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BASQUETE
Todos os candidatos ao ouro olímpico repudiam o centralismo e dividem a gestão do esporte entre federação e liga
Atenas exalta modelo que Brasil despreza
ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mesmo modelo de administração esportiva, desprezado
pelos cartolas brasileiros, une todas as grandes forças que vão disputar o ouro olímpico em Atenas-2004 no basquete masculino.
EUA, Porto Rico, Argentina,
Sérvia e Montenegro, Grécia, Lituânia, Espanha, Itália e Austrália
repartem a gestão de seus campeonatos e de suas seleções. Estas
ficam sob a égide das confederações nacionais. Mas aqueles são
organizadas por uma liga independente, com caixa próprio.
Os norte-americanos deram o
tom da tendência. A NBA cuida
do torneio profissional, enquanto
a USA Basketball gerencia a política esportiva da modalidade no
país e toca as seleções.
"Acreditamos que seria o modelo mais adequado [depois da
emancipação do país do domínio
soviético nos anos 80]", afirmou à
Folha Saulius Samulevicius, secretário-geral da Federação Lituana de Basquete, que no domingo
festejou a conquista do Europeu.
Na final, realizada na Suécia, os
comandados do técnico Antanas
Sireika derrotaram os espanhóis.
"Nunca tivemos problema",
disse o dirigente, que aposta que o
diálogo administrativo renderá o
quarto pódio olímpico consecutivo para o país báltico.
Na disputa pelo bronze no Europeu -o terceiro também se garantiria na Olimpíada-, a Itália
bateu a França. Ambos seguem o
regime de duplo comando.
A Espanha é um dos exemplos
mais bem-sucedidos de administração paralela. Há 20 anos, as
grandes agremiações resolveram
criar sua própria entidade, a Associação dos Clubes de Basquete.
A ACB hoje organiza o campeonato nacional mais forte do continente. No ano passado, abrigou 11
medalhistas do Mundial, mais do
que a badalada NBA -e a Espanha nem mesmo subiu ao pódio.
A federação espanhola gerencia
outros dois torneios, a LEB1 e a
LEB2, espécie de segunda e terceira divisões, e a equipe nacional.
"A seleção é um termômetro do
que acontece nos clubes. Somos o
time nacional que mais evoluiu
nos últimos três anos", gaba-se
Juan Antonio Gómez Angulo, secretário do Esporte da Espanha.
Nem sempre, contudo, o duplo
comando convive em paz. Em
Porto Rico, federação e liga independente romperam em público.
"Pedimos que a temporada fosse de janeiro a junho a fim de que
a seleção pudesse treinar a partir
de julho para o Pré-Olímpico [em
agosto], mas não houve acordo",
contou à Folha Victor Coll González, dirigente da federação.
O campeonato, vencido pelo
Santurce, do pivô Piculín Ortiz,
foi realizado de abril a julho.
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