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África e Europa se dobram a "elefantes" marfinenses
Yves Herman - 30.set.04/Reuters
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Atletas do Beveren, equipe belga que tem 16 marfinenses, celebram a vaga na fase de grupos da Copa da Uefa, que começa hoje |
Costa do Marfim embala equipe sensação da Copa da Uefa e, em busca da primeira Copa do Mundo, põe seleção na frente de "leões indomáveis"
LUÍS FERRARI
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o Beveren, time belga,
iniciar hoje a sua trajetória na Copa da Uefa, que abre sua fase de
grupos, a Europa estará de vez
rendida ao futebol marfinense.
O velho continente e a África,
acostumada com o reinado dos
leões, vê agora os "elefantes" irem
à caça da elite da bola e da Copa.
A extinção da Costa do Marfim
da história dos Mundiais tem tudo para acabar. A seleção marfinense, cujos jogadores são apelidados de "elefantes", lidera seu
grupo nas eliminatórias da Copa
de 2006 e apavora os temidos
"leões indomáveis" de Camarões.
A potencial surpresa do Mundial da Alemanha tem 12 pontos
no Grupo 3 do qualificatório africano, quatro a mais que os camaroneses, que foram a todas as Copas desde 1990, na Itália. Mais: no
returno do grupo, que tem outros
três países, enfrentam os ex-favoritos camaroneses em casa.
Os primeiros colocados de cada
uma das cinco chaves da atual fase das eliminatórias africanas vão
diretamente à Copa. Nos outros
quatro grupos, os favoritos iniciais seguem dependendo só de si
para se classificar. Isso quer dizer
que o continente que produziu as
sensações das últimas Copas (Camarões em 1990, Nigéria em 1994
e Senegal em 2002) deve destacar
em 2006 a Costa do Marfim.
O sucesso no futebol do país que
é líder mundial na exportação de
cacau não veio à toa. Algumas das
principais estrelas africanas no
badalado futebol europeu na
atualidade são "elefantes".
A Costa do Marfim, que começou a deslanchar no cenário internacional há 12 anos, quando ganhou a Copa da África, ocupa hoje a 45ª posição no ranking da Fifa
-subiu 13 posições na lista em
relação ao mês passado e 25 em
comparação com o final de 2003.
Clubes do velho continente
aproveitam o qualificado "pé-de-obra" marfinense em larga escala,
mas um em especial, o Beveren,
bate recorde de importados de
uma única nacionalidade.
O goleiro Barry Boubacar, 24, o
zagueiro Emmanuel Eboué, 21, o
meia Marco Né, 21, todos da seleção marfinense, e mais seis compatriotas foram titulares do Beveren vice-campeão da Copa da Bélgica deste ano. O resultado classificou o time para a atual Copa da
Uefa. Em casa, o Beveren -14º na
liga belga - pega hoje o Stuttgart,
do brasileiro Bordon.
Segundo o diretor de marketing
do Beveren, Dirk Dobbeleir, a
composição do elenco -16 marfinenses e nove belgas- é a mais
africana da história dos maiores
torneios europeus.
A africanização do elenco foi a
única alternativa que o clube, fundado na cidade homônima em
1920, encontrou para não fechar
as portas devido a uma crise financeira que começou em 2000.
Faltavam recursos para manter
jogadores europeus no elenco. Ao
mesmo tempo, o ex-jogador da
seleção francesa (entre 1974 e
1978) Jean-Marc Guillou, que havia acabado de se tornar dirigente
do Beveren, procurava uma equipe européia para os jogadores formados em sua academia, em
Abidjã -maior centro comercial
do país e sede do principal time
marfinense, o Asec. "A chegada
dos africanos foi a solução natural", disse Dobbeleir, acrescentando que na Bélgica não há limitações para o uso de estrangeiros.
O início foi difícil. Na temporada 2001/2002, o clube terminou o
campeonato em último lugar,
com apenas 14 pontos. Só não
caiu porque os clubes que deveriam ser promovidos (RWDM e
Aalst) não cumpriram as exigências para atuar na elite.
Após a adaptação dos marfinenses, o técnico Herman Helleputte deu melhor padrão de jogo
ao time, que se classificou para a
final da Copa da Bélgica.
Nas arquibancadas do acanhado estádio em Beveren (com capacidade para 13.290 pagantes)
não há lamentações pelo fato de o
time ter mais africanos que belgas. Pelo contrário. "Os torcedores estão felizes com os atletas da
Costa do Marfim. O time está jogando bem", afirmou seu diretor.
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