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Agnelo abre e não dá conta do pregão da Bolsa-Atleta
Lançado nesta semana sem esclarecimento, programa
do governo para auxiliar competidores sem patrocínio
causa frustração e correria ao Ministério do Esporte
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A demanda surpreendeu. Desde que o governo regulamentou o
Bolsa-Atleta, na última segunda-feira, o Ministério do Esporte viu
mais de 2.000 pessoas procurarem informações sobre o benefício. Ávidos por uma ajuda, cerca
de 1.000 atletas de todos os tipos
chegaram a bater à porta da pasta
nesta semana. O esforço da maioria, porém, pode ter sido em vão.
Pouco informados sobre as regras para obter a verba, muitos
dos que preencheram formulários não contemplam os requisitos necessários. Desde terça-feira,
mais de 1.000 inscrições foram feitas -por internet ou Correios-,
o site do ministério teve mais de
7.000 acessos e 300 e-mails chegaram à ouvidoria da pasta.
"Eu vi na TV uma entrevista do
ministro Agnelo e decidi pedir a
ajuda", afirmou o maratonista
Arnaldo Sales de Sá, que esteve no
ministério na quarta-feira. Pleiteia a bolsa categoria nacional
-concede R$ 750,00 por mês durante um ano ao agraciado.
Maratonista de 41 anos, ele não
ocupa as três primeiras posições
do ranking brasileiro nem conquistou no mínimo o bronze no
evento máximo da modalidade
(no seu caso, a Maratona de São
Paulo, que faz as vezes de Campeonato Brasileiro em 2004), requisitos para pleitear a bolsa.
Até falar com a reportagem, Sá
acreditava que precisava estar entre os 24 melhores do país -o critério é utilizado para estudantes
em modalidades coletivas.
"Tinha muita gente no ministério com resultados piores que o
meu. Me disseram [um funcionário da pasta, cujo nome ele não
sabe] para tentar mesmo assim.
Se os primeiros do ranking não
pedirem a bolsa, recebem os que
vêem logo atrás", conta.
A informação não é correta. Segundo o Ministério do Esporte, se
os melhores na categoria principal não pedirem o auxílio, ele deve ser estendido à divisão seguinte -juvenil, sub-23 etc.
"A intenção é claramente ajudar a base e aqueles atletas consagrados que sempre reclamaram
ajuda", explica André Arantes,
secretário de Alto Rendimento.
"Não surpreende que essas pessoas estejam procurando a bolsa.
Ainda é novidade. A informação
precisa ser repetida para que as
pessoas assimilem. O bom é que
estão buscando esclarecimento."
As tentativas de clarear os critérios de concessão do Bolsa-Atleta
já chegam aos telefones das confederações olímpicas.
Martinho Nobre dos Santos, secretário-geral da entidade que comanda o atletismo, conta que a
CBAt já recebeu inúmeras consultas. Uma das principais questões é a definição de qual é a
"competição máxima da modalidade" -da qual os três primeiros
colocados podem receber a verba.
O judoca Sandro Vieira, 23,
também foi ao ministério nesta
semana. Acredita que pode receber a bolsa porque ficou em terceiro lugar no Brasileiro da Liga
Nacional de judô. A entidade, no
entanto, não é a que oficialmente
rege o esporte no país.
"Estou esperançoso. Eu não tenho nenhum patrocínio. Já enviei
a documentação", conta.
Segundo o secretário, o ministério irá lançar uma cartilha explicativa sobre o projeto entre 15 e
20 dias. A avaliação da pasta é de
que é necessária uma campanha
para aumentar o alcance das informações, que hoje podem ser
obtidas no site do ministério, pelo
telefone ou em visitas à pasta.
O Bolsa-Atleta deve consumir
R$ 5 milhões do orçamento do
ministério em 2005, ainda não
aprovado. No ano passado, a previsão é de que seria despendido o
dobro com os benefícios.
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