São Paulo, domingo, 21 de agosto de 2011 |
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Em amistoso, hotel custa quase o dobro CBF Polícia do DF vê superfaturamento nos gastos de empresa de amigo de Teixeira em jogo do Brasil de 2008 ELVIRA LOBATO DO RIO JULIO WIZIACK DE SÃO PAULO A Polícia Civil do Distrito Federal tem indícios de superfaturamento em gastos do amistoso entre Brasil e Portugal ocorrido em novembro de 2008 e que inaugurou o estádio de futebol Bezerrão. A partida custou R$ 9 milhões e foi paga pelo então governador José Roberto Arruda à empresa Ailanto Mar- keting, contratada sem licitação para organizar o jogo. A Ailanto é de Sandro Rosell, presidente do Barcelona, amigo do presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e sócio de sua mulher em uma empresa do Rio de Janeiro. Na ocasião, os direitos de amistosos da seleção brasileira pertenciam a uma empresa chamada ISEC. Para o jogo no Bezerrão, ela cedeu os direitos à Bonus Sports Marketing que, por sua vez, repassou para a Ailanto. Tanto a Bonus quanto a Ailanto eram de Rosell. A Decap (Divisão Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública) da Polícia Civil -que conduz a investigação- suspeita de superfaturamento em diárias de hotel e no transporte. A Ailanto informou ter gastado R$ 141 mil para pagar a hospedagem de 40 integrantes da delegação portuguesa no Hotel Kubitschek, onde uma diária em quarto standard teria custado R$ 484. Para a polícia, o valor teria sido superfaturado. O preço atual da diária do mesmo quarto para grupos, informado pelo hotel, é R$ 292. Nas diárias da delegação brasileira, no Hotel Alvorada, a Ailanto disse ter pagado R$ 151,2 mil. A diária declarada do apartamento standard foi de R$ 504 e hoje custa R$ 310. No transporte aéreo, a Ailanto disse ter gastado R$ 1,2 milhão para fretar o avião que transportou a seleção portuguesa. O comprovante de pagamento, obtido pela Folha, diz que o valor foi R$ 650 mil. A polícia também vê inconsistência no gasto em passagens para a CBF. O valor declarado (R$ 900 mil) não passaria de R$ 250 mil. Além da falta de comprovantes das despesas feitas pela Ailanto, a polícia também quer saber por que nem todas as despesas foram pagas. Vários gastos, como conservação do gramado, contratação de seguranças no estádio e transporte da arbitragem foram pagos pela Federação Brasiliense de Futebol com parte da bilheteria, que rendeu R$ 1,39 milhão. Esses gastos deveriam ter sido arcados pela Ailanto. APREENSÃO Em busca de provas, a polícia cumpriu um mandado de busca e apreensão no apartamento de Vanessa Precht, no Rio de Janeiro, há cerca de uma semana. Ela é secretária de Rosell, sócia na Ailanto, e coordenou a organização do amistoso. Seu apartamento constava como sede da empresa, em 2008. Além da inconsistência dos valores declarados, a polícia também duvida da autenticidade do documento apresentado pela Ailanto que atestou sua capacidade técnica para realizar a partida. A empresa iniciou suas atividades cinco meses antes da realização do amistoso e entregou ao governo do DF carta da Bonus Sports Marketing, que também pertencia a Rosell, garantindo que a Ailanto já organizara eventos esportivos na Europa. A abertura do inquérito pela Polícia Civil ocorreu em julho de 2010, após perícia do Tribunal de Contas do DF. Texto Anterior: Em Salvador, pior versão de Muricy encara o Bahia Próximo Texto: Outro lado: Confederação diz não responder por empresa de Rosell Índice | Comunicar Erros |
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