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BOXE
Santos lutou só 1 vez desde Mundial, em outubro
Inatividade faz única medalhista brasileira pensar até em vale-tudo
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A inatividade força a única boxeadora brasileira com medalha
em competição amadora de ponta, Ana Paula Lucio Santos, 24, a
dirigir seu olhar para o exterior e
para o pugilismo profissional.
Nesse caso, não poderia mais representar o Brasil em torneios.
Do Mundial da Turquia, em outubro de 2002, quando surpreendeu ao conquistar um bronze, para cá, ou seja, em um período de
11 meses, Santos, que tem 14 lutas,
participou de só um combate.
Antes dela, apenas dois boxeadores brasileiros, homens, haviam obtido medalha em Mundiais ou Olimpíadas: Hamilton
Rodrigues e Servílio de Oliveira.
""Depois da medalha, achei que
tudo fosse ser diferente. Pensei
que ia ter mais lutas, mais apoio.
Tive só uma luta, há quatro, cinco
meses, e acho que isso se repete
com outras lutadoras", diz Santos, que compete entre os meio-médios-ligeiros (até 63,5 kg).
O patrocinador de Santos, Arnaldo Pereira, pediu a um colega,
que vai para os EUA nos próximos dias conversar com agente
do Ultimate Fighting Championship (torneio de vale-tudo), para
que leve o currículo de Santos.
""É para a Ana Paula passar ao
profissionalismo. A Ana Paula
tem só 24 anos, mas não vai ter essa idade para sempre. Ela não pode desperdiçar o seu talento", justifica Pereira. ""Vou ver se esse
meu conhecido contata alguém
do mundo do boxe, não é para ela
competir em vale-tudo, não."
Nesse momento, Pereira é interrompido por Santos. ""Ah, pode
ser até vale-tudo, sim. O importante é arrumar combates", diz a
pugilista, que além do boxe pratica outras modalidades de luta.
Pereira diz que fora a única luta
disputada por Santos nos últimos
11 meses, pela Confederação Brasileira de Boxe, nem esta e tampouco a Federação Paulista de Boxe ofereceram mais combates.
""É muito pouca luta, o ideal teriam sido quatro [no período]. A
gente perde ritmo. Fiquei muito
magoada, até cheguei a pensar em
desistir", reclama Santos.
""Sei o que está acontecendo
com a Ana Paula, e é um caso isolado. É o mesmo que acontece
com alguns lutadores da seleção
nacional masculina. Tentamos
conseguir lutas para ela, mas ninguém está disposto a enfrentá-la.
As possíveis adversárias ficam intimidadas com o fato de ela ser
medalhista", explica Luiz Claudio
Boselli, presidente da CBB.
Outra opções sugeridas pelo time de Santos seriam a criação de
campeonatos femininos ou a participação em torneios no exterior.
""Era para ter tido um Paulista
feminino, mas Itapira [que negociou para receber a competição]
no final preferiu um outro evento.
Mas vai haver um Nacional neste
ano. Quanto a torneios fora, não
temos verba para financiar viagens. O boxe feminino ainda não
é olímpico", conclui o dirigente.
Depois do Mundial, a pugilista
passou a receber uma ajuda financeira da CBB de R$ 200, que
durou cerca de cinco meses.
Quando a entidade perdeu o patrocínio, a verba foi cortada.
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