São Paulo, sábado, 21 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MOTOR

Histórias da F-1

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Crise é crise. E, durante crises, criatividade é a alma do negócio. Como mostra uma tentativa maluca de triangulação que está em curso para manter Felipe Massa como piloto titular na F-1 na próxima temporada.
A vaga seria aquela que ainda sobra na Jordan, e o dinheiro, ao final (ou no começo) de uma verdadeira cadeia "produtiva", é da Petrobras. A novela é relativamente simples, acompanhe.
A Jordan tinha um contrato com a estatal brasileira de patrocínio técnico de lubrificantes. Por ele, o fornecimento de óleo era trocado pela divulgação da marca Lubrax nos espelhinhos dos carros amarelos da equipe.
Ocorre que Eddie Jordan entrou em desespero ao saber que perderia seu principal contrato, com o Deutsch Post. Sem recursos no atacado, saiu retalhando os carros para fazer caixa, aliás, uma especialidade sua -basta lembrar os primeiros modelos de Barrichello na categoria, que quase pareciam colagens infantis. Sim, Eddie subiu na vida.
Nesse ritmo, acabou fechando as portas para uma eventual renovação com a Petrobras ao assinar com outra empresa de lubrificantes, européia. Ou seja, graças às cláusulas de exclusividade, a estatal estava fora da Jordan, o que não era necessariamente um problema, já que o grosso do investimento está na Williams.
É nesse momento que Massa entra na história, e o problema surge de fato. Dispensado de forma polêmica pela Sauber, o piloto brasileiro saiu à caça de uma nova vaga. A melhor ou a única que sobrou foi a da Jordan. Só que faltava um patrocinador, e a Petrobras, claro, virou a primeira saída, apesar do impedimento.
Algum gênio se lembrou de verificar na futura lista de parceiros do time irlandês outra empresa que tivesse interesse de ver um brasileiro no time. Achou a Ford, que fornecerá motores para a Jordan graças à saída da Honda.
(Novela dentro da novela, a fábrica japonesa resolveu empurrar apenas a BAR a partir de 2003. E, para não pagar rescisão milionária à Jordan, acertou o fornecimento de motores da concorrente norte-americana em troca de um acerto referente a outra negociação entre as duas montadoras.)
Faltava, então, criar a ponte entre a Ford e a Petrobras, que o tal gênio resolveu da seguinte forma: a montadora recomendar em publicidade ou nos manuais de proprietário o consumo do Lubrax, algum comum no mercado.
Enfim, uma intrincada triangulação, que faz Massa depender de pelo menos quatro contratos para correr: Ford daqui-Petrobras, Ford daqui-Ford de lá, Ford de lá-Jordan e, claro, Jordan-Massa. E, se os boatos estiverem corretos, ainda tem um quinto, que não deve ser impasse, Jordan-Ferrari.
Massa está topando qualquer parada. E a F-1 também.
 
Villeneuve descascou Schumacher na "Autosport". E foi além das críticas sobre a temporada deste ano. Contou que o alemão, após a confusão de Jerez, apareceu na festa dos pilotos e pôs uma peruca amarela para brincar com o canadense de cabelo pintado.
Depois, teria se aproximado do rival apenas para que sua mulher registrasse uma foto. E a foto, depois, apareceu nos jornais, com o alemão dizendo que tudo estava bem, que eram amigos. "Isso me deixou muito zangado."
Schumacher não foi ouvido.

Regra inflacionária
Começou. A BMW já alerta que o novo sistema de classificação pode provocar uma nova escalada de custos na F-1. Como só terão uma volta lançada para classificar seus pilotos, as fábricas poderiam montar unidades especiais, que durariam poucos quilômetros, mas muito mais potentes. A montadora bávara adianta que não fará isso, mas que a concorrência pode fazer.

2003
Já estava confirmado o cancelamento da etapa brasileira da F-3000, que era bancada pela Petrobras. A substituta será, também como esperado, a F-Renault, que divulgou calendário nesta semana e fará sua etapa de abertura em Interlagos como preliminar da F-1. A programação, digamos, "internacional" do automobilismo brasileiro se completa com as duas etapas da Super Nissan. O calendário provisório foi publicado ontem, e as corridas, em Curitiba e São Paulo, estão previstas para novembro.

E-mail mariante@uol.com.br


Texto Anterior: Clubes estão perto de acordo com a emissora
Próximo Texto: Futebol - José Geraldo Couto: A sombra de Pelé
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.