São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Entre a arte e o resultado

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Santos deve ser o time brasileiro que mais perde chances de gol. Contra a Lusa, no sábado, repetiu-se mais ou menos o que havia ocorrido na quarta-feira, contra o São Paulo. Nos dois casos, o Santos deu a impressão de dominar a maior parte do jogo, mas acabou derrotado.
Isso só confirma a idéia -repetida à exaustão por Carlos Alberto Parreira- de que a boa equipe é a que sabe atacar e defender com eficiência. O Santos ataca bastante, mas com eficiência duvidosa (pois é preciso converter em gol as oportunidades criadas).
E o setor defensivo também é vulnerável, apesar de contar com dois bons zagueiros de área (André Luís e Alex) e dois bons laterais (Maurinho e Leo). O problema, aparentemente, é que os quatro gostam de se lançar ao ataque, e nem sempre o sistema de cobertura funciona adequadamente.
De todo modo, dá gosto ver os meninos do Santos em campo, pois é sempre garantia de um jogo franco e de lances inesperados.
Santos 1 x 2 Lusa foi uma partida muito mais bonita e emocionante que os jogos de ontem do São Paulo (contra o Guarani, em Campinas) e do Corinthians (contra a Ponte Preta).
Houve pelo menos dois lances memoráveis na Vila Belmiro: o gol de Diego, depois de uma tabela fulminante com Alberto, e o passe de calcanhar, pelo alto, que o atacante luso Edson Araújo deu para Ricardo Oliveira (pena que este chutou por cima).
Mas é preciso que os garotos do Santos se apliquem mais, desde o primeiro minuto do jogo, em obter a vitória. Não é vontade nem espírito de luta o que está faltando, mas, sim, um pouco mais de objetividade e pragmatismo.
Um pouco de futebol de resultados às vezes é indispensável. Senão, o time corre o risco de ficar na memória do torcedor como uma equipe que encantou, mas não venceu -mais ou menos como a seleção brasileira de 82.
 
O Corinthians de Parreira tem sido quase o oposto do Santos de Emerson Leão. Mesmo sem brilho, o alvinegro paulistano vai conseguindo as vitórias e os pontos. Tem o melhor aproveitamento do campeonato -e só um gol de saldo. Faz o básico.
A vitória sobre a Ponte, ontem, foi relativamente tranquila. E muito monótona. Os únicos lances espetaculares foram a bomba de Renato no travessão, no primeiro tempo, e o golaço de Marcinho, no segundo.
Ao entrar na etapa final, depois de pedidos insistentes da sábia Fiel, Marcinho mostrou um atrevimento e uma gana que até destoavam da acomodação dos demais corintianos.
Penso que já é hora de Parreira arranjar uma vaga para ele no time titular -no lugar de Guilherme, por exemplo, que não tem feito muita coisa.
É possível, também, que os corintianos tenham se poupado um pouco para o grande clássico de quarta-feira, contra o Palmeiras. A própria torcida alvinegra, perto do fim do jogo, começou a gritar "É quarta-feira, é quarta-feira", convocando para o clássico -com a óbvia esperança de afundar ainda mais o arqui-rival, penúltimo na tabela.
Tudo indica que, a exemplo do recente São Paulo x Santos, Corinthians x Palmeiras será um grande jogo.
Resta esperar que a guerra permaneça no plano simbólico e que ninguém se machuque, nem dentro nem fora do campo.

Gangorra mineira
Por falar em futebol de resultados, o Atlético-MG soube suportar a pressão do Cruzeiro e impor-se ao arqui-rival, conquistando uma vitória preciosa, que o recolocou na zona de classificação do Brasileiro. A mesma eficiência o Galo havia demonstrado ao vencer sua partida anterior, contra o São Caetano. Na gangorra entre os times mineiros, é a vez de o Cruzeiro de Wanderley Luxemburgo e Alex ficar por baixo.

Pimenta nos outros
Se as derrotas do Paraná e do Paysandu deram algum alento ao Palmeiras, as vitórias do Flamengo, da Lusa e do Goiás mantiveram o alviverde numa situação delicada. Agora, a cada rodada, o time de Levir Culpi tem não apenas que se preocupar com seus próprios pontos, mas também torcer pela desgraça de seus vizinhos na rabeira da tabela de classificação.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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