São Paulo, domingo, 21 de outubro de 2007

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TOSTÃO

"Vai pra lá que eu vou pra cá'


Vi Robinho fazer essa jogada outras vezes. O que mudou foi ter ocorrido numa grande festa e ter terminado em gol


NO REENCONTRO da seleção com o Maracanã, não vi pela TV ex-jogadores entre os convidados. Os repórteres só mostravam as celebridades da Globo. Parecia que a festa era também da emissora. Ex-atletas gostariam de estar presentes.
Se fosse convidado, não iria. Recusei vários convites parecidos. Como colunista, preciso ter total isenção e nenhum constrangimento para elogiar ou criticar. Não gosto também da maneira como a CBF é dirigida.
Prefiro ainda ficar em casa vendo os jogos pela televisão -perco detalhes e ganho outros-, ao lado de pessoas queridas, dos passarinhos e da minha cachorra Lambreca, que ficou diabética e precisa de meus cuidados. Ela necessita de duas injeções de insulina por dia. Voltei a ser médico.
Contra o Equador, foram duas partidas bem diferentes em uma só. O time jogava mal, e, em menos de 20 minutos, saíram quatro gols e algumas belíssimas jogadas. Felizmente, a decepção se transformou em festa de reconciliação do torcedor com a seleção e seus craques.
Três gols do Brasil saíram de finalizações de Kaká perto da área. E os outros dois, em jogadas de Robinho pelos lados. Com isso, aumentou a minha convicção de que é melhor para a seleção -não necessariamente para os três craques- que Kaká atue mais perto do centroavante, que Robinho jogue mais pelos lados e que Ronaldinho assuma a função de meia-armador, maestro do time, embora goste muito mais dele quando atuava no Barcelona um pouco mais adiantado. Ronaldinho era mais agressivo, mais individualista, mais eficiente, driblava em velocidade e fazia mais jogadas de efeito.
Se a finta é o drible de corpo sem tocar na bola, o lance de Robinho, "vai pra lá que eu vou pra cá", como ele disse, foi uma combinação exata do drible com a finta. Robinho acrescentou ao dicionário do futebol mais um verbete. Foi o lance da travessura. Mas não foi novidade. Vi Robinho fazer isso outras vezes. O que mudou foi o momento especial e ter terminado em gol.

Desci do muro
Se o São Paulo ganhar hoje, ficar 14 pontos à frente do Cruzeiro e 12 à frente do do Santos, poderemos retirar o quase, o praticamente, e dizer que o São Paulo é o campeão? Se perder, vamos dizer que esquentou a disputa pelo título ou nada muda, já que faltarão seis jogos e o São Paulo terá ainda oito pontos de vantagem?
Não vou ficar mais em cima do muro. Mesmo se perder, o São Paulo será o campeão. Se ocorrer uma grandíssima zebra, o leitor vai me perdoar e compreender as limitações de um cronista.
Os poucos pontos conquistados pelo São Paulo nas últimas rodadas foram porque o time relaxou com a enorme vantagem ou isso mostra que a equipe não é muito melhor que as outras?
O Cruzeiro também piorou nos últimos jogos. A equipe empatou e perdeu várias partidas em que parecia que ganharia fácil. O time ia todo para o ataque, corria demais, fazia gols, cansava-se e não suportava a pressão do adversário. Uma ótima equipe precisa saber jogar no ataque e na defesa. O Cruzeiro só aprendeu a primeira lição.

tostao.folha@uol.com.br

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