglês e italiano são acompanhados com paixão.
Por mais patrióticos que sejam, os pequineses não deram muita bola para as provas de tiro, levantamento de peso, esgrima, tiro com arco, remo e vela, em que a China conquistou várias medalhas de ouro. Eles não descobriram o segredo empolgante desses esportes.
No momento em que todo mundo inveja a máquina medalhística chinesa, é bom lembrar que no país até corredor de fim de semana é raridade. A política oficial despejou dinheiro em esportes que distribuem fartura de medalhas com performances individuais, ao contrário do basquete e do futebol.
Não parece haver a mesma fartura de recursos para a criação de campinhos de futebol nas cidades chinesas, onde cada metro quadrado pertence à especulação imobiliária. A democratização também não chegou ao esporte. Verba só para quem pode chegar ao pódio.
Dizem os experts que o futebol chinês não avança por ser absolutamente corrupto. Juízes vendidos e cartolas desonestos são a regra. Mal sabem eles como é no Brasil. Dinheiro em mãos suspeitas afugenta craques e também não conquista medalhas.
Mas se a singela e nada endinheirada seleção feminina de futebol do Brasil conquistar hoje o ouro, talvez o esporte como paixão mereça seu lugar nesta Olimpíada.


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