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BOXE
Com apoios pessoais e confirmadas na última hora, 3 brasileiras integram 1ª participação do país em torneio feminino
Improvisado, Brasil estréia em Mundial
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A estréia do Brasil em uma competição internacional de boxe feminino, o Mundial da Turquia,
que começa hoje, caracteriza-se
pelo improviso, que prejudicou as
três atletas que representam o
país no torneio -elas têm de
quatro a dez lutas cada uma.
A médio-ligeiro Maria Luciane
Oliveira Ferreira, 24, e a peso-pesado Cristiane Valério Nascimento garantiram vaga na última hora
graças a apoios pessoais.
Nascimento, invicta em quatro
combates, comprou sua passagem na última sexta, horas antes
do embarque; Ferreira assegurou
sua ida no início da semana.
A exemplo da leve Ana Paula
Lúcio Santos, 24, nenhuma delas
teve oportunidade de treinar com
o técnico da seleção feminina, Gabriel de Oliveira, que as orientará
na competição em Antalya.
Completa a delegação Maria
Aparecida de Oliveira, diretora do
departamento feminino da Confederação Brasileira de Boxe.
""As atletas não puderam se preparar, pois nem sabiam se conseguiriam ir ao Mundial", justifica
Luiz Claudio Boselli, presidente
da CBB. ""Contávamos com uma
verba do Ministério do Esporte,
que acabou não sendo liberada.
Assim, não pudemos realizar um
período de concentração."
O Ministério do Esporte e Turismo explica que, apesar de ter cobrado das confederações esportivas nacionais no início do ano
planejamento para o ano todo,
alertou que o dinheiro requisitado pelas entidades dependeria da
disponibilidade de verbas.
A CBB tampouco pôde fazer
uso da verba da Lei Piva, referente
ao dinheiro das loterias federais,
pois o boxe feminino ainda não
integra o programa olímpico.
Originalmente, cinco atletas haviam sido selecionadas, no Brasileiro feminino, em julho, para
participar do Mundial, mas a falta
de dinheiro frustou tais planos.
Assim, garantiram sua ida Ana
Paula Lúcio Santos, que terá a
passagem paga pelo patrocinador
da CBB e hospedagem e alimentação por conta do empresário Arnaldo Pereira, e as outras duas
atletas, que conseguiram passagens graças a apoios pessoais e terão hospedagem e alimentação
pagas pelo patrocinador da CBB.
A principal beneficiada pelo fato de as cinco atletas previamente
selecionadas para ir ao Mundial
não terem conseguido passagens
foi a amazonense Ferreira, cujo
apelido é ""Marreta", tem oito lutas, mesmo número de vitórias e
que não integrava tal grupo.
Ela combate na categoria dos
médios-ligeiros (limite de 71 kg).
""Ter minha ida ao Mundial confirmada há pouco tempo não
atrapalha, já estava me preparando para outras lutas", diz Ferreira.
Para seu técnico, Pedro Nunes
Oliveira, o fato de nunca ter treinado com Gabriel de Oliveira não
atrapalha. ""O trabalho técnico e
físico já foi bem executado."
A categoria de peso de Santos, a
brasileira mais experiente com
dez lutas, é a dos leves (limite de
60 kg). A exemplo de Ferreira, ela
tampouco teve chance de se preparar com o técnico da seleção.
""Escrevi o que ela faz em um papel e vou repassá-lo para o técnico
da seleção", explica o treinador de
Santos, Francisco Antonio Almeida, conhecido como ""Lenhador".
Além desses problemas, as brasileiras também têm deficiência
em experiência internacional.
Neste ano, a Aiba (Associação
Internacional de Boxe Amador)
organizou três outros importantes torneios femininos internacionais: o Memorial Bocskai, em Debrecen, em janeiro; o Ahmet Comert, em Istambul, na Turquia,
em abril, e a Copa Witch, em Pecs,
na Hungria, no mês de agosto.
Nenhum deles contou com participação de brasileiras. ""Não conhecemos [as estrangeiras], mas
elas também não nos conhecem",
diz Santos ao minimizar a importância da ausência nos torneios.
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