Em "final antecipada", time do Morumbi passa Cruzeiro em número de rodadas na liderança desde adoção da fórmula

Mesmo com 11 pontos de vantagem sobre o vice-líder, Muricy Ramalho declara que comemorações estarão proibidas em caso de vitória

JULYANA TRAVAGLIA
MÁRVIO DOS ANJOS
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Cruzeiro não poderá ultrapassar na tabela o São Paulo hoje, às 16h, no Morumbi, mas o São Paulo ultrapassará o Cruzeiro na liderança da era dos pontos corridos do Brasileiro.
Tido pelo próprio Muricy Ramalho como ""final antecipada" do atual Nacional -a despeito da diferença de 11 pontos entre as duas equipes, 64 do São Paulo e 53 do Cruzeiro-, o duelo reúne justamente os dois clubes que mais rodadas ficaram na ponta do Brasileiro desde 2003, quando o torneio adotou o atual sistema de disputa.
Ambos chegaram ao final de semana tendo liderado 45 rodadas do Nacional nesse período de todos contra todos, em turno e returno. O São Paulo, pela vantagem adquirida neste ano, atingirá pelo menos 48 rodadas na ponta ao longo dos pontos corridos. Liderou duas rodadas em 2004, 28 em 2006 e 15 neste ano até o momento.
O Cruzeiro ficou na frente em 41 rodadas na edição inaugural dos pontos corridos, em 2003, quando foi campeão, e mais quatro rodadas no ano passado, quando o clube do Morumbi ficou com o troféu.
O Santos só não foi líder neste ano. Entre 2003 e 2006, esteve na frente durante 30 rodadas, confirmando ser também um expert sob o atual regulamento do Nacional. Já o Corinthians, o quarto em número de rodadas na frente, concentrou sua liderança em 2005.
Neste ano, o Botafogo chegou a liderar por 12 rodadas, mas foi superado pelo São Paulo na ""final do primeiro turno" (no Maracanã, 2 a 0) e depois despencou na tabela. O São Paulo disparou e hoje pode aumentar sua liderança e ficar muito perto de seu quinto título nacional.
Para o técnico Muricy Ramalho, que dá continuidade a um trabalho realizado por Cuca, Emerson Leão e Paulo Autuori, regularidade e diminuição dos erros são fundamentais.
"Em um campeonato longo, não adianta jogar um ou dois jogos bonitinho, tem que ser regular. E aqui a gente tem errado menos. Tem clube por aí que em janeiro monta um time, depois, acaba o Estadual, monta outro. Aqui a gente até erra, mas erra menos", analisa o técnico, que proibiu qualquer tipo de comemoração de seu time.
Em caso de vitória, muito provavelmente a numerosa torcida no Morumbi, que havia comprado mais da metade dos 64.841 ingressos já na quinta-feira, deverá entoar com gosto o grito de campeão.
Mas, pelo tom das declarações de Muricy, se algum de seus jogadores entrar nessa onda de celebração precoce, vai levar puxão de orelhas. Na verdade, porém, o técnico nem sequer espera ter que se "estressar" com algo desse tipo.
"Não tem que comemorar, porque não vai ser campeão de nada se vencer. E aqui não é time de escolinha, não precisa o treinador ficar falando dessas coisas, fiscalizando se o cara treina ou se ele está saindo à noite. Eles são profissionais que sabem o que querem, e eu não me empolgo com nada."