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FUTEBOL
Ficha do Incor foi emendada, diz a defesa do médico do São Caetano, que responsabiliza cardiologista pela morte
Perícia contesta prova do caso Serginho
KLEBER TOMAZ
LUÍS FERRARI
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma perícia particular juntada
ao processo do caso Serginho pelos advogados de Paulo Forte,
médico do São Caetano indiciado
pela morte do jogador, questiona
"a autenticidade e fidelidade" do
prontuário do zagueiro, assinado
por Edimar Bocchi, cardiologista
do Incor (Instituto do Coração).
No texto entregue à Justiça com
a perícia, advogados de Forte
apontam que na ficha médica há
"expressões inusitadas para um
relato médico; afirmações postas
lateralmente ou em rodapés, nitidamente acrescentadas posteriormente, com um claro objetivo incriminador e auto-defensivo".
O prontuário, uma das provas
do processo, diz que Serginho tinha arritmia e que, assim como o
médico do clube, sabia do risco de
morte a que o esporte o sujeitava.
Foi a primeira manifestação da
defesa de Forte no inquérito. O
presidente suspenso do São Caetano, Nairo Ferreira de Souza, o
outro indiciado pelo homicídio
do atleta, até agora só informou os
nomes de seus advogados.
"Além de questionar a autenticidade do prontuário do Incor
por meio da perícia, pedimos o
reconhecimento da responsabilidade penal de Edimar Bocchi, especialista que identificou os problemas cardíacos e o risco a que
estava sujeito Serginho, mas que
não tomou providência para evitar sua morte", afirmou à Folha o
criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, um dos encarregados da defesa de Forte.
Para ele, a responsabilidade pela
morte do jogador não é exclusiva
do ortopedista do time do ABC.
"A partir do momento em que
um especialista em cardiologia
identificou o problema, ele deveria ter tomado providências. Mas
não notificou a família do jogador
nem o Conselho Regional de Medicina. Mais que isso: não tomou
nenhuma medida clínica. Nem
sequer uma aspirina ele receitou."
Rogério Leão Zagallo, promotor
encarregado das acusações de
Nairo e Forte, disse que a perícia
juntada pela defesa não altera sua
convicção dos fatos. Ele reafirmou que o cardiologista do Incor
é a principal testemunha de acusação. Disse ainda que a tentativa
de desqualificar o prontuário não
afeta sua estratégia, "uma vez que
o teor do documento de Bocchi
foi confirmado por outras provas,
testemunhais e periciais".
Segundo o promotor, a perícia
juntada pela defesa não macula a
imagem do cardiologista. "Não há
prova de falsidade dele, apenas a
constatação do uso de caligrafias
diferentes em alguns trechos",
justificou Zagallo, para quem o
importante é a veracidade das informações e não quando elas foram introduzidas no prontuário.
Entretanto, ele concordou com
um dos pleitos de Mariz: pedir
uma perícia oficial ao Instituto de
Criminalística, para confirmar ou
não o laudo juntado pela defesa.
Agora acusado por Forte, Bocchi já esteve ao lado do ortopedista, hoje suspenso de atuar no futebol por quatro anos pelo STJD.
Em 30 de novembro do ano passado, os dois assinaram uma nota
conjunta, na qual afirmavam que
a morte ocorrera por "fatalidade".
Oito dias mais tarde, o cardiologista disse à Folha que havia se arrependido do comunicado conjunto, cujo texto considerava "ingênuo" -afirmação que repetiu
em depoimento à polícia.
Serginho morreu aos 30 anos,
no gramado do Morumbi, no dia
27 de outubro do ano passado,
após uma parada cardíaca, quando defendia o São Caetano contra
o São Paulo, pelo Brasileiro.
O atestado de óbito apontou hipertrofia miocárdica e edema pulmonar como causas da morte.
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