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São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2003

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JUDÔ

Pela primeira vez, definição de vagas olímpicas, que começa hoje em São Paulo, é feita em três etapas em datas distintas

Nova seletiva minimiza efeito do mau dia

FERNANDO ITOKAZU
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Judoca brasileiro não gosta muito de fazer previsões antes de campeonatos internacionais, e quase sempre a resposta é a mesma: "Vai depender muito de como eu estiver no dia...".
A seletiva final que define os atletas que representarão o Brasil nos Jogos de Atenas-2004 deve minimizar essa questão "do dia".
O processo, que começa hoje a partir das 10h, no ginásio do Morumbi, é formado por três etapas.
Em cada uma delas, os dois finalistas de cada categoria disputam uma série melhor de três lutas.
Assim, mesmo que um judoca não esteja no seu dia e seja derrotado hoje, ele tem a chance de se recuperar, vencer as duas etapas restantes e ficar com o posto de titular para a Olimpíada na Grécia.
Será a primeira vez que as vagas para a seleção brasileira serão decididas dessa forma. Para os Jogos de Sydney-2000, os atletas foram escolhidos em uma disputa melhor de cinco em um único dia.
A maioria dos envolvidos na seletiva demonstrou satisfação com a nova forma de seleção.
"É um jeito honesto e mais justo. Do outro jeito, quatro anos de sua vida poderiam ir para o lixo em um único dia", afirmou o médio Edelmar Zanol, que venceu as seletivas para as Olimpíadas de Atlanta-96 e Sydney-2000.
O pesado Daniel Hernandes, que também esteve nos Jogos na Austrália, concorda. "Assim vai sair o melhor de cada categoria."
O rival de Hernandes, Fabiano Zamboneti, que tenta ir à competição pela primeira vez, diz que o formato atual, além de ser o mais justo, vai obrigar os atletas a manterem o alto nível de treinamento por mais tempo.
O técnico da seleção feminina, Floriano Almeida, cita ainda um estudo sobre os playoffs do esporte americano: "Ficou provado que quando a série vai até a sétima partida a chance de o melhor time ser eliminado é inferior a 10%".
Vânia Ishii, que também representou o Brasil em Sydney, apóia o novo formato, mas faz uma ressalva. "Lutar nove vezes com a mesma adversária é algo muito desgastante. Acredito que nos primeiros confrontos haja muito estudo entre os judocas."
Melhor brasileiro da história e atual coordenador do São Paulo, Aurélio Miguel também é favorável à nova seletiva. "Fico feliz em ver a adoção do modelo. Em 1992, um grupo de atletas liderados por mim propôs à CBJ que definisse a seleção em três etapas, em dias distintos. É gratificante ver o modelo sendo implantado mais de dez anos depois."
Mas, além de citar a repetição de confrontos como um possível problema ("pode travar os combates"), o campeão em Seul-88 e bronze em Atlanta-96 lembrou também que, na Olimpíada, a medalha é decidida num só dia.
O técnico Floriano Almeida rebateu a observação do ex-judoca.
"De fato, a Olimpíada é decidida num só dia. Até por isso, precisamos ter a certeza de que a seleção é integrada pelos melhores judocas de cada categoria", disse.
Os dois medalhistas olímpicos que lutam hoje, Tiago Camilo e Carlos Honorato (ambos prata em Sydney-2000), demonstraram indiferença quanto ao novo formato adotado para a seletiva.
"Não sei o que é melhor. A gente tem que dançar conforme as regras estabelecidas", disse Camilo.
"É difícil falar que um sistema é melhor do que o outro. Se a pessoa fez o treinamento adequado, ela provavelmente vai sair como vencedora", afirmou Honorato.


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