São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros SEXO FORTE Chamadas de briguentas por pessoas próximas, boxeadoras brasileiras são favoritas no México MARCEL MERGUIZO ENVIADO ESPECIAL A GUADALAJARA Uma mulher forte, campeã mundial de boxe e que sonha ser dona de casa. Favorita ao ouro em Guadalajara na categoria até 75 kg, Roseli Feitosa, 22, entrou para a história como a primeira brasileira a ser campeã mundial de boxe, em 2010, e pode alcançar outro feito inédito no Pan no México. A partir de hoje, pela primeira vez, as mulheres competem nos Jogos. A modalidade também passa a ser olímpica em Londres-2012. Apesar do sucesso, a paulista planeja continuar no esporte somente até 2016. "Não pretendo ficar muito tempo na carreira, não. Sonho ir para a Olimpíada. Mas, quando vejo os problemas físicos que os atletas têm, me dá medo. As pancadas são consequência, mas, com o tempo, podem causar algo mais sério. É meu medo." "Minha vontade mesmo é ficar em casa, cuidar do meu marido, ter um filho, mas preciso de estabilidade financeira. Se eu tiver isso, eu paro", afirmou a campeã mundial. Hoje, ela recebe salário do projeto olímpico da Petrobras (R$ 3.100) e a bolsa-atleta do governo federal (R$ 1.800). "Adoro ficar em casa. Passo o dia arrumando tudo, passando aspirador. Eu acho legal. Meu marido até fala para eu parar de limpar", disse a pugilista, que foi levada ao boxe justamente pelo marido, o treinador de artes marciais José Antônio da Silva. As cicatrizes no rosto e nas mãos, porém, não são resultado das lutas, mas das brigas com os dois irmãos, na adolescência. Certa vez, ela jogou um copo na irmã mais velha e cortou o próprio dedo. Por isso o marido, então namorado, indicou o boxe para ela "extrapolar a raiva". Do boxe, Roseli leva só uma cicatriz na boca e um calo no nariz, deslocado no início da carreira, há cinco anos. Ex-estudante de educação física, a campeã mundial amadora deixou a universidade para se dedicar ao boxe. Diz, no entanto, que sempre foi muito sossegada. "Até para lutar sou tranquila. Não consigo ter raiva do adversário", contou ela. A boxeadora exibe o nome Jesus tatuado no braço esquerdo e também um coração com as iniciais dela e do marido nas costas. Ela também dá aulas de MMA (lutas marciais mistas), famoso por se-us lutadores no UFC. Mas Roseli descarta mudar de esporte para conseguir a desejada independência financeira de que fala. "Já tem MMA feminino na Bahia. Mas boxe, para mim, já está muito bom", afirmou, já em tom de despedida. A outra brasileira na estreia do boxe no Pan é a baiana Adriana Araújo, 29, que também começou a lutar por indicação de uma amiga, porque era "briguenta". Campeã brasileira, do Pan de boxe e dos Jogos Sul-Americanos em 2010, Adriana também é favorita a uma medalha em Guadalajara. "Como é a primeira vez do boxe no Pan, as meninas vão vir arrebentando. Tem americanas, canadenses. E vai ter o favoritismo do México, eu acho, por causa da torcida e da arbitragem", disse Roseli. No boxe olímpico e pan-americano, a pontuação é marcada a cada toque do pugilista visto pelos árbitros. Texto Anterior: Xico Sá: ZL, centro do universo Próximo Texto: Masculino tem dois campeões mundiais Índice | Comunicar Erros

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