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São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2003

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BOXE

Santos lutou só 1 vez desde Mundial, em outubro

Inatividade faz única medalhista brasileira pensar até em vale-tudo

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A inatividade força a única boxeadora brasileira com medalha em competição amadora de ponta, Ana Paula Lucio Santos, 24, a dirigir seu olhar para o exterior e para o pugilismo profissional. Nesse caso, não poderia mais representar o Brasil em torneios.
Do Mundial da Turquia, em outubro de 2002, quando surpreendeu ao conquistar um bronze, para cá, ou seja, em um período de 11 meses, Santos, que tem 14 lutas, participou de só um combate.
Antes dela, apenas dois boxeadores brasileiros, homens, haviam obtido medalha em Mundiais ou Olimpíadas: Hamilton Rodrigues e Servílio de Oliveira.
""Depois da medalha, achei que tudo fosse ser diferente. Pensei que ia ter mais lutas, mais apoio. Tive só uma luta, há quatro, cinco meses, e acho que isso se repete com outras lutadoras", diz Santos, que compete entre os meio-médios-ligeiros (até 63,5 kg).
O patrocinador de Santos, Arnaldo Pereira, pediu a um colega, que vai para os EUA nos próximos dias conversar com agente do Ultimate Fighting Championship (torneio de vale-tudo), para que leve o currículo de Santos.
""É para a Ana Paula passar ao profissionalismo. A Ana Paula tem só 24 anos, mas não vai ter essa idade para sempre. Ela não pode desperdiçar o seu talento", justifica Pereira. ""Vou ver se esse meu conhecido contata alguém do mundo do boxe, não é para ela competir em vale-tudo, não."
Nesse momento, Pereira é interrompido por Santos. ""Ah, pode ser até vale-tudo, sim. O importante é arrumar combates", diz a pugilista, que além do boxe pratica outras modalidades de luta.
Pereira diz que fora a única luta disputada por Santos nos últimos 11 meses, pela Confederação Brasileira de Boxe, nem esta e tampouco a Federação Paulista de Boxe ofereceram mais combates.
""É muito pouca luta, o ideal teriam sido quatro [no período]. A gente perde ritmo. Fiquei muito magoada, até cheguei a pensar em desistir", reclama Santos.
""Sei o que está acontecendo com a Ana Paula, e é um caso isolado. É o mesmo que acontece com alguns lutadores da seleção nacional masculina. Tentamos conseguir lutas para ela, mas ninguém está disposto a enfrentá-la. As possíveis adversárias ficam intimidadas com o fato de ela ser medalhista", explica Luiz Claudio Boselli, presidente da CBB.
Outra opções sugeridas pelo time de Santos seriam a criação de campeonatos femininos ou a participação em torneios no exterior.
""Era para ter tido um Paulista feminino, mas Itapira [que negociou para receber a competição] no final preferiu um outro evento. Mas vai haver um Nacional neste ano. Quanto a torneios fora, não temos verba para financiar viagens. O boxe feminino ainda não é olímpico", conclui o dirigente.
Depois do Mundial, a pugilista passou a receber uma ajuda financeira da CBB de R$ 200, que durou cerca de cinco meses. Quando a entidade perdeu o patrocínio, a verba foi cortada.



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