São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

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BASQUETE

Maiores pontuadores do 1º Nacional após saída de cena do cestinha atuam em times com pouca ambição no torneio

Sem Oscar, cesta é arma de coadjuvante

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro Nacional disputado após a despedida de Oscar das quadras, os cestinhas viraram arma de equipes modestas.
Sem o concorrente em cena, a disputa é liderada por Kenya Lamont, 31, do estreante Brasília, com média de 22,3 pontos por duelo. O americano é perseguido por seu compatriota Charles Byrd (22,1 por jogo), do Blumenau, 12º colocado entre 16 equipes.
O primeiro brasileiro da relação é Jefferson (21,8 por confronto), ala do Paulistano, outro clube sem tradição -disputa o primeiro Nacional de sua história.
Protagonistas embaixo da tabela, os três estão cientes de seus papéis de coadjuvantes na classificação geral. "Ajudo o time da melhor maneira possível. Mas o ideal seria que mais jogadores pontuassem", lamenta Byrd, que já comemorou a conquista do Nacional, pelo Vasco, em 2000 e 2001.
Jefferson, 20, que divide o estrelato de sua equipe com o armador Marcelinho, expõe o objetivo do único time da capital paulista no campeonato: chegar aos mata-matas. O Paulistano está na zona de classificação, em sétimo lugar.
"Buscamos isso desde que a equipe foi montada", diz ele, que aposta no empenho do grupo para atingir a meta. "Vamos treinar no Carnaval. Nosso time tem menos opções do que o Uberlândia, por exemplo. Por isso temos que dar algo mais, que é treinar mais."
A simples participação já parecer ser um feito para alguns. Esse é o caso do Brasília, que chegou ao Nacional após passar pelo difícil classificatório da Supercopa Brasil -para obter a vaga, teve que eliminar Paulistano e Hebraica.
"Em Brasília temos que vencer todas as partidas. Nunca joguei para tanta gente", festeja Kenya, ídolo local, que costuma ter seu nome gritado pela torcida durante os 40 minutos de disputa.
Byrd espera conduzir o Blumenau um patamar acima. Mas, para isso, reconhece que o clube de Santa Catarina precisa melhorar muito em alguns setores.
"Falta experiência à equipe. É necessário ajustar a marcação, acertar o posicionamento... Precisávamos de um pouco mais de tempo junto", enumera o ala-armador, apontando o dedo para a defesa de sua equipe, a pior do Nacional (média de 95,5 pontos sofridos por confronto).
"Outros clubes disputam o Paulista ou o Estadual do Rio e têm mais conjunto. Nosso grupo foi montado para a disputa do Nacional", conforma-se Byrd.
Principais armas de suas equipes, os três cestinhas acreditam ser impossível alguém chegar próximo dos recordes de Oscar.
A diferença do ala para seus perseguidores é, de fato, retumbante.
Desde que participou de seu primeiro Nacional, em 1996, quando retornou da Europa, até o último, no ano passado, Oscar dominou a pontaria da competição.
Nas oito vezes que disputou o campeonato, conseguiu média acumulada de 35,3 pontos por partida. Esse número é 58% maior do que o obtido por Lamont, o cestinha deste ano.
O ala, que atuou sucessivamente por Corinthians, Barueri e Flamengo até encerrar a carreira, nunca ficou com uma média inferior a 30 pontos por jogo em uma edição de Nacional. Nenhum líder do fundamento em outro campeonato atingiu essa marca.
Se os cestinhas atuais defendem clubes que não têm ambição de levantar o troféu, as equipes de Oscar sempre foram longe.
O atleta foi campeão nacional pelo Corinthians em 1996. Quatro anos depois levou o Flamengo à decisão. Nas outras edições, ao menos chegou às quartas-de-final. "Não dá para comparar com o Oscar. Vai ser difícil um atleta chegar à média de 30 pontos por partida porque o jogo também mudou muito", analisa Jefferson.


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