São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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Controle de tração se despede hoje da F-1

Mecanismo que impede giro em falso das rodas é banido

DA REPORTAGEM LOCAL

Além de definir o Mundial de 2007, o GP Brasil de hoje entrará para a história da F-1 como a última prova do controle de tração na categoria.
Na próxima temporada, o mecanismo que previne a rotação em falso das rodas será novamente banido da categoria.
Em 1994, após dois anos de amplo reinado da Williams, a primeira equipe a dominar o engenho, o controle de tração foi proscrito pela primeira vez, numa época em que a categoria chegou a ser comparada a um grande autorama.
Contudo, depois de uma série de troca de acusações entre as equipes, que escamoteavam seu uso, o controle de tração foi novamente liberado, em 2001.
A expectativa agora é que o uso disfarçado não volte a acontecer, apesar de o sistema de mapeamento eletrônico do motor possibilitar alguma forma de controle.
Robert Sattler, engenheiro brasileiro que trabalha na equipe Spyker, explica o porquê: "A central eletrônica do motor será igual para todos os times".
Sem o controle, os pilotos esperam maior dificuldade, principalmente em piso molhado.
"Haverá mais erros e mais batidas. Os pilotos serão mais desafiados. Certamente será difícil na chuva", aponta o australiano Mark Webber, da Red Bull. Seu companheiro, David Coulthard, um dos poucos da categoria com experiência de dirigir sem o controle, diz esperar mais trocas de posições também nas largadas.
As equipes esperam desempenhos menos homogêneos de seus contratados, o que atribuem ao controle atual.
Sattler exemplifica citando o fato de os dois pilotos de seu time terem normalmente tempos próximos, apesar de o alemão Adrian Sutil ser mais experimentado e ter resultados mais expressivos do que o japonês Sakon Yamamoto.
Os brasileiros da categoria têm experiências distintas de conduzir um F-1 com ou sem o mecanismo. Mas concordam que, após um período de adaptação, pouco deve mudar.
"Já corri com, sem, com novamente... e agora vai ser sem o controle de tração. Acho que os pilotos devem se adaptar rapidamente", aposta Rubens Barrichello, da Honda.
O ferrarista Felipe Massa vai na mesma linha. "Nunca guiei um carro de F-1 sem controle de tração. Em outras categorias, sim. E sempre me acostumei bem. Após um período de adaptação, não será diferente."
Webber chega até a ironizar a novidade. "Como tudo na F-1, vai repercutir por um tempo e, depois, não falarão mais no assunto. Imagino que em janeiro e fevereiro o fim do controle de tração será um tema constante. Depois, vão se acostumar a isso. Então, cairá no esquecimento."
Enquanto isso não é um fato corriqueiro na F-1, os times tentam antecipar a realidade que enfrentarão em 2008.
Na última terça, enquanto os holofotes estavam voltados para os boxes de Interlagos, a Spyker testava o carro sem o mecanismo em Silverstone.
Antes dessa prova na pista inglesa, Nelsinho Piquet, piloto de teste da Renault, também já fizera sua experiência na categoria sem a ajuda. O brasileiro testou o carro sem controle de tração em Jerez de la Frontera (Espanha), em 19 de setembro. (LUÍS FERRARI)

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