São Paulo, segunda-feira, 21 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BOXE

Com apoios pessoais e confirmadas na última hora, 3 brasileiras integram 1ª participação do país em torneio feminino

Improvisado, Brasil estréia em Mundial

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A estréia do Brasil em uma competição internacional de boxe feminino, o Mundial da Turquia, que começa hoje, caracteriza-se pelo improviso, que prejudicou as três atletas que representam o país no torneio -elas têm de quatro a dez lutas cada uma.
A médio-ligeiro Maria Luciane Oliveira Ferreira, 24, e a peso-pesado Cristiane Valério Nascimento garantiram vaga na última hora graças a apoios pessoais.
Nascimento, invicta em quatro combates, comprou sua passagem na última sexta, horas antes do embarque; Ferreira assegurou sua ida no início da semana.
A exemplo da leve Ana Paula Lúcio Santos, 24, nenhuma delas teve oportunidade de treinar com o técnico da seleção feminina, Gabriel de Oliveira, que as orientará na competição em Antalya.
Completa a delegação Maria Aparecida de Oliveira, diretora do departamento feminino da Confederação Brasileira de Boxe.
""As atletas não puderam se preparar, pois nem sabiam se conseguiriam ir ao Mundial", justifica Luiz Claudio Boselli, presidente da CBB. ""Contávamos com uma verba do Ministério do Esporte, que acabou não sendo liberada. Assim, não pudemos realizar um período de concentração."
O Ministério do Esporte e Turismo explica que, apesar de ter cobrado das confederações esportivas nacionais no início do ano planejamento para o ano todo, alertou que o dinheiro requisitado pelas entidades dependeria da disponibilidade de verbas.
A CBB tampouco pôde fazer uso da verba da Lei Piva, referente ao dinheiro das loterias federais, pois o boxe feminino ainda não integra o programa olímpico.
Originalmente, cinco atletas haviam sido selecionadas, no Brasileiro feminino, em julho, para participar do Mundial, mas a falta de dinheiro frustou tais planos.
Assim, garantiram sua ida Ana Paula Lúcio Santos, que terá a passagem paga pelo patrocinador da CBB e hospedagem e alimentação por conta do empresário Arnaldo Pereira, e as outras duas atletas, que conseguiram passagens graças a apoios pessoais e terão hospedagem e alimentação pagas pelo patrocinador da CBB.
A principal beneficiada pelo fato de as cinco atletas previamente selecionadas para ir ao Mundial não terem conseguido passagens foi a amazonense Ferreira, cujo apelido é ""Marreta", tem oito lutas, mesmo número de vitórias e que não integrava tal grupo.
Ela combate na categoria dos médios-ligeiros (limite de 71 kg).
""Ter minha ida ao Mundial confirmada há pouco tempo não atrapalha, já estava me preparando para outras lutas", diz Ferreira.
Para seu técnico, Pedro Nunes Oliveira, o fato de nunca ter treinado com Gabriel de Oliveira não atrapalha. ""O trabalho técnico e físico já foi bem executado."
A categoria de peso de Santos, a brasileira mais experiente com dez lutas, é a dos leves (limite de 60 kg). A exemplo de Ferreira, ela tampouco teve chance de se preparar com o técnico da seleção.
""Escrevi o que ela faz em um papel e vou repassá-lo para o técnico da seleção", explica o treinador de Santos, Francisco Antonio Almeida, conhecido como ""Lenhador".
Além desses problemas, as brasileiras também têm deficiência em experiência internacional.
Neste ano, a Aiba (Associação Internacional de Boxe Amador) organizou três outros importantes torneios femininos internacionais: o Memorial Bocskai, em Debrecen, em janeiro; o Ahmet Comert, em Istambul, na Turquia, em abril, e a Copa Witch, em Pecs, na Hungria, no mês de agosto.
Nenhum deles contou com participação de brasileiras. ""Não conhecemos [as estrangeiras], mas elas também não nos conhecem", diz Santos ao minimizar a importância da ausência nos torneios.



Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto: Entre a arte e o resultado
Próximo Texto: Amazonense troca peixes por treinos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.