São Paulo, domingo, 21 de dezembro de 2008

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Folclore corintiano aguarda Ronaldo

Acostumado a blindagem na Europa, atacante terá de lidar com palpites de torcedores e dirigentes no Parque São Jorge

"Tour" pela tradicional bica do clube e até cuidados com a escolha do local de parar o carro na Fazendinha farão parte da agenda do jogador

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Até agora, Ronaldo só conheceu o lado bom do Corinthians. Quando foi apresentado, na sexta-feira retrasada, no Parque São Jorge, o atacante disse que sua recepção foi semelhante à de um "clube europeu".
De fato, ele foi recebido como um astro digno de sua envergadura, mas a realidade que encontrará em seus dias de Corinthians não lembra nem um pouco a blindagem feita pelas equipes nas quais atuou, como Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan. Nesses clubes, o contato diário com o torcedor é quase impossível.
No Parque São Jorge, certamente, Ronaldo jamais terá ficado tão exposto em sua carreira desde que se tornou uma celebridade do esporte.
Uma situação delicada para quem terá a missão de conduzir o Corinthians às glórias na próxima temporada. As alamedas do clube podem se transformar, como já ocorreu, em "corredor polonês" para os atletas.
É impossível um jogador deixar o clube sem ter contato com um torcedor ou associado. Por isso, o atacante já foi até aconselhado a estacionar seu carro bem próximo ao vestiário, principalmente se o time não estiver indo bem em campo.
Estrelas corintianas de outros tempos, como Edílson e Marcelinho, já tiveram seus veículos cercados e até esmurrados por torcedores furiosos.
No gramado da Fazendinha, Ronaldo também estará perto e vulnerável ao humor dos torcedores, que geralmente têm passe livre para acompanhar os treinamentos do time das arquibancadas do estádio.
Como o presidente do clube, Andres Sanchez, e a Gaviões da Fiel têm estreito relacionamento, é certo que a regalia aos aficcionados continuará no ano que vem, mesmo com Ronaldo.
E a torcida já avisou que quer uma conversa particular com o jogador. "Já falamos para a diretoria que queremos uma reunião com ele para apoiá-lo", diz Douglas Deúngaro, o Metaleiro, ex-presidente da Gaviões.
Outra ala da organizada, hoje rival da de Metaleiro e que está no poder, diz que já conversou com o atacante e desejou-lhe boa sorte. Até com o racha da maior torcida do clube Ronaldo terá de conviver.
A política interna corintiana também fará parte do cotidiano do astro. Ronaldo ouvirá palpites, pedidos e convites de aliados de Andres Sanchez que não fazem parte da diretoria. No dia da apresentação dele, muitos reclamavam de não terem conseguido se aproximar do ídolo.
"Aqui ele vai encontrar um calor humano que jamais viu na vida dele", acredita o conselheiro André Luiz de Oliveira, conhecido como "primeiro-ministro" por sua influência na atual administração.
O vice de finanças Raul Corrêa da Silva espera poder levar Ronaldo a um dos símbolos na sede social do Corinthians.
"Pelo espírito do clube, acho que tenho que levá-lo direto para tomar água na bica para que ele vire corintiano. Essa é a tradição", disse o cartola.
No "tour" para a bica, Ronaldo pode ainda acompanhar as calorosas discussões de conselheiros no "Senadinho" e, claro, dar uma olhada nas galinhas d'angola dos tempos em que Vanderlei Luxemburgo era técnico do time e fazia "trabalhos" para "ajudar" o Corinthians.


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