|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O texto abaixo contém um Erramos, clique aqui para conferir a correção na versão eletrônica da Folha de S.Paulo.
Futebol ganha museu sem relíquias
Com vocação interativa e poucas peças históricas, espaço no Pacaembu tem no audiovisual seu acervo mais importante
Apego de colecionadores e proposta de modernidade explicam a tímida coleção física do local, que exibirá camisas antigas da seleção
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um museu sem relíquias,
que aposta na diversão e na interatividade, com objetos "antigos" recém-envelhecidos.
Em resumo, será assim o Museu do Futebol, que abre as portas ao público em 1º de outubro
após sucessivos adiamentos -a
inauguração estava prevista,
originalmente, para agosto. Antes, no dia 29, acontece uma
abertura para convidados.
Construído ao custo de R$
37,5 milhões no estádio do Pacaembu, não tem como vocação
a preservação de lembranças físicas do esporte mais popular
do Brasil -que conquistou cinco Copas do Mundo. Não possui um troféu em seu acervo.
O museu exibirá, por exemplo, uma série de camisas originais utilizadas por jogadores da
seleção brasileira em todos os
Mundiais. Ainda assim, trata-se de uma cessão em comodato
de um colecionador particular.
Museus mais modestos, como o dos Esportes, em Maceió,
também possuem uniformes
antigos usados em Mundiais
(essas peças, volta e meia, são
leiloadas na internet).
"O colecionador de objetos
ligados ao futebol não abre mão
de suas relíquias assim tão facilmente", reconhece Hugo
Barreto, secretário-geral da
Fundação Roberto Marinho,
que administrou o projeto.
"Mesmo assim, o foco do museu nunca foi agrupar objetos,
mas oferecer uma experiência
sensorial aos visitantes", disse.
O modelo é uma tendência
mundial que, no Brasil, tem no
Museu da Língua Portuguesa
seu maior expoente: interação
com vídeos e áudios, envoltos
em ambiente cenográfico, e
com diversos equipamentos
(como aparelhos de TV e rádios) via de regra operados pelos próprios visitantes -a sensação, em vários momentos, é a
de estar num videogame.
No aspecto audiovisual, o
Museu do Futebol possui 1.442
fotos e seis horas de vídeos,
além de gravações de narrações
de gols célebres por locutores
históricos como Ary Barroso,
Geraldo José de Almeida e
Oduvaldo Cozzi. Entre esse
material, pouca coisa é inédita
ou considerada rara.
O registro visual não se prende ao jogo em si. A idéia é exibir
a trajetória da sociedade brasileira entrelaçada com a bola.
O que muda com relação a
um museu convencional é a
apresentação -a expografia é
assinada por Daniela Thomas,
uma das mais conhecidas cenógrafas brasileiras.
É de Daniela a atração mais
original exposta no local: um
conjunto de pebolins que mostra a evolução dos esquemas táticos do futebol mundial.
Ela não é a única grife presente. Celebridades como Nelson Motta e Lima Duarte também estão lá, na Sala dos Gols,
narrando tentos marcantes de
seus clubes do coração.
"Trata-se de um percurso
conceitual, que mostra a dimensão e a importância do futebol na construção do DNA
nacional", explica Barreto, que
revela um detalhe curioso: por
muito pouco o museu não foi
construído no Maracanã, no
início da década. "Faltaram pequenos detalhes", conta.
A cenografia e o viés teatral
estão espalhados pelo museu.
Daí a idéia, diante da dificuldade de conseguir originais, de fabricar bolas e chuteiras de época, que estarão expostas numa
das instalações dos 6.900 m2
que o espaço ocupa no estádio.
O museu também teve como
objetivo resgatar o projeto arquitetônico do Pacaembu -de
responsabilidade do escritório
de Ramos de Azevedo, o estádio foi inaugurado em abril de
1940 e é tombado pelo patrimônio histórico de São Paulo.
A casa de exposições ocupa
área embaixo das arquibancadas no setor do portão principal, em frente à praça Charles
Miller. Um passadiço envidraçado permite sua vista.
Ali, funcionavam uma churrascaria e alojamentos para
equipes amadoras que disputam jogos na cidade.
Texto Anterior: Tostão: Banais heroísmos Próximo Texto: Mostra de Pelé supre a falta de raridades Índice
|