São Paulo, domingo, 21 de setembro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

entrevista

Doping não deve ser causa, diz especialista

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A relação entre Esclerose Lateral Amiotrófica e futebol parece não ter como causa principal o uso de doping, e o fenômeno não está restrito à Itália. A opinião, em entrevista à Folha, é do professor Alessandro Donati, 61, dirigente da Comissão Nacional Antidoping do Ministério da Saúde italiano e consultor da Agência Mundial Antidoping, considerado uma das maiores autoridades na luta contra o doping. (GAM)

 

FOLHA - A incidência da ELA entre jogadores de futebol poderia estar ligada ao doping?
ALESSANDRO DONATI
- Não creio. Os estudos são em várias gerações. As substâncias dopantes foram mudando com os anos, mas o fenômeno ELA não.

FOLHA - Do que suspeita?
DONATI
- Não suspeito de causa única, e sim de um conjunto, como uso de antiinflamatórios e analgésicos, cujos princípios ativos são os mesmos há décadas. Há ainda os traumas. A bola pode ter impacto de 100 kg, e o atleta a cabeceia milhares de vezes na carreira.

FOLHA - Em outros esportes há atividade intensa, mas pesquisas não citam casos de ELA.
DONATI
- É isso o que os pesquisadores querem descobrir. Descarto a hipótese do uso de substâncias tóxicas nos fertilizantes dos gramados. Nem no rúgbi nem no hóquei foram achados casos.

FOLHA - Isso é um fenômeno italiano ou é mundial?
DONATI
- A Itália teve o mérito de ser a primeira a pesquisar o assunto, mas o problema não é só dela.


Texto Anterior: Doença intriga futebol italiano
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.