São Paulo, quinta-feira, 21 de agosto de 2008

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FUTEBOL

Sonho olímpico de Ronaldinho acaba na poltrona 49

Após derrota para Argentina, seleção viaja de classe econômica, no final das filas, para disputar bronze

No Rio, Ricardo Teixeira nem liga para Dunga na noite após fracasso, enquanto jogadores demonstram insatisfação com viagem


DO ENVIADO A XANGAI

O sonho do inédito ouro olímpico virou uma melancólica viagem para disputar a medalha de bronze em Xangai.
Acostumada a badalação e a mimos, a seleção viveu ontem mais um dia de abandono e vida de gente comum.
A não ser em aeroportos ou aeronaves menores, ou quando não há lugar nas classes mais nobres, o time costuma viajar de executiva. Quando vai de econômica, os atletas ocupam as primeiras filas, separados de outros passageiros.
Não foi o que aconteceu ontem no vôo para Xangai, em um Airbus 330 da companhia Air China, com capacidade para cerca de 300 passageiros e muitos lugares na executiva.
Mesmo com vários lugares vazios, toda a seleção ficou nas últimas fileiras, aquelas bem perto do banheiro. Ronaldinho -sem falar com ninguém durante as quase duas horas de viagem e com a mesma cara de choro após a derrota para a Argentina- foi acomodado na fila 49, ao lado de um fotógrafo e de um repórter. Dunga ficou ainda mais atrás, na 54.
Os jogadores embarcaram depois dos demais passageiros e não gostaram do que viram. O volante Anderson disse que logo eles estariam para fora do avião. Outros afirmaram que, em seguida, a seleção iria viajar de ônibus na Olimpíada. Muitos reclamaram da disputa pelo bronze ser em Xangai, a quase 1.500 quilômetros de Pequim.
Com caras de sono, os jogadores improvisavam uma posição para dormir. Anderson passou mais da metade do vôo deitado no chão, na frente dos bancos ocupados por Alexandre Pato e por Hernanes.
O volante são-paulino sentia dores na perna e foi atendido dentro do avião, na frente de outros passageiros, pelo médico Rodrigo Lasmar, que fez um curativo nele. Ainda foi preciso tratar o zagueiro Thiago Silva, que soltava pus de ferimento.
No desembarque, os pedidos de autógrafo e fotos para Ronaldinho não foram tão grandes como em outras escalas na China. Mas o meia-atacante se isolou em um canto e, desta vez, ignorou quase todos os fãs.
No avião, jogadores ouvidos pela Folha não apontaram o jeito econômico de viajar como motivo da derrota para a Argentina. "Não foi isso que fez a gente perder", disse Hernanes.
Na noite após o fracasso, Dunga não recebeu uma ligação de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF, seja para dar apoio ou para cobrar.
Enquanto o treinador e os jogadores viviam a ressaca da derrota, o cartola recebia, na CBF, no Rio, uma delegação de Santa Catarina para mostrar seu projeto para a Copa-2014.
A seleção joga amanhã, às 8h, contra a Bélgica, a disputa pelo bronze, mesma posição que conquistou nos Jogos de Atlanta-1996. (PAULO COBOS)


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