São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008 |
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TOSTÃO Banais heroísmos
A CADA RODADA do Brasileirão, mudam-se várias previsões e opiniões sobre as equipes, os treinadores e os jogadores. Quando acertam os prognósticos, dizem: "Não falei?". Quando erram, o futebol é uma caixinha de surpresas. O torcedor quer saber as previsões dos comentaristas, e estes não querem ficar em cima do muro. Dão a cara para bater. Como já apanhei muito, palpito pouco. Em um equilibrado campeonato, as chances são as mesmas de um excelente comentarista e de um curioso acertarem quem será o campeão, os quatro classificados para a Libertadores e os quatro rebaixados. As variáveis são enormes. O argumento dos matemáticos e analistas de que o comportamento de uma equipe nos últimos jogos é um ótimo parâmetro para se fazer uma previsão é também incerto. Todos os times têm excelentes e maus momentos. Ninguém sabe quando começam e terminam essas fases. Após a rodada anterior, houve várias mudanças nos prognósticos e nas análises. O Palmeiras passou a ser o grande favorito, mesmo com três pontos abaixo do Grêmio. Botafogo e Cruzeiro fracassam nas decisões. O São Paulo voltou a ser candidato ao título. O Flamengo só vai disputar vaga na Libertadores. Depois dos jogos de hoje, alguns prognósticos devem mudar. A única previsão que faço, com chance de errar, é a de que existem dois grupos definidos até o final. O primeiro vai até o Inter, 11º colocado, com 36 pontos, e os restantes formam o segundo grupo. Após a vitória sobre o Cruzeiro, disseram que Luxemburgo é um mago, que deu um nó tático em Adilson Batista e que, por causa dele, o Palmeiras vai ganhar o título. Luxemburgo é o melhor treinador que atua no Brasil por outros motivos, e não por esse jogo. Qualquer bom técnico, com desfalques importantes e jogando no campo do adversário, esperaria o veloz time do Cruzeiro para contra-atacar. Considerando a qualidade dos jogadores, do elenco e a colocação de sua equipe, o melhor técnico do campeonato, até agora, é Vágner Mancini, do Vitória. Ao marcar um belo gol contra o Botafogo, o bom e habilidoso argentino D'Alessandro foi chamado de craque. Ele, como Diego, é o craque que não foi. Depois de jogar bem contra o Chile, após dois anos de discretas atuações na seleção brasileira, Diego foi exaltado. Um jogador que passa a metade da partida no chão não pode ser o organizador de uma grande seleção. Quando critico algumas análises, não tenho nenhuma pretensão de ditar regras. Quero apenas dar minha opinião. Nada é pior que o pensamento único ou de um único grupo. Cometo também muitos equívocos. Além disso, somos todos, pelo menos em alguns momentos, orgulhosos, vaidosos, ambiciosos e prepotentes. Uns mais, outros menos. O ser humano, para compensar sua fragilidade e sua insignificância diante do mundo, tenta realizar pequenos e grandes atos de heroísmo. Como raramente consegue participar de um "Big Brother" e de outras grandes façanhas, ele se contenta e/ou se ilude com pequenos "heroísmos" no cotidiano, alguns ridículos e banais. Só o ridículo nos salva, dizia Nelson Rodrigues. Texto Anterior: Aprovado: Douglas elogia formação Próximo Texto: Futebol ganha museu sem relíquias Índice |
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