São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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XICO SÁ

ZL, centro do universo


Mesmo com toda grana, com toda lama, não há como negar o orgulho da gente dessa área

Amigo torcedor, amigo secador, eu vi o mundo e ele começava em Itaquera, pode dizer hoje o orgulhoso morador da zona leste paulistana. A resistente e histórica ZL como centro do planeta, umbigo do universo, sede da festa inaugural da Copa.
Mesmo com toda grana, com toda lama, com toda trama, não há como negar o sorriso de orgulho da gente dessa área. Estava ontem por lá, depois do anúncio oficial da Fifa, testemunhei o foguetório e a falação da massa, em todos os sotaques e línguas, qual um novo Pentecostes. Pelo menos uns 30 primos, entre velhos e novos baianos nascidos em São Paulo, improvisaram logo um churrasco. Ô gente que celebra e só acredita nos deuses que dançam no terreiro. Primos cheios de planos, negócios nos arredores do Itaquerão para faturar com o Mundial e depois com a rotina corintiana.
Eu vi o mundo... Ele começava na ZL. Pode parafrasear à vontade o Cícero Dias, o grande artista pernambucano que disse o mesmo, em um quadro alusivo ao Recife. Eu vi o mundo e ele começava nessa parte da cidade historicamente desprezada pelos prefeitos. A maioria deles só pôs os pés na avenida Sapopemba às vésperas das eleições.
Muito bem, da Mooca para a frente só vi a festa antecipada, mas a Fifa e a CBF pisaram feio na bola ao não reservar o Maraca para jogos preliminares do Brasil. Só em caso de final a equipe voltaria ao palco da tragédia de 1950. Um risco e tanto do mundo não testemunhar o que significa um jogo da canarinha na cidade que representa a ideia de Brasil lá fora.
Outra mancada, além das tantas que se cometem em Brasília, terra do rock e da corrupção de garagem, é essa ideia medonha de tirar o nome de Mané Garrincha do estádio do DF. Querem mudar para Estádio Nacional. Estupidez é pouco. Só rindo, Mané, dessa palhaçada.

DONA CHIQUITA
Uma coluna cuja matéria é sempre a emoção e quase nunca a razão -afasta de mim esse dote, pai!- não poderia esquecer do retrato comovente da dona Chiquita, 91, que foi anteontem à Cidade do Galo, em Belo Horizonte, clamar aos jogadores do Atlético por uma vitória domingo contra o Flu. No dia do jogo, ela faz 92 anos. Longe da bestialidade dos torcedores vândalos, a mineirinha rogou aos boleiros: "Segunda divisão de novo não, pelo amor de Deus!". O bonito apelo de dona Chiquita há de ser atendido. Não apenas na próxima rodada, mas até o final do campeonato. Segura, Galo!

xico.folha@uol.com.br
@xicosa




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