São Paulo, sexta-feira, 21 de outubro de 2011

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MOTOR

FÁBIO SEIXAS - fabioseixas.folha@uol.com.br @fabio_seixas

Por circuitos mais seguros, em nome de Sebastian

SENTADO, camiseta branca, bermudinha azul, Sebastian olha para o lado, como que tentando entender o que está acontecendo. Uma brisa levanta seus cabelos. Papai beija uma faixa de tijolos. O garoto de 2 anos sorri.
No momento mais célebre de sua carreira, a comemoração de uma vitória conquistada na última curva de Indianápolis, Dan Wheldon escolheu festejar em família.
Abraçou e beijou a mulher, Susie, o caçula, Oliver, e carregou Sebastian para a histórica linha de chegada.
Aconteceu em maio. A foto abaixo ganhou fama, rodou o mundo, ficou na lembrança dos fãs como uma das celebrações mais singelas (e belas) no circuito centenário. Pois voltou a rodar o mundo desde domingo. Mas com ares de tristeza.
Papai agora é estatística.
Em 20 anos, intervalo razoável para verificar um padrão, Wheldon foi o sexto piloto a morrer na Indy -levando em conta só a principal categoria do momento.
Somando IRL e Cart, que rivalizaram por algum tempo, ele é oitavo. Mais as pernas amputadas do Zanardi. A comparação é inevitável: no mesmo período, dois pilotos morreram na F-1.
Por que a Indy mata tanto? Há duas explicações.
A primeira, tão antiga quanto a categoria: porque corre em ovais. Das seis (ou oito) mortes desde 91, duas foram em circuitos mistos. Isso não vai mudar, é intrínseco. É cruel, mas real: quem corre lá sabe que é assim.
A segunda é menos compreensível. Alguns dos ovais no calendário elevam o risco a patamares imbecis. São antigos, estreitos, quase amadores, irresponsáveis.
É o caso de Milwaukee, tosco que só. E de Las Vegas, onde Wheldon morreu.
Isso dá para corrigir. Se é para aprender com tragédias, que a Indy tire do calendário pistas tão inseguras. Já. Para o ano que vem.
Há outros Sebastians, Olivers e Susies pelo paddock que agradeceriam.



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